Sombra Em Detroit

Sombra Em Detroit

Capítulo 1 - Negócio Perdido

Existem coisas que se esquecem com o tempo.

E outras... que a gente escolhe apagar.

Detroit, para Eve Wong, era mais do que uma cidade podre de concreto e fumaça. Era o túmulo de quem ela foi.

O nome antigo, os documentos, os rostos da infância — tudo foi queimado numa madrugada silenciosa, quando ela tinha apenas dezesseis anos e sangue inocente nas mãos. Não por escolha. Por sobrevivência.

O pai batia. A mãe se calava. Os vizinhos fingiam não ouvir.

Até o dia em que Eve pegou a faca da cozinha, com as mãos ainda trêmulas, e nunca mais foi a mesma.

Não houve lágrimas. Só silêncio.

Ela sumiu. Virou um número, uma sombra nos sistemas.

E aos poucos, se moldou em algo que nem o próprio inferno ousaria encarar.

Durante anos, treinou com mercenários, atravessou fronteiras sem nome, aprendeu a matar rápido, sem barulho, sem culpa.

Seu nome passou a circular em sussurros entre os que contratam a morte como se pedissem um café.

Mas ninguém sabia quem ela era. Só sabiam de uma coisa:

Quando a fantasma aparecia... alguém ia desaparecer.

Durante o dia, ela usava outro rosto. Um sorriso leve, um cabelo preso, um avental com cheiro de café.

Durante a noite, era a lâmina na garganta, o gatilho puxado com precisão, a sentença final.

Eve Wong não nasceu má.

Ela foi moldada.

Desenhada para não sentir.

E, até hoje, não havia nada que a fizesse vacilar.

 

Detroit, 9h12 da manhã.

A fumaça do café fresco subia em espirais suaves sob a luz dourada que entrava pela vitrine da Brew Bliss, a cafeteria localizada numa esquina discreta da Jefferson Avenue. O cheiro de café moído se misturava com o som ambiente de talheres, passos apressados e a música jazz suave que tocava ao fundo.

Eve Wong estava atrás do balcão, de avental preto e cabelos presos em um coque frouxo. Os olhos negros escaneavam o salão com naturalidade. Ela sorria com a mesma expressão de todos os dias, gentil, mas distante. Sabia ser simpática o suficiente para passar despercebida. Invisibilidade era uma arte.

— Latte com leite de aveia para a mesa cinco — disse ela, empurrando a xícara na direção de Lívia.

— Nossa, você faz isso parecer fácil demais — comentou Lívia, loira dos olhos azuis, enquanto colocava o pedido na bandeja. — Você não cansa de ser tão... eficiente?

Eve deu um sorriso de canto.

— Só faço o que precisa ser feito. E rápido.

— Frase de serial killer, sabia? — brincou a amiga, rindo. — Você devia sair mais, viver um pouco... talvez dar uma chance a um encontro?

— Encontro? — Eve ergueu a sobrancelha. — Já saio o bastante à noite.

Antes que Lívia pudesse soltar mais um comentário provocativo, o celular de Eve vibrou discretamente no bolso do avental.

Número oculto.

O mundo ao redor pareceu desaparecer. Ela virou-se de costas, caminhando até o estoque com passos calmos. Atendeu.

— Fale.

— Alvo identificado. Alto escalão, dívida com agiotas pesados. Pagamento: cinquenta mil adiantado. O restante na finalização.

Eve ficou em silêncio por um segundo.

— Nome?

— Dominic Keller. Está escondido num galpão nos arredores da zona industrial. Hoje à noite.

— Enviar localização.

Click. A ligação terminou. Ela guardou o celular, pegou uma caixa qualquer e voltou ao balcão como se nada tivesse acontecido.

— Tudo certo? — perguntou Lívia, notando sua expressão levemente alterada.

—Só lembrei que preciso fazer umas entregas mais tarde. Nada demais.

 

22h49 – Zona industrial de Detroit

Dominic Keller respirava com dificuldade. Estava encostado na parede úmida do galpão, mãos trêmulas, revólver em punho, olhando para o portão fechado.

Ele sabia que tinha inimigos... mas não esperava que eles o encontrassem tão rápido.

Quando o portão se abriu com um estrondo, ele apontou a arma.

— Nem tenta. — disse uma voz fria.

Lian Owen entrou primeiro. O terno impecável contrastava com a sujeira do lugar. Atrás dele, Ivan e Lino se posicionavam como sombras silenciosas.

Dominic engoliu em seco.

— L-Lian... eu juro que vou pagar. Só preciso de mais tempo...

— Você teve tempo. Dois meses e três dias. — Lian retirou uma faca curta do bolso interno do paletó e a girou nos dedos com precisão. — E agora vai pagar de outra forma.

