interresse perigoso

Bruna

O dia tava quente, mas Bruna tava fervendo era por dentro. Desde cedo, ela já tinha se arrumado toda: cabelo liso escorrido até a cintura, soltinho, aquele brilho que chamava atenção de longe. Short jeans colado, top coladinho também — mostrando o corpo que Deus e a genética deram, sem cirurgias, só charme natural e autoestima nas alturas.

Ela se olhou no espelho, deu uma risadinha e falou com si mesma:

— Hoje eu estou pra jogo.

Subiu pro terraço da laje com o ring light na mão, celular na outra, ajeitou o enquadramento com o fundo da favela e o céu azul lá atrás. Quando bateu o play, a batida já tava rolando. Era um funk novo que tava viralizando.Me ligou na madrugada no meu sono de beleza larrisinha carente não dorme sem mamadeira Ela começou a dançar com naturalidade, rebolando com precisão, com o olhar direto pra câmera, fazendo carão, jogando o cabelo de lado — daquele jeito que parava o feed de qualquer um.

Postou sem pensar duas vezes

depois de alguns minutos começou a surgir os comentários de seus amigos

> "Linda demais🔥"

"Braba do Jacaré 😍"

"A favela do jacaré tá bem representada

Ela atualizava a cada segundo e o número de seguidores só subia. 10... 20... 30 mil visualizações.

No meio da tarde, já tava com 20 mil seguidores. O celular vibrava sem parar, e ela não conseguia tirar o sorriso do rosto. Tirou print, mandou pra mãe:

— Mãe, olha isso! Eu tô crescendo!

A mãe respondeu com um coração e um “orgulho de você, minha filha”, mesmo ainda tendo o pé atrás com essa exposição toda.

Bruna só queria curtir aquele momento. Sentia que, pela primeira vez, tava sendo vista, admirada, desejada, mas não por ser "filha de fulano" ou "bonitinha do morro", e sim por ela mesma.

Quando o sol se pôs e ela foi deitar, já de pijama e com o ventilador ligado no máximo, abriu o Instagram de novo e não acreditou: 25 mil seguidores.

Sussurrou com um sorriso cansado:

— vinte e cinco mil... caralho...

Fechou os olhos com o coração acelerado. Mal sabia que aquele vídeo também iria chamar atenção de gente perigosa — e não só das invejosas que mandavam mensagem fake.

Lobão 🐺

A noite mal tinha caído e o ar já tava denso no Jacarezinho. Carga pesada ia descer, e Lobão não era homem de deixar nas mãos dos outros. Cada quilo de pó, cada tablete de maconha, cada frasco de lança, tudo passava pelo olhar dele. Não confiava em ninguém — só na mão que ele mesmo armava.

Três motos chegaram cortando o beco. Numa delas, um dos pilotos jogou uma mochila preta no chão. Depois outra, depois mais duas. Quatro mochilas abarrotadas. A tropa já sabia o esquema: descarrega, leva pra casa de apoio, confere, embala e distribui pros pontos.

— Bora, porra! Vamo agilizar! — gritou Lobão, a Glock presa no cós da bermuda e o olhar duro, varrendo o terreiro.

Enquanto contava os pacotes, algo chamou atenção dele. Um dos soldados da parte baixa, novinho, devia ter uns dezoito, tava encostado num poste com o olho semi-cerrado. Corpo mole, cabeça tombando. Cochilando no plantão.

Lobão nem pensou duas vezes. Caminhou firme, pesado. O som da chinela batendo no chão ecoou mais que tiro. Parou na frente do moleque, puxou ele pela camisa com brutalidade.

— Tu tá me tirando, arrombado?! Plantão não é cama, não, caralho!

— Foi mal, Lobão... juro que não dormi... só dei uma descansada no olho...

— Descansada o caralho! Imagina se os vermes do Mandela sobem aqui agora e tu tá aí babando no poste? Hein? Eu que vou segurar o caixão da tua mãe?

O moleque baixou a cabeça, tremendo.

— Desce pra base agora. Vai tomar um banho de água fria e volta com o olho arregalado. E agradece que eu tô de bom humor. Da próxima, tu vai pra contenção do lixão sem colete. Se vier tiro, é por tua conta.

— Valeu, chefia... não vai se repetir...

Lobão virou de costas com desprezo, ajeitou o boné na cabeça e voltou pro esquema. Conferiu tudo, deu a benção pros pacotes serem espalhados, passou na laje da contenção e trocou duas palavras com os gerentes. Depois disso, subiu pra casa dele — a fortaleza escondida no alto do morro, cercada de mata, com visão de 180 graus das bocas.

Ali era o único canto onde ele largava a postura. Só um pouco.

Jogou o rádio em cima da mesa, pegou o isqueiro e acendeu um baseado grosso, cheiroso, que já tava no ponto desde cedo. Deu uma puxada funda, sentou no sofá velho da varanda e deixou a fumaça sair pelas narinas. O mundo parecia mais calmo quando o THC batia.

Pegou o celular. Entrou no Instagram — aquele fake, sem foto, nome genérico, sem seguidores. Só usava pra stalkeá geral. Polícia tava na cola, ele não podia dar vacilo.

Rolava o feed no modo automático, até que o dedo parou. Um vídeo.

Ela.

Bruna.

Cabelo preto lisinho, batendo no meio das costas, short jeans colado, top cavado. Rebolava no ritmo de um brega funk, e o sorriso dela era sacanagem. Sorriso de mulher que sabe o efeito que tem.

Mas o que travou Lobão foi o fundo do vídeo.

— Caralho... isso é aqui.

A laje da casa do vídeo dava direto pro complexo. Favela do Jacarezinho no fundo, clarinha, inconfundível.

— Como assim essa gata mora aqui e eu nunca vi?

Entrou no perfil: @bruna_dantas13

Bio simples: "Deus na frente ✨"

Mais de 20 mil seguidores. Vídeo com quase 200 mil visualizações. Nos comentários, vários moleques da favela babando, mandando foguetinho, coração, elogio barato. Ele leu tudo em silêncio, o olho fixo.

Rolou o feed devagar, analisando cada foto. Piscina, espelho, vídeo dançando, boomerang mandando beijo. Linda. Corpo absurdo. Rosto de boneca. Jeito de mulher feita.

Deu mais uma tragada e balançou a cabeça, rindo sozinho, malicioso.

— Cê tá brincando comigo, né?

Ele não era homem de se apaixonar. O coração dele era blindado. Mas desejo? Desejo ele sentia fácil. E com Bruna, foi mais que isso. Foi obsessão à primeira vista.

— Essa daí vai sentar no pai... — murmurou, encostando a cabeça no encosto do sofá e salvando o vídeo no celular, mesmo sabendo que nunca ia admitir isso pra ninguém.

Ali, no meio da madrugada, cercado de silêncio e fumaça, nascia o início de um interesse perigoso.

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Comments

Cida Mendes

Cida Mendes

Coitado 🤣 eu conto? ou vocês contam,? deixa ele descobrir sozinho tá apaixonado 🥰 e ela não é marmita do morro pra falar que ela vai sentar pra ele , se quiser a gata vai ter que conquistar

2025-08-21

1

Leneborges_

Leneborges_

Já apaixonou rsrs.... Bruna que se segure com Lobão na colar dela kkkkk

2025-08-20

0

Leitora compulsiva

Leitora compulsiva

e já era gata, o boy bateu olho e já tá obcecado 🤭💖

2025-08-16

0

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