Diogo e eu continuamos nos encontrando toda semana, sem pausa. Eram os momentos mais felizes dos meus dias, o que me dava força para aguentar a solidão na casa de Madame Manfrey - já que as visita dos meus pais eram raras e rápidas.
Mas com o passar do tempo, a certeza do casamento começou a pairar em cima da minha cabeça como uma nuvem de chuva. O que era apenas uma coisa abstrata, começou a tomar forma depois que Madame Manfrey recebeu orientações para me informar das coisas que aconteceriam na lua de mel.
Já fazia mais de um ano que eu estava sob seus cuidados, meu aniversário de dezesseis anos tinha passado há um bom tempo, e ela me sentou na minha cama para me explicar a coisa com certa riqueza de detalhes e de uma forma fria e técnica.
Fiquei apavorada por alguns dias, pensando sobre aquilo. Depois, pensei nas coisas que Diogo e eu fazíamos com tanta naturalidade depois de todo aquele tempo. E então as coisas começaram a se entrelaçar um pouco mais na minha mente.
Fiquei aterrorizada por pensar em ter tamanha intimidade com Dante. Eu jamais sentiria por ele o que sentia com Diogo, eu jamais estaria feliz em seus braços - muito menos indo além do que eu conhecia com Diogo. As coisas que Madame Manfrey havia explicado...
Porém, se fosse com Diogo...
- Você está estranhamente calada. - Diogo segurou minha mão e beijou delicadamente.
- Estive pensando... - senti meu rosto ficar um pouco quente.
Ele colocou a mão no meu queixo para me fazer encarar seus olhos.
- Você está vermelha... - Diogo inclinou a cabeça com curiosidade.
Envergonhada, mesmo depois de todo aquele tempo, eu o puxei para mim e comecei a beijá-lo. Naquele ponto da nossa vida, ele nem mesmo tentava resistir e dizer que era errado. Suas mãos me apertaram com força e ele me deixou ir até onde costumávamos ir juntos, depois começou a me afastar.
- Não... - o segurei – Eu quero...
Ele congelou, e depois se afastou realmente.
- Madame Manfrey conversou com você. - adivinhou.
Balancei a cabeça em sinal positivo, corando de novo. Eu não imaginaria que ele saberia alguma coisa sobre isso, mas não estranhei. Diogo devia ouvir muitas coisas em sua casa e eu até então não tinha pensado em como isso devia ser difícil para ele.
- Não posso fazer isso com você. - ele fez carinho no meu rosto.
- Quero que seja com você. - engoli as lágrimas que quiseram sair.
Ele me olhou de um jeito desesperado.
- Queria poder te dar isso\, Lyra. Mas não tem volta\, e isso está ligado ao casamento. O que posso te oferecer? Uma coisa dessas nesse jardim abandonado? - Diogo gesticulou\, mostrando onde estávamos - É uma coisa importante demais para ser feita assim.
Eu não estava disposta a desistir.
- Por isso que quero que seja com você. - coloquei as mãos no rosto dele\, impedindo que tirasse os olhos dos meus – Eu amo você\, quero que seja assim.
Sua boca abriu de surpresa. Apesar de nossos sentimentos estarem implícitos depois de todo aquele tempo, nenhum de nós tivera coragem de dizer aquelas palavras. Eu nem mesmo tinha planejado dizer, saiu de modo espontâneo diante do que eu queria que acontecesse.
- Lyra\, Lyra... - Diogo me puxou e me abraçou - Eu amo tanto você\, queria poder te dar o mundo.
Não consegui segurar as lágrimas dessa vez. Era bom ouvir aquilo, mesmo que nossos dias fossem contados – o que nós sabíamos desde o começo.
- Só isso? - pedi\, já sabendo que ele não conseguiria negar.
- Certo. - Diogo respirou fundo - Só que não aqui\, não desse jeito. De um jeito que seja uma lembrança perfeita.
- Está bem. - concordei\, sorrindo em meio às lágrimas.
Não tínhamos muitas opções e todas envolviam riscos. Era basicamente Diogo entrar clandestinamente na casa de Madame Manfrey, ou eu me aventurar com ele em alguma pousada. Ficávamos nervosos nos dois casos, mas acabamos optando pela pousada.
Passei a semana seguinte sem dormir direito, num misto de animação, ansiedade e um pouco de medo. Mas em nenhum momento pensei em desistir, eu tinha certeza do que queria.
Eu amava Diogo, estava perdidamente apaixonada por ele. Eu iria embora com ele se me pedisse, mas sabia que ele não faria isso. Diogo se preocupava demais com meu bem-estar e conforto, e se fugisse comigo nós estaríamos largados a própria sorte e sendo caçados pelos nossos pais. Ele jamais me colocaria numa posição tão vulnerável.
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Comments
Chipmunks
Mal posso esperar para saber o que vai acontecer a seguir! 🤔
2025-07-16
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