Na mansão Mancini, o jantar geralmente era silencioso, reservado. Mas naquela noite, algo estava diferente.
Ao redor da mesa, as vozes das crianças preenchiam o ar, animadas e cheias de emoção.
— Pai, você viu como a Isabela cuidou do meu joelho? — perguntou Caio, segurando o braço do pai com firmeza. — Ela fez tudo com tanta calma, parece que queria que eu não sentisse dor.
Lucca concordou, sorrindo:
— Ela não foi só uma babá comum. Ela conversou com a gente, explicou as coisas, e até fez umas caretas pra me fazer rir quando eu tava preocupado.
Luna, mais contida, mas com os olhos brilhando, completou:
— Ela teve paciência pra ouvir a gente, sabe? E não mandou a gente ficar quietos só porque sim.
Na cozinha, Dona Marlene ouvia a conversa com um sorriso suave.
— É verdade, senhor Gael — disse ela, aproximando-se. — Isabela tem um jeito de cuidar que vai além do trabalho. Tem amor, paciência. As crianças sentiram isso.
Do outro lado, Valéria permanecia na sombra do corredor, o rosto carregado de descontentamento.
— Crianças sempre se encantam com qualquer novidade — resmungou baixinho, cruzando os braços. — Mas isso não significa nada.
Gael permaneceu calado, absorvendo cada palavra. Olhou para os filhos, que finalmente pareciam tranquilos, e sentiu um misto de esperança e apreensão.
A mansão estava mudando.
E ele sabia que não podia mais ignorar isso.
as crianças já cercavam o pai, seus olhos brilhando de expectativa.
— Pai, você vai chamar a Isabela? — perguntou Caio, pulando quase no colo dele.
— Vai mesmo, né? — insistiu Lucca, fazendo cara de quem não aceita um não.
— A gente quer que ela fique — completou Luna, com um sorriso doce, segurando a mão do pai.
Gael os observava, o rosto firme, mas com um sorriso que ninguém via há tempos surgindo de leve.
— É claro que sim — disse ele, a voz firme, mas calorosa. — Amanhã cedo, Valéria vai avisar a Isabela para vir trabalhar aqui.
As crianças explodiram em sorrisos e pequenos pulos de alegria, enchendo a cozinha com uma felicidade que parecia nova para todos.
Valéria, que entrava na cozinha naquele momento, congelou ao ouvir a decisão.
Gael notou o olhar dela, mas não disse nada.
Era o início de uma nova era naquela casa.
Valéria atravessava o corredor com passos firmes, mas o maxilar travado denunciava a tensão. Carregava nas mãos uma bandeja com frutas que nem deveria mais servir — um gesto mecânico só pra manter o controle que, no fundo, sabia estar perdendo.
Dona Marlene, da cozinha, cruzou os braços e lançou um olhar afiado.
— Aquela cara da Valéria não engana ninguém — disse em voz baixa, virando-se discretamente para Leide, que secava os talheres ao lado da pia.
— A cara de quem tá vendo o império desmoronar, né? — retrucou Leide com um meio sorriso. — Mandava e desmandava nas crianças. Agora foi só a moça chegar que eles colaram nela como se fosse mel.
Dona Marlene soltou um risinho contido, sem maldade.
— Mas também... Isabela tem mão de anjo. O pequeno Caio se machucou e ela cuidou como mãe. Isso nenhum diploma ensina.
Leide assentiu, pensativa.
— E o patrão? Só observando. Nem piscava. Vai vendo... A tempestade tá chegando pra Valéria, só que dessa vez é de mansinho. Vem de vestido florido e sorriso calmo.
— Hum... e quem subestima sorriso calmo, costuma perder feio — completou Marlene, voltando pro fogão.
No corredor, Valéria parou por um segundo, como se tivesse ouvido. Respirou fundo e seguiu em frente, o passo agora mais duro. Sabia que, naquela casa, algo estava mudando. E ela não era mais parte essencial disso.
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Atualizado até capítulo 71
Comments
Thaliaa Vieira
Mais querida tu nunca foi essencial pra "família" especificamente pra Gael! És apenas governanta da casa, não a dona ou mãe e mulher do dono
2025-07-25
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