Rotina e Vigilância

O dia seguinte amanheceu com a mesma pressa e intensidade de sempre. Sabrina chegou cedo ao restaurante, já vestida com sua roupa de trabalho, pronta para enfrentar mais uma jornada. Não havia tempo para distrações ou lembranças do que havia acontecido no dia anterior. Para ela, aquilo era coisa do passado — e o passado não mudava contratos, não fechava negócios, não colocava a equipe para funcionar.

Na cozinha, os aromas se misturavam com o som dos pedidos e o barulho dos equipamentos. Sabrina circulava com olhar atento, conferindo cada detalhe, ajustando aqui, conversando ali. A rotina a mantinha firme e focada.

Enquanto isso, do outro lado da cidade, Morete Fagundes seguia a própria agenda, meticuloso e implacável. Suas reuniões não tinham espaço para sentimentos ou distrações. Era CEO de uma das maiores empresas do país e sabia que qualquer deslize custaria caro.

Mas, discretamente, Morete mantinha um esquema de vigilância — seus seguranças disfarçados em clientes habituais, funcionários temporários e até mesmo entregadores. Eles se revezavam entre as mesas do restaurante de Sabrina, observando cada movimento, anotando detalhes, reportando qualquer coisa fora do comum.

Era um jogo de controle e proteção, sem que Sabrina soubesse.

Durante a tarde, Morete passou pelo local disfarçado, cumprimentando discretamente alguns dos homens da segurança. Seu olhar percorreu o salão com atenção, focado, como um predador observando a presa.

Nada parecia fora do lugar, mas ele sabia que isso podia mudar a qualquer momento.

Sabrina, alheia à presença constante desses olhos invisíveis, seguia com seus afazeres, negociando com fornecedores, resolvendo questões administrativas e mantendo o restaurante funcionando como uma máquina bem ajustada.

Ambos estavam imersos em suas realidades, cada um no seu mundo, sem saber que, por trás das cortinas, suas vidas continuavam conectadas por fios invisíveis de vigilância e tensão.

O relógio avançava. A rotina seguia.

Mas, no silêncio das sombras, algo aguardava o momento certo para se revelar.

Ela caminhava distraída pelo salão quando ele surgiu ao seu lado, com aquele olhar firme e aquela postura que parecia dominar o ambiente sem esforço.

— Café da tarde foi por cortesia da casa — ele disse, com aquela voz baixa, rouca, cheia de significados — mas só agradeço o “obrigado”, Sabrina, se você aceitar um jantar comigo.

Ela parou, surpresa, o corpo travado.

Não sabia o que dizer.

Porque, no fundo, Morete era o único homem que realmente tinha mexido com ela desde o primeiro dia. O único que fez seu coração disparar, que desafiou cada barreira que ela tinha construído.

Sabrina sentiu a garganta seca, o olhar fixo nos olhos dele, tentando encontrar alguma pista, algum indício do que aquele convite significava. Será que era apenas uma formalidade? Ou algo mais?

Ele sorriu de leve, quase como se lesse seus pensamentos, e deu um passo atrás, deixando o convite flutuar no ar.

— Pensa com calma. Não precisa responder agora.

Ela ficou ali, paralisada, o mundo ao redor diminuindo enquanto o convite dele ecoava dentro dela.

Era mais do que um simples jantar.

Era um desafio.

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 Às Vinte Horas

Agora, já era noite, e eu terminava de revisar o fechamento da cozinha quando o celular vibrou em cima do balcão. Uma notificação acendeu a tela: **número desconhecido**.

> *Desconhecido: Estarei aí às vinte horas. Não precisa se arrumar muito, você já é perfeita como está.

Engoli em seco. Meu estômago revirou. Antes que eu pudesse reagir, outra mensagem.

> **Desconhecido:** Antes que pergunte, consegui seu número como consigo tudo o que quero. E sim, também sei onde você mora.

> **Não tem nada que eu queira e não consiga, Sabrina.**

Minha mão tremia ao segurar o celular. Não era medo, não exatamente. Era… aquela maldita adrenalina. O mesmo arrepio que senti quando ele entrou no restaurante pela primeira vez, quando me encarou como se me conhecesse há vidas.

— Que inferno, Sabrina… — murmurei para mim mesma, jogando o pano de prato no balcão.

O relógio marcava 19:32. Eu tinha menos de meia hora.

Por que eu estava nervosa? Eu era uma mulher experiente, forte, dona do meu espaço e do meu negócio. Mas bastava ele aparecer com aquele olhar de predador calmo, que tudo dentro de mim se embaralhava.

A verdade nua e crua?

Desde o primeiro dia em que Morete cruzou a porta do meu restaurante, ele mexeu comigo de um jeito que ninguém mais tinha conseguido.

E agora ele estava vindo me buscar.

Não para uma reunião, não para uma ameaça, não para um jogo de poder… mas para jantar.

Comigo.

E, talvez, para começar algo que eu não sabia se teria forças para evitar.

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