Capítulo 4

Giulia Morello

Após trocar de roupa, sigo em passos lentos até o escritório, onde os meus pais e meu irmão mais velho já me esperam. O ambiente está pesado, o silêncio quase palpável. Os três estão sentados, rostos fechados e olhares duros.

Mãe- Sente-se, filha.

Obedeço em silêncio, tentando conter a ansiedade que já me corrói por dentro. Sento-me de frente para eles e aguardo, sem desviar o olhar.

Pai- Vamos para Chicago amanhã!

Giulia- Do que está falando?

Mãe- Ainda acho uma loucura entregar a minha menina nas mãos de um homem que mal conhecemos.

Vitório- O acordo já foi selado, mamma. Não há mais volta. Giulia não tem escolha.

Viro o rosto na direção de meu irmão com os olhos marejados. A dor me atravessa como uma lâmina afiada.

Giulia- É isso que vocês vão fazer comigo? A minha próprio família irá me entregar como se eu fosse... mercadoria?

A revolta toma conta de mim e minha voz sobe, carregada de mágoa. Antes que possa dizer mais, um tapa estala em meu rosto, forte o suficiente para me fazer virar a cabeça. Olho para ele com incredulidade. O homem que deveria me proteger... me vende como se eu fosse nada.

Pai- Não ouse falar assim comigo de novo, Giulia! Sou o seu pai e seu líder. E quando eu digo que você vai se casar, você abaixa a cabeça e obedece. Você nasceu para isso!

Sinto o gosto do amargo descendo pela garganta. Me levanto de cabeça baixa.

Giulia- Vou arrumar as minhas coisas.

Viro as costas e saio o mais rápido que posso. Quando fecho a porta do quarto atrás de mim, as minhas pernas falham e eu escorrego até o chão. Abraço os próprios joelhos e deixo as lágrimas caírem, em silêncio.

Giulia- Talvez seja melhor ser entregue logo... do que continuar sendo um objeto de troca dentro dessa casa.

Sussurro pra mim mesma. Me forço a levantar, enxugo o rosto e caminho até a janela. O céu parece tão distante quanto a liberdade que me foi tirada. A porta se abre devagar, revelando a minha mãe com os olhos vermelhos.

Mãe- Me perdoa, filha. Juro que tentei impedir... tentei de tudo.

Giulia- Eu não reconheço mais o meu pai.

As palavras saem num soluço engasgado. O tapa doeu, mas o que realmente dilacera é a frieza dele. Para ele, eu não passo de uma peça no tabuleiro.

Mãe- Depois de anos em guerra com a máfia de Chicago, essa aliança de sangue é a única forma de garantir a paz. E como o Capo da Outfit não tem filhas... O seu pai decidiu que você se casaria com o único filho dele.

Giulia- Tudo bem. Não adianta lutar contra isso.

Engulo em seco. Está feito.

Mãe- Eu vi uma foto dele. O rapaz é bonito, filha.

Ela tenta sorri

Giulia- Quantos anos ele tem?

Mãe- Trinta.

Giulia- Se chegou aos trinta sem casar... deve ser um libertino maldito.

Minha mãe ri baixo, balançando a cabeça como quem já esperava por essa resposta.

Mãe- Todo homem solteiro é, figlia. Os seus irmãos são a prova viva disso.

Assinto com um meio sorriso. Ela chama uma empregada, que entra trazendo mais três malas. As duas começam a guardar as minhas coisas com cuidado.

Mãe- Leve isso com você.

Ela me entrega um cartão preto com o meu nome gravado em dourado.

Mãe- Mandei fazer quando soube do casamento. Quero que você tenha independência. Não quero que só dependa dele.

Giulia- Ele é mão de vaca?

Pergunto, chocada, e ela solta uma gargalhada.

Mãe- Claro que não! Mas não existe divórcio na máfia, bambina. E se ele ousar encostar um dedo em você... eu mesma mato ele.

Solto uma gargalhada, emocionada, e a puxo para um abraço apertado.

Giulia- Obrigada, mamma. Mas pode ter certeza de uma coisa: se ele me bater... essa será a última coisa que ele fará na vida.

Ela sorri com orgulho.

Mãe- Foi por isso que sempre deixei você treinar com Vitor. Você vai saber se defender Piccola e com essa certeza, posso dormir em paz. Rezo todos os dias para que esse casamento funcione. Mas, acima de tudo, rezo para que você continue sendo você mesma.

Giulia- Eu vou sobreviver, mamma. Pode apostar tudo nisso.

Ela me beija a testa e, após terminarmos de arrumar tudo, se despede. Fico ali, sozinha, encarando a mala pronta, o cartão preto sobre a cama e o peso de um destino que nunca escolhi.

Mas se acham que vão me dobrar tão facilmente… mal sabem com quem estão lidando.

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Comments

Dia Cassexe

Dia Cassexe

Ansiosa pelo encontro do Ricco e Giulia.

2025-07-31

5

Sandra Camilo

Sandra Camilo

já estou contando os minutos pra ver o encontro deles, kkk vou amar o casal cão e gato, kkk, espeto que ele se apaixone primeiro, ➕ mais capítulos por favor autora linda!!👏👏😍

2025-07-31

0

Maria Cruz

Maria Cruz

Eitaaa que agonia pra o encontro de Ricco e Giulia, as farpas serão grandes entre os dois e eu já estou me divertindo antecipado 👏🏼❤️💃💃😅😅😅

2025-08-01

0

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