A noite ainda estava úmida e carregada de névoa quando Hanna estacionou o carro de Cami a alguns quarteirões da zona portuária.
O cheiro de sal misturado ao óleo queimado e ferrugem trouxe lembranças de outros tempos.
Naquele lugar, negócios eram fechados à base de balas, não de contratos.
Hanna ajustou a jaqueta e caminhou silenciosa entre os contêineres empilhados.
Cada passo ecoava sutilmente no concreto molhado.
A água acumulada em poças refletia luzes amarelas e vermelhas dos postes, como olhos observando.
"Respira, Hanna. Um passo de cada vez. Você não é mais dona de cafeteria aqui. Você é a Raposa."
O coração acelerava, mas o corpo estava firme.
Ela se movia abaixada, quase sem ruído, contando mentalmente cada câmera, cada sombra.
Subiu em um contêiner com agilidade, ignorando o frio que cortava os dedos.
Do topo, a vista era clara:
Um galpão com luzes fracas ao fundo, guardado por dois capangas armados.
Caminhões entravam e saíam, mas sem barulho de carga comum.
Era aquele tipo de silêncio que gritava perigo.
"Dois guardas na entrada… luz baixa… caminhões sem identificação. Se Ethan está aqui, eles não vão facilitar."
De repente, um dos guardas atendeu o celular e falou em voz alta:
— O Vittorio disse que a carga tá segura. Amanhã a gente move tudo.
O coração de Hanna disparou.
"Carga… Eles sempre chamam assim. Então ele está vivo. E eles vão transferi-lo."
Do outro lado da cidade, Ethan acordava no escuro.
O teto úmido pingava lentamente, e o cheiro de mofo e ferrugem era terrivelmente sufocante.
Os pulsos ardiam por causa da corda apertada, e cada músculo doía da posição forçada.
A porta abriu com um rangido, revelando um capanga com uma bandeja.
— Hora do jantar, jornalista. — disse com sarcasmo.
Na bandeja, apenas um pão duro e água.
Ethan tentou sorrir, mesmo fraco:
— Posso pedir sobremesa ou o chef tá de folga?
O homem bufou, largou a bandeja e saiu, trancando a porta com cadeado.
O som do metal ecoou como uma sentença.
"Se eu sair vivo daqui… nunca mais reclamo do café queimado da Hanna."
A lembrança dos olhos verdes dela era o que o mantinha lúcido.
Na zona portuária, Hanna desceu do contêiner e avançou em silêncio.
O chão molhado refletia seu vulto enquanto ela se aproximava do galpão.
Cada passo parecia mais alto do que deveria.
"Calma, só mais um pouco… Foco, Raposa."
De repente, um barulho metálico quebrou o silêncio — uma lata caindo de algum canto.
— Quem tá aí?! — gritou um dos capangas, apontando a lanterna.
Hanna prendeu a respiração e encostou-se no metal gelado do contêiner.
O feixe de luz varreu o corredor estreito entre as pilhas de ferro.
Cada segundo parecia uma eternidade.
"Se eles me pegarem aqui, eu e Ethan estamos mortos."
Os passos se aproximaram.
Hanna deslizou para trás de outro contêiner, calculando cada movimento, pronta para atacar ou desaparecer na escuridão.
A adrenalina queimava em suas veias.
A Raposa estava em seu habitat.
E a caça estava apenas começando.
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Atualizado até capítulo 97
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