Será... um nós?

No carro, Lucca falava pelos cotovelos sobre a aula de ciências. Luna, mais contida, ouvia com atenção, enquanto Caio imitava o barulho do motor com os bracinhos erguidos, como se dirigisse. Isa sorria de canto, observando tudo do banco da frente.

— Papai, a Isa fez um ursinho de melancia hoje — disse Lucca, virando-se. — O Caio comeu rindo!

— E ela penteia meu cabelo sem puxar — completou Luna, calma.

— Eu gosto da Isa. Ela tem cheirinho bom — disse Caio, abraçado ao próprio chaveiro.

— Eu sei. Pelo visto, vocês gostaram da nova babá, né?

Todos concordaram e sorriram.

Gael, ao volante, lançava olhares pelo retrovisor, sorrindo levemente.

Ao chegar à escola, desceu para abrir a porta. Um a um, os filhos saíram, deixando um eco de risadas no ar.

De volta ao carro, ajustou o cinto, e antes de partir falou para Isa:

— Fiz questão de vir com vocês hoje... Queria te observar com eles. Entender o que causou esse efeito tão rápido.

Isa abaixou os olhos, tímida.

— Eles são incríveis. Só precisam de apoio e dedicação.

Ele assentiu, olhando para frente.

— Faz tempo que não via meus filhos tão alegres logo cedo. A casa parecia um hotel: fria, silenciosa. Hoje foi diferente.

Ela sorriu discretamente.

— Fico feliz por fazer parte disso.

Ele a olhou de canto, atento.

— Também. E... queria te conhecer melhor. Não invadir espaço, só curiosidade. Você virou o mundo deles. Isso me traz paz.

Isa respirou fundo, calada. O silêncio era confortável.

— Vamos? — perguntou.

— Vamos.

Seguiram, com a sensação de que aquela conversa foi a ponte para uma aproximação entre eles dois.

Ainda no carro, ele quebrou o silêncio:

— Isa... teria disponibilidade para dormir na casa?

Ela virou o rosto, surpresa.

— Digo, ficar em tempo integral. As crianças se sentem seguras com você. Acho que isso pode ajudar na rotina.

— Claro. Se tiver um quarto, não vejo problema — respondeu calma.

— Tem sim. O quarto da babá antigo está pronto. Posso pedir para Valéria preparar tudo.

— Obrigada, Gael.

— Gael — corrigiu ele, sorrindo. — Aqui em casa, todo mundo me chama assim.

Ela sorriu em resposta.

Ele estacionou em frente à mansão. Isa desceu do carro, deu um leve sorriso e acenou.

Na porta, Valéria segurava um maço de correspondências. Olhou para a cena: Gael no carro com expressão suave, um “até logo” quase gentil ao se despedir da babá.

A governanta apertou os olhos, desconfiada. Assim que Isa passou, foi direto ao encontro dela.

— Já tá íntima, né?

Isa encarou-a, calma.

— Só estou fazendo meu trabalho, dona Valéria.

— Trabalho? E agora vai dormir aqui também?

— Foi pedido do Gael. Pelas crianças.

Valéria bufou, cruzando os braços.

— Sei bem como essas histórias começam. Essa casa tem regras. Estou aqui há mais de vinte anos. Sei quando alguém quer voar mais alto do que deve.

Isa respirou fundo, neutra:

— Estou aqui pelas crianças. Só isso.

Saiu, deixando Valéria no jardim, com olhos apertados, mastigando ciúmes mal disfarçados e orgulho ferido que só ela entendia.

Marlene ajeitava as ervas recém-podadas em uma cestinha de vime enquanto Leide se abaixava ao lado, com as mãos sujas de terra.

— Você reparou? — Marlene falou baixinho, o olhar indo de leve na direção do portão.

Leide seguiu o olhar e sorriu de canto.

— Reparei, sim... Ele ficou ali um tempinho, né? Só olhando ela entrar...

— Achei tão bonito. — Marlene suspirou. — Sei lá... tem coisa que a gente sente. O jeito que ele olhou pra ela... parecia leve, diferente.

Leide deu uma risadinha abafada.

— E ela, toda meiguinha... Fica difícil não gostar. Até o Caio tá grudado nela que só.

— É... essa menina tem um jeito. Tão doce, tão gentil com as crianças... e com ele também.

— Vai vendo, Marlene... às vezes a vida dá dessas surpresas. Um cuidado aqui, um sorriso ali... quando vê, já tem sentimento crescendo.

As duas se calaram por um instante, como se tivessem invadido um segredo sem querer. O vento balançou leve as folhas do manjericão e, lá na frente, o carro preto ainda não tinha ido embora.

— E pensar que ele mal falava com ninguém, agora até deixou a reunião de lado pra acompanhar ela...

