LIAM
A noite poderia ter sido melhor — bem melhor, se não fosse o tipo de perturbação que me tirou o sono.
Não foi o balanço do cruzeiro, tampouco o barulho do mar. Foi um sonho.
Um maldito sonho erótico com Thabita.
Acordei ainda sob o efeito dele, duro como pedra, com as imagens tão vívidas que ainda corriam em minha cabeça, mesmo horas depois. A maneira como ela gemia meu nome... como seu corpo se moldava ao meu... como se estivesse feita para mim. Tentei me concentrar em qualquer outra coisa, mas era impossível.
Quando finalmente decidi descer para o café, ainda com a mente perturbada, fui informado sobre as atividades do dia.
Tínhamos duas opções: passar mais um dia inteiro naquele cruzeiro entediante — preso com turistas barulhentos e conversas vazias — ou aproveitar algumas horas em uma ilha isolada.
Como um amante de terra firme, não hesitei. Peguei um dos primeiros botes com destino à tal ilha, em busca de silêncio, distância... e, quem sabe, alguma distração.
Durante o percurso, puxei conversa com o condutor do bote — um jovem desinteressado, de boné virado para trás e fones pendurados no pescoço. Ele me contou que a ilha era deserta, sem moradores, sem construções, sem nada além de natureza e bons cenários para fotos turísticas.
Quase me arrependi ali mesmo. Se eu quisesse paisagem, bastava olhar pela varanda da minha suíte.
Mas o bote encostou, e logo desci. A areia era quente e macia sob os pés. O ar mais puro, mais leve. A vegetação densa ao fundo balançava com o vento suave. Havia algo... silenciosamente selvagem ali.
Notei que o lugar estava quase vazio. Um alívio.
ㅡ Quantas pessoas decidiram vir? — perguntei ao condutor, enquanto ele puxava uma das cordas do bote.
ㅡ Só doze passageiros, senhor — respondeu, sem tirar os olhos do que fazia.
Apenas doze.
E, de repente, me vi torcendo para que entre esses doze... estivesse ela.
Thabita.
Porque o pior não era sonhar com ela.
O pior era acordar querendo que aquilo tivesse sido real.
...❤️...
Como as pessoas conseguem ficar tão felizes tirando fotos de absolutamente nada?
A ilha, apesar de bela, era essencialmente vazia. Um pedaço de terra com areia, árvores e mar. Nada que valesse um álbum inteiro de selfies. Irritado com a euforia superficial dos outros passageiros, me afastei. Quis silêncio. Quis algo que não fosse fabricado.
Foi quando a vi.
Sentada na areia, sozinha, com os joelhos dobrados e um livro nas mãos. Ela parecia completamente alheia ao burburinho do grupo, mergulhada em alguma história, as sobrancelhas levemente franzidas de concentração. O vestido leve dançava com a brisa e os cabelos soltos caíam sobre os ombros como se pertencessem à própria paisagem.
Sem pensar muito, me aproximei. O cenário ao redor desapareceu. Sentei ao seu lado, sentindo o calor da areia sob mim. Não havia mais ninguém por ali. Só eu e ela.
ㅡ Senhor Caccini — disse, ainda sem desviar os olhos da página.
ㅡ Não me chama de senhor — rebati com um meio sorriso. — Liam está ótimo.
Ela suspirou, fechando o livro, e então me olhou. Aqueles olhos revirando no mais puro deboche.
Thabita sempre foi assim. Intensa. Transparente. Seu rosto entrega até os pensamentos que ela não ousa verbalizar. Talvez tenha sido isso que encantou tanto minha mãe. Há uma vida pulsando nessa garota, e mesmo depois de tudo, ainda é difícil ignorá-la.
ㅡ Deseja algo, senhor Caccini? — ela repetiu meu sobrenome com ênfase, como se cutucasse uma ferida de propósito.
ㅡ Nada — respondi, apoiando os braços atrás do corpo. — Só quis sentar ao lado de uma... conhecida.
ㅡ Nós não nos conhecemos.
ㅡ Eu não diria isso — soltei, olhando de canto para ela. — Você esteve com meu filho por um tempo.
ㅡ Um tempo que, felizmente, acabou.
ㅡ Felizmente — repeti, em um tom que soou mais grave do que eu pretendia.
Houve um silêncio incômodo. O som do mar preenchia o ar entre nós, mas a tensão era quase palpável.
ㅡ O senhor não tem vergonha, não? — ela perguntou de repente.
ㅡ Vergonha do quê?
ㅡ De olhar pra ex-namorada do seu filho com tanto desejo nos olhos.
Aquelas palavras cortaram o ar como um trovão. E mesmo que ela estivesse me provocando, seus olhos... brilhavam. Não de raiva. Mas de desafio.
ㅡ Você não é mais namorada do meu filho — rebati, mais próximo do que devia.
Antes que o bom senso tivesse tempo de se pronunciar, minha mão já tocava seu rosto. Meus dedos deslizaram levemente pela sua pele quente e, num segundo de pura insanidade, meus lábios buscaram os dela.
O beijo aconteceu.
E ela correspondeu.
Por um instante, o tempo parou. A areia, o mar, o céu — tudo virou pano de fundo para aquela explosão silenciosa entre nós. Mas então ela se afastou bruscamente, com os olhos arregalados. Um segundo depois, a palma de sua mão estalou forte contra meu rosto.
ㅡ Você é um cretino — disse, levantando-se rápido e pegando o livro.
Fiquei ali, sem me mover. O gosto dela ainda nos meus lábios, e uma marca quente queimando minha bochecha.
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Atualizado até capítulo 25
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