Sabrina conferiu o relógio pela quinta vez. Eram 19h57. O coração batia acelerado, e ela odiava admitir o quanto aquele simples jantar mexia com ela. Desde o momento em que Morete fizera o convite, à tarde, no restaurante, ela estava inquieta. Mesmo tentando disfarçar, algo nele a desestabilizava. A segurança, o olhar firme, o jeito mandão... era tudo tão proibidamente tentador.
Ela se olhou no espelho uma última vez. O vestido preto de cetim abraçava suas curvas como uma segunda pele. Decotado nas costas, com uma fenda lateral que mostrava a coxa no andar, deixava claro que não era uma mulher de se esconder. Nos pés, salto agulha. Nos olhos, delineado marcante. Nos lábios, vermelho provocante.
Estava linda. Impossivelmente linda. E sabia disso.
A campainha tocou às 20h em ponto.
Ao abrir a porta, deu de cara com Morete, em um terno escuro impecável e um sorriso discreto no canto dos lábios. Seus olhos percorreram o corpo dela com descarada lentidão. E ali estava, o primeiro sinal: ele travou a mandíbula, engolindo o ciúme que o invadiu ao vê-la tão provocante.
— Está deslumbrante, Sabrina.
Ela sorriu com a ponta dos lábios, mantendo a elegância, mas por dentro, um arrepio subia por sua espinha. Ele não era qualquer um. E sabia provocar com uma simples frase.
— Obrigada. Achei que o jantar merecia algo especial.
Morete não respondeu. Apenas estendeu o braço e a guiou até o carro. No caminho até o restaurante, o silêncio era confortável, mas carregado de tensão. Os olhares trocados diziam mais do que palavras jamais diriam.
Já sentados à mesa reservada, em um dos restaurantes mais exclusivos da cidade, ele foi direto ao ponto.
— Agradeço pelo café. Mas confesso que a única coisa que quero é jantar com você.
Ela arqueou a sobrancelha, surpresa com a franqueza. Mas antes que pudesse responder, sentiu a mão dele deslizar suavemente por sua cintura. O gesto foi firme, possessivo. Como se dissesse: *é minha agora.*
O arrepio foi inevitável.
Ela tentou disfarçar, mas Morete percebeu.
— Você sempre se arrepia assim... ou é só comigo?
Ela mordeu o lábio, sem conseguir responder de imediato. A coragem que tinha para enfrentar reuniões importantes e resolver crises desaparecia quando estava perto dele.
— Você é um problema, sabia?
Ele riu, satisfeito.
— E você é um perigo com esse vestido.
Ela cruzou as pernas, se inclinou levemente à frente, provocando de forma natural, sem perceber.
— E então… por que tudo isso? — ela perguntou, tentando soar casual, mas a voz saiu um pouco rouca.
— Porque você me intriga, Sabrina. Desde o primeiro momento.
Ela sentiu o sangue ferver. Ele dizia com tanta certeza, com tanta calma… como se ela já fosse dele.
E parte dela começava a querer ser.
Ela se ajeitou na cadeira, tentando manter a compostura, mas estava cada vez mais difícil. A comida chegou, mas Sabrina mal conseguia se concentrar. O toque da mão dele ainda queimava em sua cintura, como se tivesse marcado sua pele.
Morete a encarava do lado da mesa, em silêncio, os olhos percorrendo cada traço do rosto dela, como se estivesse decorando cada detalhe. O olhar dele queimava. Possuía uma intensidade que Sabrina nunca tinha sentido antes. E, por mais que tentasse manter o controle, sentia-se vulnerável. Excitada. Curiosa.
Ele entrelaçou os dedos sobre a mesa, se inclinando levemente para frente.
— Vou ser direto com você, Sabrina. — A voz dele era grave, firme, como se cada palavra fosse medida. — Eu não sou homem de rodeios. E também não sou homem de encontros casuais. Eu te quero. Como mulher. E não vai ser por uma noite.
Sabrina arregalou os olhos, engolindo em seco.
— Morete...
— Escuta. — Ele ergueu uma mão, pedindo para ela deixar ele concluir. — Desde o primeiro momento em que te vi, você bagunçou tudo aqui dentro — ele apontou para o peito. — Eu nunca pensei em relacionamento, compromisso... isso não fazia parte da minha realidade. Mas com você... é diferente. Eu olho pra você e só consigo pensar em te ter. Por inteiro. Todos os dias. E não vou suportar a ideia de te ver nos braços de outro homem. Ou ver esses idiotas te cobiçando como se pudessem tocar no que eu quero pra mim.
Ela sentiu a espinha arrepiar. O tom de voz dele misturava desejo, domínio e uma sinceridade brutal. Era intimidador, mas ao mesmo tempo excitante. Sabrina nunca tinha sido tão desejada com tanta clareza. E aquilo a desmontava por dentro.
— Você mal me conhece... — ela sussurrou, mais como uma tentativa de autoproteção do que como uma defesa racional.
— Então me deixa conhecer. Me deixa te mostrar que você não é só mais uma pra mim. Porque, acredite, Sabrina... quando um homem como eu quer algo, ele vai até o fim. E eu quero você.
Ela desviou o olhar, mordendo o lábio inferior, tentando respirar. O perfume dele ainda pairava no ar, o calor da presença masculina intensa e dominante que exalava. Aquela noite já não era mais um simples jantar. Era o início de algo muito maior.
Sabrina levantou os olhos, agora com um leve sorriso nos lábios. Um sorriso entre o desafio e a entrega.
— E se eu disser que gosto de ser conquistada devagar?
Morete sorriu de volta, inclinado sobre a mesa com aquele olhar de predador calmo.
— Então me preparei pra uma caçada longa. Mas no fim, Sabrina... você vai ser minha. Inteira.
E, naquele instante, ela soube que não havia mais volta.
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Atualizado até capítulo 47
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