Silêncios Que Dizem Muito
Depois daquele dia na biblioteca, algo mudou entre eles.
Não houve declarações. Nem promessas. Mas os silêncios, antes carregados de tensão, agora tinham outra textura — suave, quase confortável. Quando se encontravam pelos corredores, já não trocavam farpas, e sim olhares rápidos, discretos, mas intensos.
Na segunda-feira seguinte, Alex chegou mais cedo na escola. Ele nunca fazia isso. Mas havia algo que o inquietava. Uma vontade de ver Jonas de novo. Entender o que estava acontecendo dentro de si.
Sentado no pátio vazio, Alex folheava distraidamente um livro que pegou da biblioteca. Nem sabia por que estava com ele. Até ouvir passos.
— Você realmente está lendo poesia ou só tá segurando pra parecer profundo? — disse Jonas, com um sorriso provocador.
Alex ergueu os olhos, sorrindo de lado.
— E você realmente veio aqui só pra me zoar ou... sentiu saudade?
Jonas hesitou por um segundo. E foi aí que Alex percebeu. A brincadeira estava ali, mas agora vinha misturada com verdade.
— Talvez um pouco dos dois — respondeu ele, sentando ao lado de Alex. — Você me irritava tanto, sabia?
— Eu sei. Mas acho que era porque a gente se via demais um no outro.
O silêncio caiu de novo, mas era confortável dessa vez. Os olhos de Jonas se perderam nos de Alex, e por um instante, tudo ao redor pareceu parar. Nenhum barulho de escola, nenhum aluno correndo. Só eles dois, naquele espaço onde o tempo desacelerava.
— Eu nunca... gostei de ninguém assim — disse Jonas, quase num sussurro. — E muito menos de outro garoto.
— Nem eu — respondeu Alex, com sinceridade. — Mas, com você... é diferente. E isso me assusta. Mas também me atrai.
O sol começava a subir, e seus rostos eram banhados por uma luz quente e dourada. Jonas estendeu a mão, com um leve tremor.
Alex olhou para ela, e sem dizer nada, segurou com firmeza.
Ali, no meio da escola onde antes eram vistos como inimigos, eles descobriram o que era ser cúmplice, mesmo sem entender completamente o que estavam sentindo.
O amor começava tímido. Mas era verdadeiro.
Naquele dia, depois do toque do sinal, Alex e Jonas caminharam juntos até o portão da escola. Era estranho. Natural demais. Não havia empurrões, nem piadas maldosas — só passos sincronizados e um silêncio cheio de perguntas não ditas.
— Me espera amanhã? — perguntou Jonas, quase sem encarar.
Alex parou por um segundo. O coração acelerou. E a resposta saiu sem hesitação:
— Espero.
No dia seguinte, o ritual se repetiu. No outro também. Os dois passaram a se encontrar antes das aulas e, depois, à tarde na biblioteca, mesmo sem obrigação. Ninguém entendia. Nem eles. Mas havia uma segurança ali — um espaço onde poderiam ser só... eles.
Com o tempo, os olhares se tornaram toques sutis. Um encostar de braço, uma troca de livros onde os dedos se encontravam. Cada gesto dizia mais do que palavras.
Na sexta-feira, enquanto guardavam alguns exemplares nas prateleiras, Jonas parou. Virou-se para Alex, o rosto sério, os olhos atentos.
— Você acha que... isso aqui é errado?
Alex respirou fundo. Sentiu um medo antigo se agitar dentro do peito. Mas encarou Jonas com firmeza.
— Não. Errado era quando a gente se odiava. Isso aqui... é o mais certo que eu já senti.
Jonas sorriu. E, pela primeira vez, o silêncio entre eles terminou com um abraço — demorado, tímido, mas cheio de verdade.
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Atualizado até capítulo 42
Comments
fofoqueira de plantão✌️
Eles são muito lindinhos, queria que fosse assim na vida real kakak
2025-08-28
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