Antes que Dominic pudesse reagir, Lino o desarmou e o prendeu contra a parede.

Dominic gritava. Lino não demonstrava nenhuma pressa ao cortar o rosto dele com precisão clínica, apenas o suficiente para causar dor, não morte.

Lian observava tudo em silêncio, braços cruzados, a sombra de um cigarro recém-acendido iluminando brevemente seus olhos escuros.

— Onde está o restante do dinheiro? — perguntou, sem alterar o tom. — Ou prefere que a gente continue brincando?

Dominic soluçava, sem conseguir responder, quando o portão do galpão rangeu de leve. Todos os olhos se voltaram para a figura que entrou.

Eve Wong. Capuz abaixado, rosto à mostra, expressão entediada como se estivesse atrasada para uma reunião chata. As botas sujas de poeira batiam contra o chão com passos firmes.

Ela parou a uns quatro metros do grupo, mãos nos bolsos do casaco.

— Af... lá se foi minha grana — murmurou. — E eu que quase torci o tornozelo descendo aquele telhado.

Ivan ergueu a arma por reflexo, mas Lian levantou uma mão, ordenando silêncio. Os olhos dele se fixaram nela com interesse. Não era surpresa. Não quando você está cara a cara com uma lenda.

— Você. — disse ele. — A fantasma de Detroit. Nunca imaginei que fosse... tão pequena.

— Engraçado. Eu ia dizer o mesmo de você. Esperava alguém mais… difícil de alcançar.

Lino deu um passo à frente, já irritado, mas Lian fez um leve gesto com o dedo. Silêncio total.

Eve caminhou mais perto, ainda relaxada.

— Dominic era meu. Contrato legítimo, depósito feito. Mas pelo visto, vocês chegaram antes. Podem ao menos me dar a parte dele em carne?

Ela apontou o queixo em direção a Dominic, que agora choramingava no chão.

Lian deu um pequeno sorriso.

— Você cobra por cabeça ou por estilo?

— Depende. Se o cliente for idiota, cobro mais.

O olhar dele demorou um pouco demais no rosto dela. Avaliando. Lendo. Como se estivesse tentando desmontá-la mentalmente.

— Qual o seu nome?

— Isso não estava no pacote, chefe.

— Mas eu gosto de saber o nome das pessoas que me impressionam.

Ela cruzou os braços.

— Vai continuar jogando charme mafioso ou vai pagar o que eu perdi?

— Que tal um acordo? — Lian deu dois passos em sua direção. Ela não recuou. — Você me deve uma explicação por tentar matar um homem que me devia. E eu... talvez tenha um trabalho maior que renderia mais do que esse idiota.

— Estou ouvindo.

— Não aqui. — ele disse, colocando um cartão de metal fino no bolso do casaco dela sem nem tocar na pele. — Amanhã. À meia-noite. Se vier... conversamos.

Ela tirou o cartão e girou entre os dedos.

— E se eu não for?

— Então continuo caçando você... mas de outro jeito.

Eve sorriu. Um sorriso frio, afiado.

— Boa sorte com isso.

Ela deu meia-volta, como se não estivesse cercada por três homens armados, e desapareceu na escuridão do beco como fumaça.

Lian ficou olhando por alguns segundos o ponto por onde ela saiu.

— Essa mulher... — disse Ivan.

— Perigosa. — completou Lian, apagando o cigarro no próprio paletó como se o calor não o incomodasse. — E perfeita.

 

23h18 – Rua lateral, zona industrial

A noite seguia molhada e pesada, com as luzes dos postes falhando em iluminar as poças espalhadas pelo asfalto rachado. Eve caminhava com passos firmes até a lateral do prédio abandonado onde sua moto a esperava — uma Ninja preta, silenciosa, veloz como um raio e tão discreta quanto ela.

Parou diante da moto. Preta, fosca, silenciosa. Sua única companheira verdadeira.

Ela tirou o celular do bolso e discou.

Número salvo: J.

Chamou duas vezes. A linha atendeu, sem cerimônia:

— E aí? Tá feito?

Eve girou a chave da moto no contato. O painel acendeu.

— O seu rato foi pego por uma ratoeira maior. — disse com a voz seca. — Estou te enviando de volta a grana. Já que não fui eu que o matei, não aceito pagamento.

— O quê? Como assim...? Ei, espera aí!

Click.

Ela desligou antes que a frase terminasse. Digitou os comandos no aplicativo de transferência criptografado e, em menos de dez segundos, o valor estava devolvido.

Sem apego. Sem espaço para drama.

Guardou o celular no bolso interno do casaco, pegou o capacete pendurado no guidão e o encaixou com um estalo firme. O visor espelhado refletia a rua vazia — fria, cinza, igual ao que sentia.

