Cap.1

2 ANOS ATRÁS...

A manhã de quinta-feira despontava com uma luz suave, que se infiltrava pelas cortinas de linho branco da suíte principal, tingindo as paredes de um tom dourado e acolhedor. O silêncio da casa era quebrado apenas pelo canto distante de pássaros lá fora e pelo leve ronco do ar-condicionado. Lucas Mountbatten, deitado na cama king-size, ainda envolto no calor dos lençóis de algodão egípcio, abriu os olhos lentamente. Seu olhar, como sempre, encontrou Oliver, seu ômega, seu amor, seu tudo. Oliver dormia profundamente, os cabelos castanhos bagunçados caindo sobre a testa, os lábios entreabertos em uma expressão de serenidade que fazia o coração de Lucas se aquecer. Com cuidado para não o acordar, Lucas estendeu a mão, os dedos traçando a curva suave da bochecha de Oliver, sentindo a pele quente e macia sob o toque.

O movimento gentil despertou Oliver, que piscou lentamente, seus olhos castanhos encontrando os de Lucas. Um sorriso preguiçoso curvou seus lábios, e ele murmurou, a voz ainda rouca de sono:

Oliver: Oi, amor... bom dia.

Lucas sentiu um calor familiar subir pelo peito. Ele se inclinou, os lábios roçando os de Oliver em um beijo leve, mas cheio de ternura.

Lucas: Bom dia, meu lindo — respondeu, a voz baixa, carregada de uma afeição que parecia crescer a cada dia. Ele se afastou apenas o suficiente para olhar nos olhos do marido, o polegar ainda acariciando sua bochecha. —Dormiu bem?

Oliver se espreguiçou, os braços se esticando acima da cabeça enquanto ele soltava um suspiro satisfeito.

Oliver: Como um anjo.— disse, o tom leve, quase brincalhão. Ele virou o rosto, pressionando um beijo rápido na palma da mão de Lucas. —E você? Como está meu CEO favorito depois da nossa... noite especial?

Lucas riu, o som baixo e quente, enquanto lembranças da noite anterior dançavam em sua mente — a forma como Oliver o puxara para mais perto, os sussurros trocados no escuro, a sensação de estarem completamente conectados.

Lucas: Digamos que estou pronto pra enfrentar o mundo— respondeu, os olhos brilhando com um misto de amor e diversão. —Mas só porque você me deixa assim.

Oliver ergueu uma sobrancelha, o sorriso se alargando.

Oliver: Sempre soube que sou seu combustível secreto— brincou, antes de se sentar na cama, os lençóis deslizando por seu corpo. —Mas, falando sério, é melhor a gente se mexer. Hoje é dia de viagem, né?

Lucas assentiu, já sentindo a energia do dia começar a tomar forma.

Lucas: Você tem razão. Japão nos espera, e eu não quero ouvir Luke reclamando que perdeu o voo por nossa causa.— Ele se levantou, alongando os braços, a musculatura definida visível sob a camiseta cinza que usava. —E, falando nisso, acho que ele vai querer visitar aquele parque de dinossauros de novo. O que acha?

Oliver riu, o som leve enchendo o quarto.

Oliver: Aposto que sim. E Mia? Ela vai querer correr atrás de qualquer coisa que brilhe, como sempre.— Ele se levantou, caminhando até a janela e abrindo as cortinas um pouco mais, deixando a luz inundar o espaço. —Vai ser uma aventura.

Antes que Lucas pudesse responder, a porta do quarto foi escancarada com um entusiasmo infantil. Luke, de 3 anos, entrou correndo, os cachinhos castanhos balançando enquanto gritava.

Luke: Bom dia, papai, bom dia omma! — Sua voz era alta e cheia de energia, como se o mundo inteiro precisasse saber que ele estava acordado.

Atrás dele, Mia, de apenas 1 ano, engatinhava com determinação, balbuciando algo que soava vagamente como “Papa!” enquanto tentava acompanhar o irmão.

Lucas se abaixou, pegando Luke no colo e bagunçando seus cabelos.

Lucas: Bom dia, meu dinossauro favorito!— disse, rindo enquanto o menino se contorcia, tentando escapar.

