Ela subiu a escada como quem vai para uma guerra, a porta se fechou com um estrondo mudo, nem isso ela podia mais, bater portas.
Como se o próprio mundo tivesse se calado ao redor de Isadora.
Ela ficou imóvel no meio do quarto por alguns segundos, o coração latejando nos ouvidos, a pele tremendo de pura fúria.
Então, gritou.
Um grito rasgado, fundo, animal.
Empurrou tudo o que havia sobre a mesa. Os porta-retratos voaram, os livros bateram no chão, a bandeja de prata caiu com um tinido estridente.
Nada daquilo era suficiente.
Nada representava o que ela queria fazer com aquele homem.
Salvatore D’Amico.
— Ele não vai me tocar! Não vai me subjugar aquele maldito.
Ela berrou, virando-se para a madrinha que entrava pela porta.
— Eu juro que se ele tentar, eu arranco os olhos dele com as unhas.
A madrinha elegante, sóbria, agora pálida, aproximou-se lentamente, como se Isadora fosse uma bomba prestes a explodir.
E era.
— Você não entende com quem está lidando…
— Você sabia? — Ela questionou inconformada, se soubesse se prepararia, pelo menos achava que se fosse avisada faria algo, mas a madrinha sabia que não era bem assim, que se ela soubesse seria pior, tentaria armar planos e acabaria se enrolando e morta por traição, ou algo pior.
— Sim, claro que sim, todos já, o velório, a sua afronta, você é culpada, não nos culpe por seu pavio curto, não entende quem ele é?
— Eu entendo melhor do que você imagina!
Isadora respondeu.
— Ele matou meu pai, me humilhou na minha própria casa, e agora acha que vai me arrastar pelos cabelos, como se eu fosse uma das vadias dele?
A madrinha respirou fundo. Sentou-se devagar.
— Salvatore não é como os outros homens, Isa. Ele não grita. Ele não discute. Ele não quebra nada com as mãos... porque ele quebra com o olhar. Ele podia ter várias, olhe a sua sorte, metade do conselho já o ofereceu filhas, ele quer você, olha a vida de rainha e aceita.
O que sua madrinha falava soava doentio, que ele se case com quem quiser, mas ela o odeia, ele só sentiu atração pela queda de braços, é isso que ele quer medir forças.
— Eu vou quebrá-lo.
Isadora murmurou.
— Vou destruir aquele maldito de dentro para fora. Fazer ele se ajoelhar antes mesmo de pensar em me possuir. Juro por tudo que me restou que não vou permitir que ele me toque. Nunca.
Ela tremia.
De raiva.
De medo.
De algo mais sombrio que ela não queria nomear.
A madrinha se levantou, foi até ela e segurou seu rosto com delicadeza.
— Ele pode te destruir, Isadora. Por dentro. E você nem vai perceber quando começar a ceder.
Isadora afastou as mãos dela, com lágrimas nos olhos — não de dor, mas de frustração.
— Eu não sou fraca.
— Nem eu disse que você é.
A madrinha sussurrou.
— Mas ele é o tipo de homem que quebra mulheres fortes... e as faz gostar disso. Escuta, ninguém sabe porque ele matou seu pai, nenhum homem ousa comentar conosco, mas seja o que for deixe isso no passado.
Silêncio.
Isadora virou-se para o espelho.
A imagem refletida mostrava uma mulher bela, furiosa, de punhos cerrados e alma em chamas.
— Ele me levou contra minha vontade. Mas ele não sabe o que levou.
E então disse em voz baixa, para o reflexo, como um pacto selado:
— Eu sou uma Valentini. E vou fazer o D’Amico sangrar.
Sua madrinha fecha os olhos resignada, as malas prontas ficam ali como se gritassem e ela tramando em sua mente diversas formas de destruir ele.
— Aceitar é como negar meu sangue, e isso nunca vai acontecer.
Então desceu a escada, postura de rainha, coração despedaçado, ele ganhou uma batalha, mas não aquela guerra.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 37
Comments
Elenir Lima
Sinto dizer que ele ganhou a batalha e a guerra e você ainda não se deu conta. E quem será a criança de onze anos que Salvatore falou no dia em que matou o pai dela ?🤔
2025-07-29
1