Turbilhão

O jantar havia sido impecável. Luz baixa, taças finas, o aroma de vinho envolvente, mas nada disso se comparava à presença dele. Morete era hipnotizante. O olhar firme, a voz grave e decidida. E ali, entre um gole de vinho e outro, ele colocou suas cartas na mesa:

— Eu não quero uma noite com você, Sabrina. Isso eu poderia ter com qualquer mulher… Mas você… você bagunçou minha cabeça. Me fez desejar algo que nunca quis com ninguém. Quero você, por inteira. E vou trabalhar pra isso. Só te aviso uma coisa: não vou conseguir ver você com outro homem. Não aceito dividir. E você vai atrair olhares, claro que vai… mas vai ser minha.

Ela ficou sem reação. A boca levemente entreaberta, o coração acelerado. As palavras dele ecoavam como um trovão dentro de si. Aquele homem, misterioso e conhecido por seu jeito frio, agora dizia que a queria como mulher — com exclusividade. Era forte demais. Intenso demais. E assustador demais.

Terminou o jantar em silêncio. Engoliu mais dúvidas que garfadas. Do lado de fora, o carro importado dele aguardava. Luxuoso. Discreto. Morete a conduziu com gentileza, abrindo a porta, e assim que ela sentou, sentiu o banco acolher seu corpo ainda trêmulo.

No caminho, os pensamentos atropelavam-se dentro dela. O perfume dele ainda impregnado no ar. A maneira como todos os olhares do restaurante caíam sobre eles. O modo como ele, com um simples toque em sua cintura, fez seu corpo se arrepiar dos pés à cabeça. Era como se todo o mundo soubesse que ela agora era desejada por um homem como Morete. E talvez… marcada.

Mas ali, na solidão silenciosa do carro, algo a incomodava. Sabrina sempre se dedicou ao trabalho. Nunca teve tempo para se apaixonar, namorar, viver. E os poucos homens que se aproximaram a viam como um troféu, um corpo, um prêmio. Morete parecia diferente. Ou será que não?

— “Será que estou entrando em uma roubada?” — sussurrou para si mesma ao olhar pela janela.

Ela já tinha ouvido histórias sobre ele. Frio. Fechado. Não assumia ninguém. Nenhuma mulher durava ao lado dele. Tinha fama de ser intocável emocionalmente. E, mesmo assim, ali estava ela, sentindo-se desarmada por um único jantar.

Quando chegaram em frente ao seu prédio, ele saiu do carro, abriu a porta para ela e se aproximou. A tensão era palpável. Mas ele não a tocou. Apenas a encarou nos olhos, como se dissesse “é só o começo”.

— Boa noite, Sabrina.

Ela assentiu com a cabeça, o coração na garganta.

— Boa noite, Morete.

Entrou em casa como quem carrega um vendaval por dentro. Jogou a bolsa no sofá, tirou os sapatos e encostou-se na parede da sala, respirando fundo.

Agora era ela contra si mesma.

Desejar ou fugir.

Entregar-se ou investigar.

A razão dizia para se afastar.

Mas o corpo…

O corpo já estava viciado nele.

...--------------------------------------------------------------------------------...

O Perigo Tem Cheiro de Rosas

Acordei com o celular vibrando. Duas ligações perdidas do Morete. Levantei meio grogue, achando que era coisa da minha cabeça — até me deparar com o buquê sobre a mesa. Um arranjo de rosas vermelhas com lírios brancos, tão bonito que parecia ter saído direto de uma novela. No cartão, uma única frase:

“Flores para a mulher dos meus pensamentos.”

Minha barriga gelou. Um misto de encantamento e alerta. Ele está pensando em mim? Senti minhas pernas amolecerem por um segundo.

Respirei fundo. Não era qualquer homem. Era o Morete. Bonito, charmoso, e perigoso — não do tipo que carrega arma (embora, vai saber), mas do tipo que carrega histórias, passado, e um magnetismo que me tirava do eixo.

Liguei de volta, agradeci pelas flores e ele, todo cavalheiro, me convidou para tomar café da manhã com ele. Pela hora, ainda dava. Mas inventei uma desculpa qualquer e recusei.

— Já tenho compromisso no final de semana — avisei, antes que ele perguntasse.

Ele ficou em silêncio por um segundo. Eu senti. Não gostou nada da minha resposta. Mas não insistiu.

E isso me deixou ainda mais desconfiada.

É estranho… até ontem minha vida era trabalho, faculdade e o restaurante. Não saía, não me envolvia com ninguém. Os homens me olham como se eu fosse um pedaço de carne. Nunca dei abertura. Mas ele… foi diferente. Só que tudo que o Morete falou ontem ainda ecoa na minha cabeça. Será que estou entrando em uma roubada?

Dizem que ele é frio. Um homem que não assume ninguém. Já ouvi boatos. Será que fui só mais uma que ele resolveu testar?

Preciso me afastar. Preciso saber mais sobre ele.

Talvez seja só curiosidade. Ou medo. Ou… uma mistura dos dois.

Mas neste final de semana, tenho planos. Sábado tem o aniversário de uma amiga de infância, e domingo as meninas do restaurante me chamaram para uma balada.

Eu nunca saio. Nunca me permiti viver nada fora do controle.

Mas quer saber?

Minha mãe está viajando pelo mundo.

A casa é minha. A vida é minha.

Eu vou viver um pouco.

Quero conhecer gente nova, ver outras caras, tentar esquecer esse homem que mexeu comigo em tão pouco tempo. Porque sinceramente…

O Morete é perigoso. Rico, maduro, bonito… pode ter a mulher que quiser. Vai correr atrás de mim? Acho difícil.

Preciso evitar. Testar se ele realmente quer algo… ou se foi só mais uma jogada de charme.

Mas ai… quando lembro daquele homem…

Parece um armário. Um monumento grego. Quando estou de salto, ainda assim ele me olha de cima. Alto, forte, misterioso. Tudo nele grita tentação.

Será que tudo é proporcional?

Meu Deus, que pensamento é esse?!

— Misericórdia, Sabrina! — falei alto comigo mesma, cobrindo o rosto. — Você precisa perder essa virgindade logo. Isso tá te deixando maluca!

Porque, sinceramente…

Não aguento mais me satisfazer sozinha.

E essa sensação… esse fogo interno que ele acendeu…

Não é normal.

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Comments

Jessica Carmo

Jessica Carmo

capítulo sensacional autora !

2025-08-11

1

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