Oliver, por sua vez, pegou Mia, aninhando-a contra o peito e beijando sua testa.

Oliver: E bom dia pra minha princesinha.— murmurou, o rosto suavizando ao olhar para a filha, que segurava seu dedo com força.

Luke: Papai, eu sonhei com um dinossauro!— exclamou Luke, os olhos arregalados. — Ele era verde e grandão, e tava voando!

Lucas: Voando?— Lucas ergueu as sobrancelhas, fingindo surpresa.— Mas dinossauros voadores não são pterodáctilos? Conta mais, vai.

Luke começou uma história desconexa, misturando dinossauros, aviões e um castelo imaginário, enquanto Oliver ouvia com atenção exagerada, fazendo perguntas que só incentivavam a imaginação do menino. Mia, por sua vez, parecia mais interessada em puxar o colar de Oliver, rindo cada vez que ele fingia surpresa.

Depois de alguns minutos de risadas e brincadeiras, Oliver olhou para Lucas, um brilho travesso nos olhos.

Oliver: Tá na hora de arrumar esses dois, né? — Ele se levantou, segurando Mia com um braço e a mão de Luke com a outra. — Vou levar eles pra Teresa. Volto já.

Lucas assentiu, começando a arrumar a cama enquanto Oliver levava as crianças até a governanta. Teresa, uma mulher de meia-idade com um sorriso maternal, recebeu os pequenos com entusiasmo, prometendo deixá-los prontos para a viagem. Quando Oliver voltou ao quarto, encontrou Lucas dobrando os lençóis com uma precisão quase militar.

Oliver: Você e sua mania de deixar tudo perfeito,— brincou Oliver, se aproximando para ajudar.

Juntos, eles arrumaram a cama, movendo-se em uma sincronia silenciosa que vinha de anos de convivência. Cada gesto era familiar, confortável, como uma dança que eles conheciam de cor.

Oliver: Pronto pro Japão? — perguntou Oliver, enquanto guardava algumas camisas na mala aberta sobre a cômoda.

Lucas sorriu, dobrando uma calça com cuidado.

Lucas: Mais do que pronto. Acho que vai ser bom tirar uns dias só pra nós quatro. Sem reuniões, sem prazos... só a gente.

Oliver parou por um momento, olhando para o marido com um carinho que transborda.

Oliver: Você merece isso, sabe? Trabalha demais. E eu... bom, eu só quero ver você sorrindo assim todos os dias.

Lucas se aproximou, puxando Oliver pela cintura e depositando um beijo rápido em seus lábios.

Lucas: Com você do meu lado, isso não é difícil,— murmurou, antes de soltá-lo com um sorriso.— Agora, que tal um banho? A gente precisa se apressar.

Oliver riu, seguindo Lucas até o banheiro. O chuveiro foi ligado, e o vapor começou a encher o espaço, embaçando o espelho e criando uma atmosfera de intimidade. O que começou como um banho compartilhado logo se transformou em algo mais profundo. Entre risos abafados, toques suaves e olhares que diziam mais do que palavras, eles se entregaram um ao outro. A água quente caía sobre seus corpos, apagando qualquer distância, enquanto o mundo lá fora parecia desaparecer. Era um momento só deles, uma conexão que ia além do físico, um lembrete do amor que os unia.

Quando saíram do banheiro, as bochechas coradas e sorrisos tímidos estampados nos rostos, eles se vestiram, ainda trocando comentários sobre a viagem. Lucas ajustava a gravata azul-marinho, olhando para Oliver pelo reflexo do espelho.

Lucas: Acha que o clima em Tóquio vai estar bom?— perguntou, enquanto amarrava os sapatos.

Oliver, abotoando uma camisa cinza, deu de ombros.

Oliver: Espero que sim. Mas, se chover, a gente pode ficar no hotel brincando com as crianças. Luke vai querer construir um forte com os travesseiros, certeza.

Lucas riu, imaginando a cena.

Lucas: E Mia vai querer derrubar tudo. Como sempre.

Terminados os preparativos, eles desceram para o café da manhã. A mesa da sala de jantar estava coberta com uma toalha branca, repleta de panquecas, frutas frescas, suco de laranja e café recém-passado.

