Josh saiu do instituto com os ombros pesados, como se carregasse o olhar penetrante de Murilo grudado em suas costas. A voz suave do mafioso ainda ecoava em sua mente: *"Promete vir amanhã?"* Como se houvesse a possibilidade de Josh não aparecer. Como se ele *pudesse* simplesmente sumir.
Chegando em casa, ele trocou rapidamente de roupa, vestindo algo mais casual — uma camiseta preta e um jeans —, mas nem mesmo as roupas confortáveis conseguiram aliviar a tensão que o acompanhava.
A cafeteria era aconchegante, cheia do aroma de café fresco e do murmúrio baixo de conversas. Lucas já estava lá, sentado em um canto próximo à janela, com dois cappuccinos fumegantes sobre a mesa.
— *Finalmente!* — Lucas levantou a mão em saudação, sorridente. — *Pensei que você ia me deixar plantado.*
Josh sorriu, genuíno pela primeira vez naquele dia, e deslizou para a cadeira oposta.
— *Desculpa, o trabalho tá… complicado.*
— *Ah, sim, o seu paciente VIP.* — Lucas girou o café na xícara, os olhos brilhando de curiosidade. — *Então, como é tratar o chefão da máfia? Ele já tentou te corromper ou algo assim?*
Josh riu, mas o som saiu mais tenso do que deveria.
— *Não é bem assim. E eu não posso falar muito, você sabe… confidencialidade profissional.*
Lucas ergueu as mãos em sinal de rendição.
— *Tá, tá, Dr. Sigilo. Mas pelo menos me diz uma coisa: ele é tão assustador quanto parece?*
Josh olhou para o café, evitando o olhar do amigo.
— *Ele é… diferente do que eu esperava.*
Lucas franziu a testa, percebendo que Josh não ia se aprofundar.
— *Cara, você tá estranho. Tá tudo bem?*
Josh respirou fundo, fingindo um sorriso relaxado.
— *Tá sim, só cansado. E você? Como tão as coisas na faculdade?*
A mudança de assunto funcionou. Lucas lançou-se em uma história animada sobre um professor excêntrico e uma prova que tinha virado meme entre os alunos. Josh riu nos momentos certos, fingindo normalidade, mas sua mente ainda estava presa na sala de terapia, naquele sorriso afiado de Murilo.
— *E aí, vamos sair no fim de semana?* — Lucas perguntou, terminando o café. — *Você precisa se distrair.*
Josh hesitou.
— *Vamos ver. Tô cheio de trabalho.*
— *Sempre a mesma desculpa.* — Lucas revirou os olhos, mas sorriu. — *Mas tudo bem. Só não some, ok?*
Josh assentiu, mas uma parte dele já sabia que "não sumir" não era uma promessa que ele poderia garantir.
Quando se despediram do lado de fora da cafeteria, o céu já estava escuro. Josh olhou para o telefone — nenhuma mensagem, nenhuma ligação perdida. Ainda assim, ele não conseguia se livrar da sensação de que estava sendo observado.
E, em algum lugar, ele sabia que Murilo já estava antecipando seu próximo movimento.
O silêncio do apartamento pesava mais que o normal. Ele respirou fundo, tentando afastar a paranoia que insistia em grudar nele desde aquela manhã.
— *É só cansaço* — murmurou para si mesmo, esfregando os olhos.
Mas quando entrou no quarto, o ar gelou em seus pulmões.
**Outra rosa.**
Vermelha, fresca, descaradamente posicionada no centro da cama — exatamente como a primeira.
— *Que merda é essa?!*
Josh avançou até a flor, pegando-a com força suficiente para esmagar o talo. Nenhum perfume suave desta vez, só o cheiro metálico da raiva e do medo. Ele revirou o quarto inteiro:
- Janelas? **Trancadas.**
- Porta? **Só ele tinha chave.**
- Possibilidade de ser um erro? **Zero.**
O telefone vibrou no bolso. Josh quase pulou. Era Lucas:
**"Esqueci de te contar… vi um cara estranho perto da cafeteria. Tava olhando pra gente. Depois te mando a descrição."**
O sangue de Josh congelou.
Ele correu até a janela, puxando a cortina de lado — o estacionamento vazio, apenas sombras dançando sob postes de luz. Nada.
Ou… *ninguém.*
Voltou ao centro do quarto, a rosa agora esmagada em seu punho cerrado. Pétalas caíam no chão como gotas de sangue.
Foi quando viu.
No espelho do guarda-roupa, escrito no vapor residual de seu banho anterior:
**"Você nunca está sozinho, Doutor."**
Josh não pensou. Arrancou a toalha molhada da cama e esfregou o espelho furiosamente, até a mensagem desaparecer.
Respirações aceleradas. Mãos trêmulas.
E então — *o barulho.*
Algo roçando a porta da frente.
Devagar. Deliberado.
Josh não moveu um músculo.
Até que o *toque* veio:
**Toc. Toc. Toc.**
Três batidas precisas.
E uma voz que não era Murilo, mas carregava a mesma escuridão:
— *Entrega pro chefe. Ele não gosta de esperar.*
Algo deslizou por baixo da porta — um envelope de linho preto.
Josh esperou até os passos sumirem no corredor. Até o silêncio voltar.
Só então se aproximou, pegando o envelope com a ponta dos dedos.
Dentro, uma única bala de revólver — calibre .38 — e um bilhete
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Comments
Thayane
tá muito boa a sua história perfeitamente narrada personagens que prendem o leitor na história porque não tem nenhum comentário eu não sei mais que tá ótimo isso eu tenho certeza ☺️☺️ seu trabalho merece ser valorizado
2025-07-26
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