Jaula Dourada.

A mansão da madrinha dela era grande, mas o silêncio era maior.

A única parente viva da mãe dela, a sobra de um povo que se acabou, diferente dos familiares de Giuliano, que se espalhavam como praga e eram muitos.

Desde os quinze anos, Isadora Valentini viveu ali, entre tapeçarias pesadas, escadas sem ecos e criados que evitavam seu olhar. Era uma princesa órfã, herdeira de um império criminoso, criada sob vigilância. Uma gaiola feita de ouro, onde cada parede lembrava a ela quem tinha sido seu pai... e quem a matou.

Salvatore D’Amico.

Ela repetia esse nome todas as noites, como um veneno. Um feitiço. Um juramento.

— Quando eu fizer dezoito… eu acabo com tudo, destruo aquele império, não me caso, me armo e mato, sem dó, deixando a cabeça dele desfigurada assim como a do meu pai, todos temerão o nome Valentini quando minha vingança acabar.

Ela dizia diante do espelho, olhando para o próprio reflexo com ódio nos olhos.

Liberdade. Essa era a única herança que queria.

Aos dezesseis, tentou fugir. Foi capturada antes de chegar à estação de trem.

Aos dezessete, escondeu documentos falsos. Alguém descobriu.

Agora, com dezoito anos recém-completos, não havia mais planos.

Havia uma decisão.

🕯️ A Chegada à Mansão Valentini:

O dia esperado chegou, ela se arrumou, juntou as malas, esperando que não precisasse voltar, ingenuamente esperou que as coisas passassem a ser todas dela.

O carro preto parou diante do portão de ferro. Isadora desceu com os saltos batendo firme no chão, a postura ereta, os cabelos castanhos presos em um coque impecável. Vestia preto. Ainda luto. Mas já era uma mulher.

A mansão do pai se manteve fechada, pessoas que ela não via desde o funeral a receberam, tudo parecia menor agora. Ou talvez ela tivesse crescido demais por dentro.

A porta foi aberta por um advogado de rosto pálido e olhos vazios. Ao lado dele, a madrinha, elegante como sempre, mas com os ombros curvados de quem sabia o que viria, os irmãos do seu pai, alguns primos, o maldito conselho, todos estavam ali, todos querendo uma parcela daquilo, ou só averiguar se sairia tudo de acordo.

— Isadora, — o advogado disse. — Obrigada por vir. Seu pai deixou instruções precisas. Hoje, lemos o testamento, só me confirme sua idade.

Ela não respondeu. Apenas entrou.

— 18 anos. — sua madrinha respondeu envergonhada, parecia que ela fazia questão de provocar se achando superior a tudo.

📜 A Leitura:

A sala estava abafada. Um abajur aceso, uma poltrona com a marca do tempo, e uma mesa onde repousavam os papéis da fortuna. A fortuna suja.

O advogado limpou a garganta.

— Este é o testamento oficial de Giuliano Valentini. Redigido e registrado perante o Conselho da Cúpula.

Isadora cruzou os braços impaciente, ela realmente pensava que tudo ia sair do jeito que ela queria.

— Vamos ao que interessa.

Ele assentiu, e mesmo com burburinhos leu em voz alta:

“Deixo à minha filha única, Isadora Giulietta Valentini, todo o patrimônio sob meu nome:

Aquilo foi o primeiro estopim, os sanguessugas queriam um pouco, mas ela não disse nada.

— Cotas majoritárias da holding Valentini International (avaliadas em 3,2 bilhões de dólares);

— Sete imóveis em território europeu, incluindo esta mansão;

— Joias, obras de arte e propriedades não declaradas, com valor estimado superior a 900 milhões de dólares;

— E acesso à conta codificada em Zurique, cujo saldo atual ultrapassa 1 bilhão de dólares.”

Isadora arregalou os olhos. Não pelo número, mas porque era real. Ela era a dona do império agora.

— Qual a cláusula? Vamos lá. Tem sempre uma.

Ela caiu na realidade, sempre tinha uma cláusula.

O advogado hesitou. A madrinha fechou os olhos.

Ele continuou:

“No entanto, o acesso pleno a esse patrimônio está condicionado a uma única exigência:

Isadora deverá se unir em matrimônio ao herdeiro reconhecido e aprovado pelo Conselho, até os trinta dias após a leitura deste testamento.”

Silêncio.

O coração dela martelava, imaginou que deveria de fato fazer algo, mas nenhum plano a preparava para aquilo.

— Quem?

— Com quem eu tenho que me casar?

— Quem assinou essa merda de cláusula?

O advogado engoliu seco.

— O nome... foi incluído após a morte de seu pai, com aprovação unânime da cúpula.

Ele baixou os olhos para o documento.

— Salvatore D’Amico.

A palavra bateu nela como um soco.

Isadora deu um passo para trás. O mundo girou.

— Não. Isso é uma piada. Uma provocação. Eu prefiro morrer.

A madrinha se aproximou, mas ela recuou com fúria.

— Eles querem me dar em casamento ao assassino do meu pai? Querem me fazer dormir com o diabo por um pedaço da fortuna que já é minha por direito? Nunca…

O advogado tentou intervir:

— Se a senhorita se recusar, todos os bens serão congelados e redistribuídos ao Conselho.

— E que queimem tudo.

Ela cuspiu as palavras.

— Prefiro viver com fome do que me casar com esse maldito.

— Filha, pensa, se recusar ele ficara com tudo, não lhe dê o gosto.

Sua madrinha a fez pensar, ele não tinha o direito, ela o odiava, mas sabia.

Sabia que não tinha escolha.

Eles a prenderam com a única coisa que ela precisava: a liberdade.

E o preço dela… era o nome que ela odiava.

Salvatore D’Amico.

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Comments

Ester

Ester

bonita mas muito infantil se o pai era o crápula que fazia este tipo de negócio dentro da própria casa ela é bem burrinha e ingênua pra não ver ou não quis ver

2025-07-30

3

Elenir Lima

Elenir Lima

Eita que agora complicou tudo, Isa agora é a hora da cautela agir por impulso não vai te beneficiar

2025-07-29

1

Katia Sousa

Katia Sousa

qd ela descobrir sobre o pai que decepção, querendo vingança, tadinha

2025-07-30

0

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