Eve girou o acelerador, o motor da moto rugindo como uma fera acordando, E partiu.

O vento cortava a noite, mas ela já não sentia frio.

Dentro do bolso do casaco, o cartão queimava feito um fósforo aceso.

 

00h04 – Apartamento de Eve, centro de Detroit

A porta do apartamento se abriu com um empurrão seco. Eve entrou sem acender nenhuma luz. A cidade brilhava lá fora, e isso era mais do que suficiente para guiar seus passos.

Jogou o capacete no sofá com força. Ele quicou e caiu entre duas almofadas.

— Perdi meu pagamento de hoje... — murmurou, bufando.

Largou o casaco numa poltrona e foi direto até a cozinha minúscula, abrindo a geladeira. Pegou uma cerveja, girou a tampa com os dentes, cuspiu no lixo sem olhar, e voltou para o sofá com a garrafa na mão.

Sentou com um suspiro longo, deixando o corpo afundar nas almofadas gastas. A TV estava desligada, a única companhia era o som abafado do trânsito distante e o tic-tac do relógio de parede.

Bebeu um gole. Fez uma careta leve. Estava quente.

No bolso do casaco jogado, algo brilhava. Ela esticou o braço e pegou o cartão que Lian havia lhe dado.

Ficou olhando por alguns segundos.

Preto, metálico. O símbolo do dragão com olhos vermelhos parecia quase pulsar na luz fraca do apartamento.

— Meia-noite... — murmurou, lendo o verso.

Ela girou o cartão nos dedos, pensativa. Um convite. Um desafio. Um jogo.

Riu, abafado, e jogou o cartão sobre a mesa de centro. O cartão preto bateu com força na mesa.

— É melhor não me envolver com ele. — disse Eve em voz baixa, como se repetir aquilo fosse torná-lo menos perigoso.

Deu outro gole na cerveja, agora quase no fim. Seus olhos ainda estavam fixos no cartão, como se ele pudesse pular e arranhar sua pele. Por fim, levantou-se, tirando a camiseta ao passar pelo corredor estreito, indo direto para o banheiro.

O vapor quente logo tomou conta do espelho embaçado. Eve entrou no chuveiro, deixando a água escorrer sobre os ombros, tentando lavar o resto da tensão — ou quem sabe o pensamento insistente daquele olhar escuro que parecia tê-la atravessado.

"Ele me viu."

Pensou nisso, e odiou a ideia.

Depois de longos minutos embaixo d’água, saiu enrolada em uma toalha, pingando pelo chão frio de cimento queimado. Entrou no quarto, pegou o celular no criado-mudo e desbloqueou.

4 mensagens de James.

James [01:36]

"Rastreamento no armazém. Teve atividade antes da sua chegada. Vídeo incluído."

James [01:36]

“Você chegou depois deles. Três homens. Um é o Owen. Confirmado.”

James [01:37]

“Quer que eu puxe mais sobre ele?”

James [01:37]

“Você está se metendo com coisa grande, Eve. Muito maior do que aquele contrato.”

Ela franziu o cenho, sentando-se na beira da cama.

James era um hacker tão recluso quanto ela — os dois se conheciam há uns três anos, ele era sua ponte para o mundo digital. O cara certo pra apagar rastros, invadir câmeras, e te avisar quando alguém muito poderoso começava a se interessar por você.

Eve digitou lentamente, os dedos ainda úmidos.

Eve [01:40]

“Puxa tudo que puder sobre Lian Owen. Quero saber onde pisa, com quem anda e quem já tentou derrubá-lo.”

Eve [01:40]

“E vê se descobre por que ele me deixou sair viva.”

James está digitando...

Eve jogou o celular na cama e passou a toalha pelo rosto. Olhou para o espelho de canto, o reflexo distorcido da própria expressão.

O celular vibrou outra vez na escrivaninha, interrompendo o breve silêncio do quarto.

Eve virou o rosto, ainda deitada, e esticou o braço para pegar o aparelho.

James [01:55]

“Eve… Lian é um dos maiores mafiosos de Detroit. Se encontrar com ele foi MUITO azar.”

Ela ficou olhando para a tela por alguns segundos. A luz azul refletida nos olhos negros não denunciava emoção. Mas por dentro, o alerta disparava. Eve não era do tipo que se assustava fácil — mas respeitava as sombras mais escuras do submundo.

— Hm… mais um motivo pra não me envolver. — murmurou com um meio sorriso irônico, jogando o celular de volta na escrivaninha.

Deitou-se de lado, puxando o lençol cinza até o ombro. O teto escuro parecia girar devagar enquanto os pensamentos insistiam em martelar. Aqueles olhos. A forma como ele a olhou. A frieza… e a curiosidade perigosa.

Ela odiava curiosidade.