— Tem coisa que não se explica. Só se sente — murmurou Marlene, recolhendo a cesta.

Leide concordou com um aceno silencioso. As duas voltaram pro serviço, mas o pensamento... esse ficou lá, rondando o portão.

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Comments

Thaliaa Vieira

Thaliaa Vieira

falando de ti mesmo, galinha de terreno?!!!🙄 vinte anos na casa, e não conseguiu nada, e acha que vai conseguir agora, se manca

2025-07-25

2

Thaliaa Vieira

Thaliaa Vieira

Com certeza hum Hot autoraaaaaa 🙏😇

2025-07-25

1

Rita Freitas

Rita Freitas

se apaixonar

2025-07-25

1

Ver todos
Capítulos
1 Contrato
2 A escolha das crianças
3 Decisão e atitude
4 Aproximidade
5 Será... um nós?
6 O brilho nos olhos de Caio
7 Alegria de criança
8 Ela despertou o que eu enterrei
9 Passeio em familia
10 Entre molduras e sentimentos
11 Perigo e proteção
12 Cuidados e chiliques
13 ponto de vista
14 Cuidado, advertência e descanso
15 De volta a rotina
16 Pausa pra tomar um ar
17 Fim da resistência
18 Nosso desejo
19 Nosso segredo
20 Geme, Grita e Goza, mas se entrega
21 Bomba-Relógio
22 Farpas
23 Frustação
24 Confraternização
25 Detetives mirim
26 Reunião e missão dos detetive mirim
27 Manhã dos cupidos
28 Missão Cupido: sucesso total
29 Regras e começo
30 Em família
31 Sangue na areia
32 Contra o tempo
33 Mentiras e manipulação
34 Mentiras traiçoeiras
35 Um sopro de memórias
36 Alta e lembranças
37 Cozinha e emoções
38 Memórias e fofocas
39 Descoberta e uma vingança doce
40 Indiferença e repúdio
41 lembranças
42 Verdades e saudades
43 resultado
44 Valéria expulsa
45 reconciliação
46 Isa coloca Valéria no seu lugar
47 juntos
48 entrega e desejo
49 caos e flagrante
50 pedido e surpresa
51 pedido
52 festa
53 GUERRA: MENINO × MENINA
54 Feridas antigas- Passado de Isa
55 Segredos e mistério
56 Dúvidas de Gael
57 Chá revelação
58 Nomes e sonhos
59 Segredos e presente mistérioso
60 dúvidas
61 Segurança
62 tormento
63 revelações
64 Drama familiar
65 Vingança
66 Sequestro
67 buscas
68 A última maldade
69 Parto precoce
70 Aurora — O início de um novo dia e de novas possibilidades.
71 Capítulo final – Reencontros e despedidas
Capítulos

Atualizado até capítulo 71

1
Contrato
2
A escolha das crianças
3
Decisão e atitude
4
Aproximidade
5
Será... um nós?
6
O brilho nos olhos de Caio
7
Alegria de criança
8
Ela despertou o que eu enterrei
9
Passeio em familia
10
Entre molduras e sentimentos
11
Perigo e proteção
12
Cuidados e chiliques
13
ponto de vista
14
Cuidado, advertência e descanso
15
De volta a rotina
16
Pausa pra tomar um ar
17
Fim da resistência
18
Nosso desejo
19
Nosso segredo
20
Geme, Grita e Goza, mas se entrega
21
Bomba-Relógio
22
Farpas
23
Frustação
24
Confraternização
25
Detetives mirim
26
Reunião e missão dos detetive mirim
27
Manhã dos cupidos
28
Missão Cupido: sucesso total
29
Regras e começo
30
Em família
31
Sangue na areia
32
Contra o tempo
33
Mentiras e manipulação
34
Mentiras traiçoeiras
35
Um sopro de memórias
36
Alta e lembranças
37
Cozinha e emoções
38
Memórias e fofocas
39
Descoberta e uma vingança doce
40
Indiferença e repúdio
41
lembranças
42
Verdades e saudades
43
resultado
44
Valéria expulsa
45
reconciliação
46
Isa coloca Valéria no seu lugar
47
juntos
48
entrega e desejo
49
caos e flagrante
50
pedido e surpresa
51
pedido
52
festa
53
GUERRA: MENINO × MENINA
54
Feridas antigas- Passado de Isa
55
Segredos e mistério
56
Dúvidas de Gael
57
Chá revelação
58
Nomes e sonhos
59
Segredos e presente mistérioso
60
dúvidas
61
Segurança
62
tormento
63
revelações
64
Drama familiar
65
Vingança
66
Sequestro
67
buscas
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A última maldade
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Parto precoce
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Aurora — O início de um novo dia e de novas possibilidades.
71
Capítulo final – Reencontros e despedidas

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