Fogo Sob a Pele

Ayaka Lin

Não sei exatamente como saímos do barulho para aquele canto mais discreto do bar, mas quando dei por mim, estávamos sentados em uma mesa de mármore escuro com luz baixa e uma garrafa de vinho entre nós o som da pista de dança ainda vibrava, mas ali era como se o mundo tivesse ficado mais suave mais lento

ou talvez fosse ele que deixava tudo mais atraente e instigante.

— Qual o seu nome? — ele perguntou, com a voz rouca, porém suave.— Era a primeira vez que o som da voz de alguém fazia meu estômago revirar, do jeito bom, me fazia ficar nervosa e sem jeito como se eu fosse novata no campo de flerte esse homem mexe comigo.

Pensei por um segundo, não menti, apenas dei o nome que uso nos meus trabalhos secretos.

— Mei! Mei Lin.

Ele assentiu, com aquele sorriso de canto que fazia meu coração dar piruetas.

— Elijah — disse apenas, sem sobrenome. E por um instante, me senti segura em esconder o meu também acho que nós dois temos algo a esconder e isso não é ruim de jeito nenhum, isso torna as coisas mais fáceis de se lidar.

Nos primeiros minutos, a conversa foi leve um flerte sutil, pontuado por sorrisos e pequenos toques no copo, nos cabelos, nos olhos a forma como ele me olhava... como se enxergasse coisas em mim que nem eu mesma sabia que estavam ali. E quando sorria o meu Deus, era o tipo de sorriso que não precisava ser largo pra ser destruidor, só o movimento discreto no canto da boca já deixava minha pele em chamas.

— De onde você é, Mei? — ele perguntou, curioso.

— Atualmente de Nova York nasci e cresci no Japão e vim para cá estudar — comecei. — Mas minha família é um pouco misturada, o meu pai é japonês, e minha mãe bem, minha mãe é filha de um americano com uma japonesa.

— Isso explica seus olhos — ele comentou, encarando-os com fascínio. — Claros e misteriosos.

— E o seu? — perguntei.

— Eu? Sou americano até o último fio de cabelo. Mas com alma de não sei, talvez de alguém cansado demais para festas à fantasia — brincou, e eu ri.

A conversa seguiu fluindo, descobrimos que gostávamos dos mesmos estilos de música, jazz para relaxar, indie rock para se perder e pop nostálgico de vez em quando ambos preferíamos vinho tinto seco a drinks adocicados ele gostava de dias nublados, eu de chuva ele colecionava relógios antigos; eu, filmes antigos. Cada detalhe era uma pequena peça se encaixando um clique silencioso no coração eu não fazia ideia de quem ele era, mas meu corpo parecia reconhecer ou talvez já e a bebida tomando conta de todo o meu senso de julgamento, bom para um caso de uma noite isso é suficiente.

A certa altura, o silêncio caiu entre nós mas não foi desconfortável, foi denso e cheio de tensão ele me olhou por alguns segundos, longos penetrantes, como se estivesse decidindo algo.

— Posso te beijar? — Ele disse de uma vez sem rodeios sem medo, ainda bem pôs eu já estava prestes a pedir que ele me beijasse.

O mundo inteiro parou, juro por tudo as luzes se apagaram dentro de mim e o único som que ouvi foi o do meu coração disparando engoli em seco as minhas mãos suavam mas meu rosto sorriu, sem esforço.

— Achei que não perguntaria nunca. — Tentei não parecer desesperada

Ele se aproximou com calma tão devagar que parecia me estudar, me decifrar, antes de tocar em mim as sua mão encostou na minha bochecha como se meu rosto fosse feito de vidro fino um carinho um sussurro de toque e então, os lábios dele encontraram os meus. No começo, foi doce, suave, um roçar leve, quase inocente, mas algo explodiu ali como se nossas peles se reconhecessem como se um desejo antigo, escondido, tivesse sido aceso num fósforo molhado e ainda assim pegasse fogo o beijo evoluiu, cresceu se aprofundou. Ele segurou meu rosto com firmeza, como se quisesse me manter ali, inteira, só pra ele, nossos lábios se encaixavam com uma fome delicada, uma urgência doce, uma dança entre suspiros e toques as minhas mãos foram parar nos ombros dele e desceram pelo peito. Eu sentia o calor do seu corpo mesmo por baixo do tecido grosso da camisa, os meus joelhos amoleceram, a minha respiração falhou e a minha pele arrepiou. Quando ele se afastou, milímetros apenas, eu estava sem fôlego, literalmente o ar fugira dos meus pulmões.

— Isso pode parecer rápido e estranho — murmurei, ainda ofegante, o rosto em brasas — mas você já pensou em transar com uma zumbi? Uma zumbir sexy só para te lembrar.

Ele riu um riso baixo, rouco, cheio de surpresa e tesão e me puxou de volta para outro beijo e murmurou contra minha boca:

— Coincidentemente essa é uma das minhas fantasias secretas.

Eu ri, um pouco nervosa, um pouco excitada demais pra racionalizar qualquer coisa.

— Tem um hotel aqui do lado — ele disse, a voz mais grave agora, mais intensa.

Assenti os meus pés mal tocavam o chão nos levantamos, ele pagou a conta sem nem olhar, e saímos como dois corpos guiados pelo mesmo fogo. O hotel ficava a poucos passos do bar, mas a caminhada pareceu uma eternidade cheia de tensão elétrica, os meus dedos tremiam enquanto ele pegava a chave na recepção. Ninguém nos reconheceu, ninguém nos questionou isso era ótimo, os meus pais teriam um infarto se eu aparecesse em alguma cala de revista vestida assim e com um estranho em um hotel. Quando entramos no elevador, a atmosfera pesava, como se o universo segurasse a respiração junto comigo. Assim que a porta do quarto se abriu, meu instinto foi correr para o banheiro.

— Vou tomar um banho rápido — murmurei, tentando manter alguma dignidade.

Mas antes que eu pudesse dar dois passos, ele me puxou pela cintura, a força foi contida, mas determinada. Seu corpo colou no meu, sua boca desceu para a minha com uma intensidade crua, quente, desesperada.

— Eu não vou conseguir esperar — ele sussurrou, entre beijos, enquanto minhas costas colavam na porta.

E naquele momento eu também soube que não conseguiria esperar nenhum segundo.

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