Narrado por Hiashi Hyuuga
O crepúsculo tingia o céu de Konoha com tons suaves de rosa e púrpura, e a mansão Hyuuga parecia repousar em silêncio, envolta pela brisa fresca que agitava levemente as folhas do antigo jardim. Do alto da varanda que dava para o pátio interno, eu observava, com o olhar firme e pensativo, os dois jovens que carregavam sobre os ombros o futuro do nosso clã.
Hinata estava sentada à sombra da cerejeira, as mãos repousando delicadamente no colo, o rosto pálido iluminado pelo último resplendor do dia. Seu olhar fixava o vazio, como se buscasse forças no nada. Vi a angústia em seus olhos — não a da batalha, mas a da decepção silenciosa que corrói o coração. Era a marca de um amor que nunca encontrou seu caminho.
A alguns metros dali, em um banco de pedra junto ao lago, Neji permanecia em silêncio absoluto, as mãos fechadas em punhos sobre os joelhos, a expressão dura, quase impenetrável. Embora sua face não traísse o turbilhão que sentia, eu conhecia os olhos dele o suficiente para reconhecer a tempestade interna. A frieza que demonstrava era uma armadura forjada para ocultar a dor de uma traição ainda recente.
Por mais que fossem jovens — e por isso mesmo —, carregavam os fardos da linhagem principal. Uma linhagem que não podia se dar ao luxo de fraquezas, pois seu destino moldava o futuro de toda a casa Hyuuga.
A noite avançava, e era hora de encerrar minhas observações. O conselho me aguardava.
Desci os degraus da varanda e adentrei o salão principal da mansão, onde os anciãos já estavam reunidos. O aroma de incenso misturava-se à austeridade dos rostos marcados pelo tempo, e cada cadeira ao redor da mesa era ocupada por aqueles que tinham o peso de decisões históricas sobre suas costas.
— Hiashi-san — cumprimentou o mais velho, sua voz carregada de respeito e preocupação. — O que o senhor tem a nos dizer sobre a situação atual dos jovens da linhagem principal?
Respirei fundo, sabendo que minhas palavras precisariam ser firmes, claras e, acima de tudo, decisivas.
— Como todos sabem, Hinata e Neji enfrentam dificuldades pessoais que refletem diretamente em nosso clã. O amor não correspondido e as dores do coração têm abalado suas forças. A sucessão da linhagem principal está em risco.
Uma voz entre os conselheiros murmurou: — É preocupante, de fato. A linhagem deve seguir intacta, sem falhas.
— Precisamos agir antes que a situação se agrave — continuei, olhando para cada rosto, buscando o apoio que sabia ser necessário. — O clã não pode se dar ao luxo de esperar que esses sentimentos os destruam. Temos que garantir que o sangue da linhagem principal continue puro e forte.
Outra voz se levantou, trazendo uma proposta: — Talvez seja hora de considerar uniões que assegurem a continuidade, mesmo que não sejam motivadas por sentimentos pessoais.
Olhei para o teto por um momento, pesando as palavras. Finalmente, falei:
— Proponho que unamos Neji e Hinata em casamento. Uma união que garantirá a estabilidade e o futuro do clã.
O silêncio tomou conta da sala por um instante, até que uma voz firme disse:
— É uma decisão difícil, mas necessária.
As discussões continuaram, detalhando os riscos, os benefícios e as estratégias para conduzir essa união de forma que fosse respeitosa, mas inegociável.
Após horas de debate, o consenso foi formado: Neji e Hinata seriam unidos, não por amor, mas por dever.
Ao final da reunião, pedi para falar a sós com Neji. Encontrei-o na biblioteca, cercado por livros antigos e sombras densas.
— Neji — comecei, a voz baixa, porém carregada de autoridade — você sabe o que está em jogo. O clã precisa de você, e eu preciso que compreenda a importância dessa decisão.
Ele me olhou, olhos duros, quase desafiadores, mas percebi a tristeza profunda que tentava esconder.
— Sei, senhor. Mas não posso negar que dói.
Assenti lentamente.
— Dói porque você é humano. Porque tem coração, mesmo que tente negar. Mas é esse mesmo coração que deve guiá-lo agora, para proteger o que é maior que nós mesmos.
Nosso diálogo se estendeu pela noite, cheio de momentos de silêncio pesado e palavras sinceras. Eu compartilhei lembranças da linhagem, da responsabilidade que carregamos, e da esperança que ainda poderia nascer do dever cumprido.
Quando Neji partiu, percebi um lampejo de entendimento, embora o peso não tivesse diminuído.
Mais tarde, chamei Hinata para conversar em meu escritório particular. Ela chegou hesitante, o olhar carregado de dúvidas e medo.
— Hinata — disse, tentando ser o mais gentil possível — você sabe o quanto o clã precisa de sua força. Sei que seus sentimentos estão feridos, mas esta é a hora de mostrarmos nossa verdadeira coragem.
Ela assentiu, quase imperceptivelmente.
— Eu… farei o que for necessário, senhor.
O silêncio que se seguiu foi carregado de promessa e tristeza.
Enquanto a noite se aprofundava, senti que, apesar da dureza do caminho à frente, um novo capítulo se iniciava para a linhagem Hyuuga — um capítulo escrito com sacrifícios, deveres e, talvez, esperança.
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Atualizado até capítulo 28
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