Nos Braços do CEO
Meu nome é Isabela Mendes, mas todos costumam me chamar de Isa. Tenho 24 anos e nasci no interior. Sempre fui essa mistura de força e tropeços, uma garota que queria voar alto, mas de vez em quando esquecia de abrir os olhos para não se enroscar nos próprios pés. Cresci rápido, cedo demais talvez, porque a vida não deu tempo para brincadeiras longas. Meu pai se foi quando eu ainda tinha quinze anos, engolido por uma doença cruel que ninguém conseguia entender direito. Ele era nosso porto seguro, meu herói silencioso, e quando se foi, senti que o chão desapareceu debaixo dos meus pés. Minha mãe tentou ser forte, mas vi lágrimas que ela tentava esconder e percebi que, a partir daquele dia, seria eu a ter que carregar parte do peso do mundo.
Eu sempre fui uma menina doce, meiga, alguém que sorria fácil e se emocionava com pequenas coisas. Mas depois da morte do meu pai, aprendi a esconder meu coração entre os cacos, como se isso fosse suficiente para protegê-lo. Ainda assim, mesmo com o medo e a tristeza que me acompanhavam, eu não podia me permitir desistir. Minha mãe dependia de mim, minha irmã menor olhava para mim como se eu fosse capaz de resolver tudo, e eu precisava ser forte, mesmo quando tudo dentro de mim tremia.
Lembro-me de como passei a me dividir entre escola, trabalho e casa. As manhãs eram frias e silenciosas, e eu ainda sentia o cheiro do café que meu pai preparava antes de sair para o trabalho. Era um cheiro que agora parecia ecoar na minha memória, lembrando-me de tudo que havia perdido. No ônibus, voltando da escola, observava o movimento da cidade e pensava que um dia eu também poderia ser dona da minha própria história, que nada e ninguém poderia me parar, mesmo que meu corpo e minha mente pedissem pausa.
Trabalhar não era fácil. Me sentia atrapalhada às vezes, tropeçava nas palavras, derrubava coisas, esquecia tarefas simples. Mas nunca deixei que isso me definisse. Cada pequeno erro era um desafio a mais, um lembrete de que eu precisava tentar de novo, levantar e seguir. Meu esforço se tornou minha marca, minha maneira de mostrar que, por mais que a vida me empurrasse para baixo, eu ainda podia subir. E era isso que eu fazia, dia após dia.
Minha mãe sempre me lembrava de que a família era tudo, e que não importa onde a vida nos levasse, deveríamos sempre lutar juntas. Mas houve um momento em que precisei tomar uma decisão que me dilacerou por dentro. Uma oportunidade surgiu para mim, algo que poderia mudar nossas vidas, mas exigia que eu deixasse minha mãe para trás, que me mudasse para outra cidade, outra vida. Foi como arrancar um pedaço do meu coração, porque eu sabia que ela precisava de mim, mas também sabia que não podia deixar a oportunidade escapar. Tive medo. Medo de perder minha mãe, de falhar, de me arrepender. Mas a vontade de vencer, de construir algo maior para nós, falou mais alto.
No dia em que contei a ela sobre a mudança, vi em seus olhos uma mistura de orgulho e dor. Ela tentou sorrir, tentou me tranquilizar, mas senti que cada palavra carregava um peso enorme.
Mãe: Isa, eu sei que você precisa disso, mas vou sentir tanto a sua falta.”
Eu também sorri, tentei mostrar segurança, mas mal conseguia controlar o nó na garganta.
Isa: Eu também vou sentir, mãe, mas é para o nosso bem. Eu prometo que vou dar o meu melhor.
Éramos duas mulheres frágeis e fortes ao mesmo tempo, tentando encontrar coragem onde parecia não existir. E naquele instante, percebi que a vida me forçava a crescer de uma vez só, sem manual de instruções, sem pausa.
Ainda assim, nunca perdi minha doçura. Aprendi a equilibrar força e ternura, a ser firme sem deixar de ser meiga, a lutar sem deixar de sentir. Minha personalidade era feita de extremos: às vezes desajeitada, outras vezes determinada; às vezes cheia de medo, outras vezes corajosa até o limite. Cada lágrima que derramei me lembrava de quem eu era, de onde vinha, e me impulsionava a não desistir.
Quando me mudei, a saudade apertou de uma forma que parecia esmagar meu peito. Cada ligação com minha mãe era curta demais, cada mensagem parecia insuficiente. Mas aprendi a transformar essa saudade em combustível, a deixar que ela me impulsionasse para frente, em vez de me paralisar. Trabalhei, estudei, busquei cada oportunidade com unhas e dentes, porque sabia que não podia falhar. Minha família era meu porto, meu norte, e nada poderia me fazer recuar.
Foram dias de correria intensa, madrugadas estudando, risos raros e tropeços frequentes. E finalmente, depois de meses de preparação, chegou o grande dia: minha primeira entrevista para um emprego que poderia mudar tudo. Me senti animada, mas também um pouco apavorada, como se meu coração fosse pular pela boca a qualquer momento. Eu estava pronta, mas minha pontualidade nunca foi meu forte, e hoje, claro, a vida tinha que brincar comigo.
Ao perceber que o relógio estava correndo mais rápido do que eu, entrei em modo turbo. Escorreguei na calçada, quase derrubei minha pasta, e acabei esbarrando em uma senhora com seu cachorro, pedindo desculpas como se minha vida dependesse da compreensão dela. Corri pelas ruas, desviando de pedestres e vendedores ambulantes, tentando manter o equilíbrio entre pressa e dignidade. E foi exatamente nesse momento, com o cabelo bagunçado e a respiração em desalinho, que dei de cara com ele.
Ele estava parado ali, encostado na parede de vidro do prédio, com aquela expressão calma, quase entediada, que imediatamente me fez engolir a saliva. Alto, olhos intensos, um sorriso sutil, quase provocador. Meu coração disparou, e percebi que minhas pernas, de repente, estavam mais pesadas do que a bolsa que eu carregava. Por alguns segundos, fiquei congelada, tropeçando no próprio pé, tentando recuperar a compostura que minha mãe sempre dizia que eu tinha.
Isa: Oi, oi! Bom dia!
Consegui balbuciar, acenando com a mão de forma desajeitada.
Ele levantou a sobrancelha, com um sorriso quase imperceptível, e eu senti uma onda de calor subir pelo meu rosto.
Enzo: Você está bem?
Isa: Sim, claro, estou ótima. Só atrasada.
Tentei soar confiante, mas a voz traiu meu nervosismo.
Aquele momento, mesmo rápido, me fez perceber que a vida tinha um senso de humor irônico. Eu estava ali, pronta para mostrar meu esforço, minha garra, toda a minha dedicação, e ainda assim parecia uma adolescente perdida, tentando se recompor diante de alguém que nem sabia que eu era a futura candidata a mudar minha vida. Frio na barriga, tensão e um toque de comédia misturados em um instante que parecia durar uma eternidade.
E assim, entre correria, sustos e uma pitada de comédia, passei pela porta do prédio, tentando aparentar segurança, enquanto meu coração insistia em pular, e aquele olhar intenso de Enzo, sem que eu soubesse, já marcava o início de algo que eu jamais esqueceria.
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Atualizado até capítulo 80
Comments
Leitora compulsiva
é assim que td começa 🤭🫣🤣
2025-08-22
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