"Quando os Olhos Começam a Ver"
Na manhã seguinte, Alex chegou mais tarde. A aula já havia começado quando ele entrou na sala, e todos os olhares se voltaram para ele. Nada novo. Mas aquele dia tinha algo diferente.
Havia cochichos. Risadinhas abafadas.
Ele ignorou, como sempre fez com esse tipo de coisa. Mas quando se sentou, percebeu uma folha amassada sobre a carteira.
“Vai namorar o Jonas mesmo? Viadinhos combinam.”
As palavras estavam rabiscadas com caneta preta, letras mal desenhadas, covardes.
Alex respirou fundo. Por um momento, sentiu o sangue subir. Depois, lentamente, amassou o papel e o guardou no bolso. Não ia dar poder a isso. Não agora.
Na saída, encontrou Jonas no pátio, de fones no ouvido e expressão fechada. O cabelo caía sobre os olhos, e ele parecia se esconder até de si mesmo.
— Alguém já te falou? — perguntou Alex, se sentando ao lado.
Jonas olhou para ele, a expressão carregada.
— Falaram. Sussurraram no corredor. Riram de mim na hora do almoço. Um cara me empurrou no vestiário e disse: "Sai de perto, florzinha".
Alex sentiu o peito apertar.
— A gente já sabia que podia acontecer...
— É, mas dói — Jonas interrompeu. — Não achei que doeria tanto.
Houve silêncio. Um daqueles que sufoca. Que pesa.
— A gente pode parar — Jonas disse de repente, a voz baixa. — Fingir que não tá acontecendo. Só até tudo acalmar.
Alex olhou pra ele, sério.
— Você quer parar?
Jonas engoliu seco. — Não. Mas tô cansado de apanhar por algo que nem entendo direito ainda.
— Então a gente não para. Mas caminha devagar. Como for mais seguro. E se for preciso, eu brigo com o mundo. Só não quero brigar com você de novo.
Os olhos de Jonas marejaram.
— Você fala bonito demais, sabia?
— Culpa sua. Você me deixa assim.
Eles riram. Riso abafado, nervoso, mas sincero. Porque ainda havia medo, sim — mas também havia amor, mesmo que eles ainda não soubessem nomear com certeza.
Na semana seguinte, algo inesperado aconteceu. Durante uma aula vaga, Luana, sentada com algumas meninas na quadra, comentou em voz alta:
— Engraçado como tem gente que se preocupa mais com o amor dos outros do que com a própria vida, né?
Alex estava próximo, e a frase ecoou como escudo. Jonas, que passava logo atrás, olhou para ela, surpreso.
Luana piscou. Uma piscadinha cúmplice.
Aos poucos, outros alunos começaram a demonstrar apoio. Discreto, mas real. Um gesto de cabeça, um sorriso que dizia "tô com vocês". Nem todos, claro. Mas o suficiente para não se sentirem sozinhos.
Um dia, na saída, Jonas puxou Alex pelo braço e, sem dizer nada, encostou a testa na dele. Ali, no meio da rua, com carros passando e pessoas andando, eles não se esconderam.
Não se beijaram.
Não se abraçaram.
Mas ficaram ali, um diante do outro, olhos fechados, sentindo o calor, a presença, a certeza.
E naquele gesto simples, cheio de silêncio e verdade, Alex teve certeza:
Eles não estavam mais lutando um contra o outro. Agora, lutavam juntos.
eu escrevi isso só pra poder ir😁
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 42
Comments
fofoqueira de plantão✌️
Pelo menos eles tem um ao outro
2025-08-28
0