Teresa já havia sentado Luke e Mia em suas cadeirinhas, e o menino devorava uma panqueca coberta de calda de maple, enquanto Mia brincava com pedaços de morango, espalhando suco vermelho pelas mãozinhas.

Oliver: Olha só, filha, você tá fazendo arte moderna!— brincou Oliver, limpando o rosto da filha com um guardanapo. Ela riu, batendo palmas e espalhando ainda mais suco.

Lucas se sentou ao lado de Luke, cortando uma panqueca para o menino.

Lucas: Come direitinho, campeão. A gente precisa de energia pro voo.

Luke: Voar é como dinossauro voador?— perguntou Luke, os olhos brilhando de curiosidade.

Lucas: Quase, — respondeu Lucas, rindo. — Mas o avião é um pouco mais confortável.

...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...

Após o café, a família se dirigiu ao carro. Lucas assumiu o volante, enquanto Oliver se acomodou no banco do passageiro, verificando a bolsa com os documentos da viagem. No banco traseiro, Luke e Mia estavam seguros em suas cadeirinhas, Luke segurando um dinossauro de pelúcia e Mia agarrada a um chocalho colorido.

Enquanto dirigiam rumo ao aeroporto, a conversa fluía leve. Oliver contava uma história sobre um funcionário seu, do trabalho que havia tentado cozinhar sushi em casa e acabou com peixe cru espalhado pela cozinha.

Oliver: Juro, Lucas, ele achou que era só enrolar o arroz e pronto,— disse, rindo.

Lucas balançou a cabeça, um sorriso nos lábios.

Lucas: E é por isso que a gente deixa sushi pros profissionais. Mas, sério, você sempre me faz rir com essas histórias.

Oliver estendeu a mão, apertando a de Lucas por um breve momento.

Oliver: Que bom, porque eu pretendo fazer isso pelo resto da vida.

O momento de leveza, porém, foi interrompido em um piscar de olhos. Um caminhão surgiu na pista contrária, desgovernado, os pneus chiando enquanto invadia a faixa deles. Lucas tentou desviar, girando o volante com força, mas o impacto foi brutal. O carro voou, girando no ar antes de capotar violentamente. O som de metal amassado, vidros estilhaçados e os gritos abafados das crianças encheram o ar, antes de tudo mergulhar em um silêncio aterrorizante.

No hospital, a luz branca e fria do teto era quase cegante. Lucas abriu os olhos, a cabeça latejando, o corpo pesado como se estivesse preso em um pesadelo. Ele tentou se mover, mas a dor o fez gemer. O cheiro de antisséptico enchia o ar, e o som de monitores apitando parecia distante, abafado. Ele piscou, confuso, tentando lembrar o que havia acontecido.

Uma médica se aproximou, o rosto marcado por uma expressão de pesar.

— Sr. Mountbatten, começou, a voz firme, mas suavizada pela compaixão. — O senhor está no hospital. Houve um acidente de carro.

Lucas sentiu o coração disparar, o pânico subindo pela garganta.

Lucas: Meus filhos... Luke e Mia, onde eles estão?— perguntou, a voz rouca, quase quebrando. — E meu esposo? Oliver, ele tá bem?”

A médica hesitou, o silêncio pesando como chumbo. Ela baixou os olhos por um momento, antes de encará-lo novamente.

— Seus filhos estão na UTI. Eles sofreram ferimentos graves, mas estão estáveis e recebendo os melhores cuidados. Quanto ao seu companheiro...— Ela fez uma pausa, como se as palavras fossem difíceis de pronunciar.— Oliver... ele não resistiu aos ferimentos. Sinto muito.

O mundo de Lucas desmoronou. Um grito rasgou sua garganta, um “Não!” que ecoou pelo quarto, carregado de desespero, dor e incredulidade. Ele fechou os olhos, as lágrimas escorrendo quentes pelo rosto, enquanto a realidade o engolia como um abismo. Oliver, seu amor, sua âncora, se fora. E nada, absolutamente nada, poderia prepará-lo para o vazio que agora tomava conta de seu peito.

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Erica Diniz

Erica Diniz

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2025-08-19

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