O ar no quarto parecia vibrar com a tensão da ordem de Keizo. Jantar. Com ele. Nyonya podia sentir a adrenalina correndo em suas veias, não de medo, mas de um misto de raiva e uma determinação feroz. Ele queria vê-la submissa, quebrada. Ela lhe mostraria que, mesmo presa, sua vontade era indomável. "Se você quer desafio, eu sou seu desafio", pensou, repetindo mentalmente a frase como um mantra de guerra.
Ela se recusou a usar qualquer uma das roupas luxuosas que ele havia providenciado. Em vez disso, escolheu permanecer nas mesmas vestes simples que usava na noite do sequestro, agora amassadas e sujas – um ato de rebeldia silencioso, mas poderoso. Arrumou os cabelos castanhos-claros e pretos em um coque apressado, os olhos cor de mel fixos no espelho, um brilho de desafio neles. Não haveria maquiagem para esconder sua fúria, nem joias para disfarçar seu cativeiro. Ela seria Nyonya, a estudante sequestrada, e não a "propriedade" que ele desejava.
Quando a hora do jantar se aproximou, Marco veio buscá-la. Seu olhar avaliou as roupas dela, mas ele não disse nada, apenas gesticulou para que o seguisse. Nyonya marchou para fora do quarto com a cabeça erguida, seu coração batendo um ritmo frenético, mas sem vacilar.
A sala de jantar era tão grandiosa quanto o resto da mansão. Uma mesa de madeira escura e polida, que parecia ter metros de comprimento, dominava o centro, com apenas dois lugares postos, um em cada extremidade – a distância entre eles era quase simbólica do abismo que os separava. Cristais cintilavam, e pratos de porcelana fina aguardavam. Keizo já estava sentado, impecável em um terno escuro, a postura elegante e relaxada, como se estivesse apenas aguardando um convidado casual. Ele não levantou os olhos do copo de uísque que girava em seus dedos quando ela entrou, uma demonstração calculada de desdém que Nyonya captou imediatamente.
Ela caminhou até sua cadeira, a mais distante possível da dele, e se sentou, sem convite. A quietude da sala era opressora, quebrada apenas pelo tilintar ocasional do gelo no copo de Keizo.
"Não planejava se arrumar para a ocasião, Nyonya?", Keizo finalmente falou, sua voz era baixa, mas cortante, seus olhos negros se fixando nas roupas dela. Havia uma nota de reprovação, mas também um leve traço de curiosidade, como se ele estivesse analisando sua insolência.
"Eu não estou em um encontro, Keizo", ela retrucou, o nome dele saindo de seus lábios com uma dose de desprezo que ela não se preocupou em esconder. "Estou sendo mantida refém. Não vejo motivo para um traje de gala."
Um pequeno músculo em sua mandíbula se contraiu, uma indicação sutil de que suas palavras haviam atingido o alvo. "Você é minha convidada. Deveria ter mais respeito pelo anfitrião."
"Anfitrião? Você é meu sequestrador!", Nyonya elevou a voz, suas mãos se apertando sob a mesa. "Respeito é algo que se conquista, Keizo, não se exige com coerção e violência."
Os olhos escuros de Keizo se estreitaram perigosamente, mas sua expressão permaneceu impassível. Ele sinalizou para um dos garçons silenciosos, que imediatamente começou a servir a entrada. Nyonya se recusou a tocar a comida, sua atenção totalmente focada em provocá-lo.
"Então, o grande Chefe da Máfia, o CEO de fachada... Sequestrar uma estudante é o seu método para recuperar dívidas?", ela continuou, sua voz cheia de sarcasmo. "Não tem outros meios? Isso parece... desesperado. Pouco profissional para alguém do seu calibre."
Um silêncio pesado caiu sobre a mesa. O garçom, que estava prestes a colocar um prato na frente de Keizo, hesitou, sentindo a tensão no ar. Os olhos de Keizo não deixaram os de Nyonya, e um brilho gélido surgiu neles. Era o tipo de olhar que prometia dor, que faria a maioria das pessoas se encolherem. Mas Nyonya se recusou a ceder.
"Você tem um jeito peculiar de testar minha paciência, Nyonya", ele disse, cada palavra carregada de uma ameaça contida. "A dívida de seus pais é real e imensa. Eu poderia ter levado algo muito mais valioso, ou feito algo muito mais... permanente a eles. Você deveria ser grata por estar aqui, viva, e em segurança."
"Grata por ser sua prisioneira?", ela riu, um som amargo. "Você me tirou tudo! Meus pais, minha faculdade, meu futuro! E você espera que eu seja grata?" Ela se inclinou para frente, seus olhos cor de mel fixos nos dele com uma intensidade ardente. "Eu não sou uma mercadoria, Keizo. Eu sou Nyonya. E eu nunca vou pertencer a você."
Keizo largou o garfo com um tilintar metálico que ecoou na sala silenciosa. A expressão em seu rosto se endureceu, e Nyonya viu a calma implacável que ele normalmente exibia começar a rachar. O autocontrole que o tornava tão perigoso estava sendo desafiado.
"Sua rebeldia será quebrada, Nyonya", ele afirmou, sua voz agora mais baixa, mais rouca, carregada de uma fúria controlada que era quase mais assustadora do que um grito. "Você aprenderá que a resistência é fútil. Você é minha, por direito. E você vai entender isso."
"Tente me quebrar", ela o desafiou, um sorriso perigoso em seus lábios. "Eu prometo que você vai se arrepender. Eu vou tornar sua vida um inferno, Keizo. Cada segundo que eu estiver aqui, você vai desejar nunca ter me sequestrado."
Keizo se levantou abruptamente, derrubando a cadeira com um estrondo. O som ressoou pela sala, rompendo completamente a atmosfera tensa. Seus olhos escuros ardiam com uma fúria que Nyonya nunca havia visto antes, mas ela se recusou a desviar o olhar. Ele caminhou ao redor da mesa, os passos firmes e decididos, até parar bem na frente dela. O ar entre eles estava carregado de eletricidade, uma batalha de vontades silenciosa.
"Você não sabe com quem está lidando", ele rosnou, sua voz perigosamente baixa.
"Eu sei exatamente com quem estou lidando", Nyonya respondeu, sua voz firme, apesar do coração batendo forte em seu peito. "Com um homem que se esconde atrás de um terno e uma reputação para roubar a liberdade de pessoas inocentes."
Keizo estendeu a mão, e Nyonya pensou que ele a bateria. Mas, em vez disso, seus dedos se fecharam em seu queixo, apertando-o levemente. Seus olhos se cravaram nos dela, a intensidade era quase esmagadora. "Você é fogo, Nyonya", ele sussurrou, a voz rouca, uma mistura de raiva e algo mais, algo que ela não podia identificar. "E eu gosto de brincar com o fogo. Mas aviso: eu sempre venço." Ele a soltou tão abruptamente quanto a havia segurado, e se virou, deixando-a sozinha na sala de jantar grandiosa e agora gelada.
O baque da porta se fechando atrás dele ecoou, deixando Nyonya sozinha com o silêncio e o prato intocado à sua frente. Sua respiração estava ofegante, mas um sorriso de triunfo surgiu em seus lábios. Ela o havia atingido. Ela o havia feito perder a calma. O jogo estava apenas começando, e ela não tinha intenção de perder.
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Atualizado até capítulo 107
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