O terceiro dia na mansão começou como os outros: com silêncio.
Luna já se acostumava ao barulho discreto dos passos de Assunta nos corredores, ao som do relógio antigo da sala marcando cada hora com precisão assustadora, e à rotina delicada de Eleonora — que sempre acordava às sete, lia até as oito e tomava chá às nove, com dois biscoitos amanteigados, nem mais, nem menos.
Mas naquele dia algo estava diferente.
Quando Luna entrou na sala de estar, Eleonora não estava na poltrona.
— Senhora Eleonora? — chamou, hesitante.
Nenhuma resposta.
Ela procurou nos quartos, nas varandas, até que a encontrou no jardim, sentada em um banco de pedra, com o olhar fixo em algo que Luna não podia ver. A brisa soprava forte e gelada, bagunçando o coque bem-feito da senhora. Seu xale estava caído no chão.
— Está muito frio aqui fora — disse Luna, apressando-se em pegar o xale e cobri-la.
Eleonora não respondeu de imediato. Seu rosto estava pálido, os olhos um pouco perdidos.
— Ele costumava vir aqui quando era pequeno. Ficava ali, debaixo daquela árvore. Eu o observava por horas...
Luna se sentou ao lado dela, lentamente.
— A senhora está se sentindo bem?
Eleonora piscou devagar, e quando se virou, havia lágrimas nos cantos dos olhos.
— Às vezes, me pergunto se ele ainda tem salvação.
Luna ficou em silêncio. Ela não sabia o que responder. Como alguém que cuidava de plantas em uma varanda de Florença foi parar entre segredos e frases quebradas como aquela?
Quando retornaram à casa, Eleonora começou a passar mal. A respiração acelerada, o tremor nas mãos, e uma palidez que beirava o preocupante.
Luna correu para chamar Assunta, mas quem apareceu primeiro foi Enzo.
Ele surgiu como um raio silencioso, os passos firmes ecoando no corredor.
— O que houve? — sua voz era baixa, mas carregada de urgência.
— Ela... ela começou a tremer. Está com falta de ar.
Sem esperar mais explicações, ele se ajoelhou diante da mãe, pegou suas mãos com um cuidado que Luna nunca imaginaria vir dele, e sussurrou algo em italiano que ela não entendeu.
Viu, pela primeira vez, uma rachadura no gelo.
Ele a amava.
Profundamente.
— Chame o médico agora — disse, sem nem olhar para Luna.
Ela obedeceu imediatamente, mas quando voltou, Enzo já estava sentado ao lado da mãe, a cabeça baixa, os olhos fixos no tapete.
Mais tarde, com Eleonora descansando e o médico indo embora, Luna caminhava pelos corredores escuros tentando se recompor. Precisava de ar. Precisava entender onde tinha se metido.
Foi então que viu uma porta entreaberta no final do corredor do segundo andar. Uma porta que, até então, nunca tinha notado.
Ela olhou para os lados. Nenhum som.
Empurrou a porta devagar.
O cômodo era escuro, mas o brilho azul da tela de um computador iluminava parte da sala. Havia mapas, anotações em idiomas diferentes, arquivos empilhados e... armas.
Muitas armas.
Ela engoliu em seco e ia fechar a porta, quando ouviu passos se aproximando.
Rápidos. Precisos.
Enzo.
— O que está fazendo aqui? — ele perguntou, a voz tão fria que o corredor pareceu congelar.
Luna arregalou os olhos, sem saber o que dizer.
— Eu... eu só vi a porta aberta...
— Nunca. Mais. Entre aqui — ele disse, firme. — Há coisas que você não pode saber. Nem deve.
Ela assentiu, sentindo o coração martelar no peito.
Ele deu um passo à frente.
— Isso aqui não é um conto de fadas, Luna. Não tente entender. Só sobreviva.
E então se virou, fechando a porta atrás dele.
A tensão ficou no ar, como um aviso.
Naquela casa, nem todas as portas estavam trancadas por acaso.
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Atualizado até capítulo 36
Comments
Nia Achelashvili
Não me deixe na mão, autora, a história está tão boa!
2025-08-04
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