PODER DA PROMESSA

A chuva caía com força naquela manhã de sexta-feira, como se o céu quisesse acompanhar o luto de todos os presentes. O chão do cemitério estava encharcado, os guarda-chuvas enfileirados como soldados enlutados, e o ar carregava o peso da despedida. O som abafado da terra tocando o caixão se misturava às respirações contidas, aos soluços discretos e às lembranças que pesavam mais do que qualquer palavra.

Daiana mal piscava. Os olhos vermelhos denunciavam o choro da noite anterior, mas agora, diante do túmulo do pai, ela apenas permanecia imóvel, com o rosto pálido e os ombros enrijecidos. Ao seu lado, o irmão apertava sua mão com força — não como consolo, mas como acusação muda. Ele não precisava dizer: ela sabia. Sabia que, aos olhos da família, Daiana nunca esteve por perto o suficiente. Fugiu do destino imposto, ignorou os negócios da família, preferiu desenhar no corpo dos outros do que assinar contratos. E agora ali estava, vestindo preto, como se isso fosse suficiente.

Poucos passos atrás, Alana mantinha o olhar firme, os braços cruzados sob o casaco. Nenhuma lágrima escapava, mas a dor estava ali, contida como um grito preso no peito. A morte de Vitor Rivera era mais que a perda de um patrão. Ele fora seu mentor, seu apoio, o homem que acreditou nela quando ninguém mais o fez. Ainda se lembrava das últimas palavras dele no hospital, da maneira como ele apertou sua mão e pediu que ela continuasse — que não deixasse o legado dele morrer. Ela prometeu. E agora, sentia o peso daquela promessa ecoando em cada batida do coração.

Quando o enterro terminou, Alana segurava o guarda-chuva próximo ao carro, esperando o momento certo para ir embora. Não queria interações, não queria conversas. Queria silêncio. Mas, ao olhar para o lado, viu uma silhueta se aproximando.

— Bom dia. Não fomos apresentadas — disse a mulher, com um leve sorriso nos lábios. — Sou Daiana.

Alana ergueu os olhos devagar e a encarou. Bonita demais para o próprio bem. E irritante o suficiente para já incomodar.

— Eu sei quem você é. A nova CEO. — Sua voz soou firme, sem esforço para disfarçar o desagrado.

— Prazer, Alana. Vamos trabalhar juntas. Até segunda. — E antes que Alana respondesse, Daiana já caminhava de volta em direção à família.

Alana revirou os olhos, contrariada. Não pela ousadia, mas pela ironia cruel do destino. A filha rebelde, afastada dos negócios, agora era sua chefe. Ela, que dedicou anos à empresa, que conhecia cada processo, cada cliente, cada decisão. Ela, que estava pronta. Mas aparentemente, esforço e mérito não pesavam tanto quanto o sobrenome certo.

Entrou no carro sem se despedir de mais ninguém. O motor ligou, mas ela permaneceu ali, encarando a direção, como se tentando encontrar força para o que viria. Segunda-feira seria o início de uma nova fase. E ela já sabia que não seria fácil.

Nem para ela. Nem para Daiana.

Na mansão da família Rivera, o luto dava lugar ao desconforto. O silêncio elegante da casa, antes respeitoso, agora era atravessado por vozes em tom de guerra. No escritório de madeira escura, onde quadros clássicos dividiam espaço com prêmios corporativos, os irmãos Rivera protagonizavam um duelo que já vinha sendo adiado há anos.

— Você precisa deixar de ser essa garotinha mimada! — gritou Carlos Rivera, o presidente do Grupo Rivera, com os punhos cerrados sobre a mesa de mogno. — Segunda-feira sua vida real começa. Eu não vou mais bancar seus caprichos, e mamãe está comigo nessa decisão.

Daiana permaneceu de pé, os olhos faiscando raiva e orgulho ferido. O blazer alinhado parecia sufocar sua impaciência.

— Eu vou trabalhar nessa empresa porque prometi isso ao papai antes dele morrer. — Sua voz saiu firme, ainda que embargada de emoções mal digeridas. — E eu sou mulher de cumprir minhas promessas.

Carlos estreitou os olhos, se aproximando com passos duros.

— Você agora é a CEO. Convenci o conselho inteiro a dar essa chance pra você — mesmo sabendo que papai queria Alana no cargo. Que treinou ela, moldou ela. — Fez uma pausa longa antes de continuar: — Não decepcione o nome que carrega. Não decepcione o papai. E nem o grupo.

O silêncio que se seguiu foi interrompido por Daiana, que até então observava tudo de um canto, sentada com a postura de quem queria desaparecer, mas sabia que não podia.

— Poderia ter me colocado em um cargo mais baixo… Eu não me importaria. — murmurou, quase sem encarar ninguém.

Carlos se virou como uma tempestade prestes a explodir.

— Você é uma Rivera! — gritou ele antes de bater a porta e desaparecer pelo corredor, deixando atrás de si um rastro de tensão.

O silêncio retornou como uma sombra densa. Daiana passou a mão pelos cabelos, bagunçando-os ainda mais. Caminhou lentamente até a janela, onde a luz cinzenta do fim de tarde mal conseguia atravessar a névoa fina da chuva. Acendeu um cigarro com mãos trêmulas e, ao tragar, tentou encontrar ar no meio do peso que agora sentia no peito.

Do outro lado do vidro, o jardim da infância se estendia. Era o mesmo de quando ela brincava com a mãe entre as roseiras e corria descalça na grama. Agora, aquele lugar era só um lembrete de que tudo havia mudado. Ela estava de volta. Mas nada era leve.

Carregava um sobrenome, uma promessa feita em um leito de hospital… e um cargo que talvez não tivesse o direito de ocupar.

E a única coisa que ela sabia com certeza é que Alana não estava nada satisfeita com aquilo.

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...✨ Vamos espalhar esse amor caótico por aí?...

...#GabsOliver #MinhaAssistenteMeuCaos #HistóriasComOrgulho...

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Comments

Maria Andrade

Maria Andrade

já estou gostando me parece bem interessante

2025-08-04

1

Barbara Coveteiraples

Barbara Coveteiraples

um clima de amor e ódio, ja gostei

2025-08-09

0

Leslie

Leslie

bem interessante.../CoolGuy/

2025-08-02

0

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