Capítulo 3

O mercado já estava quase fechando quando Renji deixou coincidência, na verdadeuas sacolas plásticas nas mãos. As ruas de Kioto naquela hora tinham um silêncio estranho, quebrado apenas pelo som abafado de passos apressados e o murmúrio distante dos carros. O ar noturno trazia um cheiro misto de pão assado — vindo de alguma padaria que ainda trabalhava — e da chuva que ameaçava cair.

Ele caminhava distraído, organizando mentalmente as próximas semanas: a mudança de escola de Hana, o aluguel, os horários de treino… Até que, ao virar a esquina, quase colidiu com alguém.

— Perdão. — A voz foi firme, mas carregada de educação.

Renji ergueu os olhos e encontrou um homem que parecia saído de um recorte à parte do mundo. Ele tinha um sobretudo negro aberto, revelando o uniforme simples de um barista — camisa preta ajustada e avental dobrado na cintura. O cabelo, perfeitamente penteado para trás, brilhava sob a luz fria dos postes. Mas eram os olhos, de um castanho tão escuro que quase pareciam negros, que prendiam qualquer resposta que Renji pudesse dar.

O homem inclinou a cabeça, como se o examinasse por um segundo a mais do que o necessário. Um canto de sua boca curvou-se num sorriso contido, e Renji não soube dizer se havia algo de acolhedor ou perigoso naquilo.

— Ah...! Sato, você trabalha por aqui? — perguntou Tetsuya, a voz baixa como se não quisesse acordar a rua. Foi aí que Renji o reconheceu.

— Mais ou menos. — Renji respondeu seco, tentando se moobservar, mas o outro não recuou. — O que faz por aqui? —"Ainda mais vestido assim..."

A luz do poste refletiu nos anéis parateados que ele usava nos dedos, e só então Renji percebeu o cheiro suave de café e especiarias.

— Apenas uma volta, fazendo compras? — disse o homem ao olhar para as sacolas nas mãos de Renji.

Renji franziu a testa. Ele não lembrava de já ter se apresentado. Afinal foi apenas uma transa. Antes que pudesse perguntar, o alfa estranho já havia dado meia-volta, atravessando a rua com passos tranquilos. No avental, bordado em letras cursivas, estava o nome: Tetsuya.

Renji ficou parado por um instante, com a sensação incômoda de que não fora apenas um encontro casual.

— Falei que nós nos entraríamos de novo Sato. Foi pura coincidência na verdade. — O disse com um sorriso leve no rosto.

— 'Renji', na verdade, você me chamou pelo meu sobrenome, que a propósito me intriga como você sabe. — Ele se aproximou quase em tom intimidador.

— Naquele dia que nos conhecemos, quando você pediu sua bebida o barman chamoude 'Sato'. Da pra ver o quão frequente você é lá — Renji o arrastou para um beco e o pôs contra a parede num golpe quase imperceptível, deixando suas compras cairem no chão e se espalharem pelo beco— …! Não pensei que fosse reagir tão brutalmente desse jeito-!

— 'Brutalmente' é o caralho! Qual a sua? como soube que eu estaria por aqui?

— Fala como se eu fosse ameaçador — Renji pegou sua arma que guardava na cintura e apontou em direção a barriga de Tetsuya.

— Quem parece ameaçador agora?

 Tetsuya gelou, ele poderia parecer grande e perigoso, mas na verdade carregava o medo. E também não ia jogar a sorte de que Renji atiraria ou não.

— Agora com certeza mil vezes você... Olha, eu não sabia que você estaria por aqui, eu apenas ando aqui de ver em quando-

— Para fazer o que? Essas ruas são minhas e nunca cruzei com você aqui.

— ... Tem pouco tempo, minha academia mudou pra rua de trás a que estamos, tive que começar a frequentar aqui.

Renji com sua outra mão começou a enforcar Tetsuya. A resposta não o convenceu. "Um homem desse tamanho nem tenta reagir? Ele realmente é um medroso, facilmente poderia me desarmar se quisesse..."

— Como posso saber se é verdade? —"Esse cara sabe da Hana, agora sabe que eu fico por aqui, as chances de querer descobrir onde eu moro e fazer algo para machucar ela são grandes..."

— Podemos ir.... podemos ir até a academia se você quiser...! Não tenho nada pra esconder... Quero que confie em mim Renji...!

Ele o largou e se afastou, guardando sua arma na cintura. De qualquer modo não viu um pingo de ameaça em Tetsuya, só o achou ser um pé no saco mesmo.

— Por que? O que você quer comigo?

— Eu sinto que somos destinados Renji. Quando transamos, eu senti que estava com o meu Ômega.

— Eu não senti nada disso. — abaixando-se no chão, Renji começou a recolher suas compras, logo Tetsuya abaixou-se também para ajudá-lo a recolher.— Eu não procuro pelo meu predestinado moleque, não espera que ao me dizer isso eu vá derreter de amor que nem os outros ômegas que você comeu.

— Não é isso Renji —Pegando sua mão ele olhou no fundo dos olhos de Renji e continuou dizendo determinado— É diferente, não tem haver com a parte sexual.

— Está dizendo que não vê necessidade de me foder? não existe isso idiota, o único tipo de atração que um Alfa como você pode sentir por um ômega como eu, é puramente sexual.

— Não, me deixe amar você.

De repente Renji sentiu algo despertando dentro de si, um calor, que começou a descer até suas partes íntimas e o excitou, mas dessa vez Tetsuya não estava soltando nenhum feromônio, era Renji que estava liberando eles. Ao perceber Tetsuya se levantou rapidamente e tapou o nariz para não sentir o cheiro.

— Renji... Você entrou no cio...?! — O pouco que ele sentiu dos feromônios foi o suficiente para excitar ele.

continua...

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