Fechou os olhos e suspirou fundo.

Pelo menos por aquela noite, escolheria o silêncio.

Logo, o sono a venceu — pesado, sem sonhos, do jeito que Eve gostava.

Enquanto isso, do outro lado da cidade, o nome dela já havia sido sussurrado mais de uma vez.

E Lian Owen não esquecia um rosto tão fácil assim.

 

Detroit, 02:30.

A fumaça do cigarro dançava preguiçosa no ar, recortada pela luz amarelada do abajur no canto do escritório. Lian Owen estava sentado à frente da grande janela envidraçada, observando a cidade silenciosa lá fora.

O céu carregava nuvens pesadas, como se Detroit estivesse sempre à beira de uma tempestade.

Entre um trago e outro, os olhos dele se perderam no reflexo do vidro, e então… lá estava ela outra vez — a sombra de movimentos certeiros, a voz calma, o olhar afiado. A mulher que apareceu como um borrão… e ficou como uma tatuagem.

— E não é que ela é incrivelmente atraente? — murmurou com um meio sorriso, jogando a fumaça para o lado.

A porta do escritório se abriu sem pressa. Ivan entrou, com as mãos nos bolsos e o andar sempre calmo, mas preciso.

— Ainda pensando na assassina? — perguntou, com aquele tom meio irônico, meio curioso.

Lian nem se virou. Apenas ergueu o cigarro e assentiu com a cabeça.

— Sim… digamos que ela me cativou. — respondeu, sorrindo como quem já previu um jogo longo.

Ivan se sentou em um dos sofás de couro do escritório, cruzando as pernas.

— Você acha que ela vai vir? — perguntou, erguendo uma sobrancelha.

Lian soltou mais uma nuvem de fumaça antes de apagar o cigarro no cinzeiro de vidro.

Virou o rosto lentamente para Ivan, os olhos verdes refletindo uma faísca de interesse sincero.

— Não tenho certeza… — respondeu, com a voz baixa, carregada de algo entre fascínio e desafio.

— Mas se vier... — ele inclinou a cabeça, com aquele sorriso lento e perigoso — …eu estarei esperando.

E então o silêncio tomou o lugar de novo. A cidade dormia, mas ali dentro, os predadores estavam acordados.

 

Detroit – 9:30 da manhã

O cheiro de café fresco e pão amanteigado pairava no ar, misturando-se com o som baixo de jazz que tocava na velha vitrola perto do balcão. A luz do sol entrava tímida pelas janelas embaçadas pela umidade da manhã, refletindo nos azulejos brancos da pequena cafeteria da esquina.

Eve estava atrás do balcão, concentrada enquanto preparava dois cappuccinos com leite vaporizado. Seu cabelo estava preso em um coque alto, alguns fios soltos caíam em volta do rosto. A expressão era serena, quase entediada. Aquela era sua vida de fachada… rotineira, controlada. Invisível.

Lívia, com seu avental florido e um sorriso encantador, passava pelas mesas servindo os clientes — a maioria rostos habituais.

— Dois expressos duplos na mesa quatro, Evie! — avisou ela, pegando uma caneca limpa.

— Já estou terminando. — respondeu Eve, sem levantar os olhos.

Assim que colocou as xícaras na bandeja, o celular vibrou no bolso da calça jeans. Eve tirou a luva de vapor e olhou a tela com os olhos já frios.

Número desconhecido.

O coração não acelerou — nunca acelerava. Ela atendeu.

— Fale. — disse em voz baixa, afastando-se discretamente para perto da máquina de lavar louças, onde o barulho abafava tudo.

A voz do outro lado era distorcida, digitalizada. Profissional.

— Serviço novo. Alvo fácil. Apartamento na zona sul. Valor: 20 mil adiantados. Precisa ser feito ainda hoje. Ele vai fugir da cidade à meia-noite. Está interessada?

Eve passou o pano na bancada enquanto ouvia, olhos semicerrados.

— Nome, endereço e motivo? — perguntou fria.

— Louis Brandon. Comerciante. Foi dedo-duro pra polícia. Está escondido em um apartamento registrado no nome do primo. Quarto andar, sem seguranças, entrada pelos fundos é mais fácil.

Ela girou a colher de aço no copo de vidro.

— Mande os dados pro número do James. Eu avalio.

— Só se o pagamento cair primeiro.

— Vai cair em 10 minutos. — disse a voz. E desligou.

Eve colocou o celular no bolso com calma e voltou ao balcão.

— Algum problema? — perguntou Lívia, notando o jeito sério dela.

Eve apenas respondeu com um leve sorriso, quase imperceptível.

— Só mais um café… só que um pouco mais amargo.

Ela se virou e continuou seu trabalho — mas por dentro, a caçadora já estava acordada de novo.

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