As mãos dele percorriam o corpo dela com uma vontade febril, como se quisesse tomá-la inteiramente para si. A garota à sua frente parecia tão pequena e frágil que ele se sentia um verdadeiro bruto por tê-la em seus braços. Mas o desejo era tão intenso que já não conseguia se conter.
Beijou o pescoço dela, traçando uma linha de beijos cada vez mais quentes até alcançar os seios. Sugou um dos mamilos, fazendo-a se curvar e gemer em seus braços. Aquilo só o excitou ainda mais. Era lindo vê-la revirar os olhos — sem joguinhos, sem máscaras — apenas prazer. Puro e simples prazer.
Fazia tempo que não se encontrava com uma mulher assim.
Assim que a deitou na cama e tirou o restante da pouca roupa que ela usava, ficou paralisado por um instante. Linda. Maravilhosa. Que sorte a dele. Teria pago o triplo se fosse preciso, mas a teria por toda a noite.
Tomou sua boca com mais do que desejo — havia ali uma fome inexplicável. Sabia que aquilo era errado. Apaixonar-se por uma garota de programa definitivamente não estava nos seus planos. Mas algo nela era diferente, hipnotizante.
Foi então que percebeu um detalhe fora do comum: ao contrário das outras garotas, ela não fugia dos seus beijos. A maioria detestava ser beijada na boca — aceitavam qualquer sacanagem, desde que o pagamento fosse bom, mas os beijos... esses, geralmente recusavam. Ela, não. Ela parecia querer.
Ele mordiscou a calcinha dela e a puxou com os dentes, lambendo suas pernas com provocação. Mais uma vez ela gemeu. O doce perfume que emanava da pele dela era viciante — adocicado, floral, quase mágico. Seus dedos escorregaram até a cavidade úmida e quente, e então... os olhos dela explodiram em um misto de paixão, desejo, prazer e... medo?
Anthony tentou ignorar aquilo. Continuou animado, tentando levá-la ao delírio. Mas assim que se deitou sobre ela e pressionou o corpo contra o dela, aquele olhar assustado voltou.
Quis encará-la, perguntar se estava tudo bem. Era o momento em que, normalmente, elas ficavam mais excitadas. Mas ela parecia cada vez mais apavorada. Passou as mãos por suas costas, puxando-o para si, mas suas mãos tremiam.
— Aiana? Tá tudo bem com você?
Ele não deveria ter perguntado. Por que se importar? Tinha pago por ela, não tinha?
Ela apenas assentiu, sem dizer uma palavra. Ele voltou a beijá-la no pescoço, mas não conseguiu ignorar a feição dela. Os olhos se fecharam com força, e ela prendeu a respiração. Foi o suficiente.
Ele se afastou bruscamente.
— Você é virgem?
A resposta veio no silêncio. Ela não conseguiu encará-lo. Seus olhos varreram a cama e o quarto todo, mas jamais encontraram os dele. Estava vermelha como uma pimenta.
— É sério? Uma garota de programa... Virgem?
— Desculpa — disse, enfim, com a voz embargada. — É minha primeira noite, senhor. Mas eu prometo fazer tudo o que quiser... posso aprender rápido, de verdade...
Ele piscou várias vezes, depois se levantou, jogando o lençol sobre ela.
— Eu não sou esse tipo de homem. Sinto muito. Não costumo... ensinar ninguém. Consiga outro que a treine, depois... Quem sabe.
Ela se ajoelhou aos pés dele, desesperada.
— Não, por favor! Se meu patrão descobrir que eu fracassei, vai me esfolar viva. Eu devo dinheiro a ele, prometi que pagaria essa dívida hoje...
— Vendeu sua virgindade por três mil reais? Tem ideia de quão valiosa ela é? Não há preço que pague isso. Mas se ainda quiser vender... leiloe para algum velho rico. Vai ganhar muito mais.
Ela viu nos olhos dele — desprezo, pena e decepção. Tudo junto.
— Três mil é mais que o suficiente... pago minha dívida e sumo daqui sem correr riscos.
Ele gargalhou.
— Acha mesmo? É tão inocente assim? Você acha que ele vai te deixar ir? Ninguém entra nessa vida por vontade, mas sabe por que permanecem? Porque não tem saída. Depois que entra no inferno... só te resta abraçar o capeta.
Ela chorou em silêncio. Ele pegou a camisa do chão e vestiu.
— Essa sua roupa hoje tem um custo. Sua lingerie, sua maquiagem, cabelo, depilação... tudo. Quando pensar que quitou sua dívida, ela já terá dobrado. Sabe qual o apelido do Clane? Demônio da noite. Ninguém deve a ele e sai vivo.
— Você pagou por mim... Merece o que comprou.
Ele sorriu, contrariado.
— Já disse que não sou esse tipo de homem. Não desvirgino menininhas. Quantos anos você tem? Quinze? Dezesseis?
— Dezoito. Fiz mês passado.
— Deveria ter buscado outro emprego, então. O que vão fazer com você lá fora... É cruel. Tem uma fila de homens velhos, sujos, suados — e na maioria das vezes, casados — prontos para te usar. Vão te foder até você implorar para que parem... e quando achar que acabou, vai começar de novo.
— Então me ajude. Fique comigo. Não deixe que eles entrem aqui...
— Eu não faço caridade. Deveria ter pensado nisso antes.
Ele caminhou até a porta e a abriu com força. Estava certo — havia uma fila do lado de fora. O próximo da fila era horrível: baixo, barrigudo, bigode sujo. O cheiro de álcool e suor era insuportável.
— Só um segundo — disse ele, forçando um sorriso. — Esqueci minha carteira lá dentro.
Fechou a porta e passou as mãos na cintura, andando de um lado ao outro. Estava prestes a comprar uma briga feia por uma desconhecida. Olhou para ela. Ainda sentada na cama.
— O que foi? É tão ruim assim?
— É péssimo. Pior do que eu esperava.
— Tudo bem... Eu fiz uma escolha, como você disse. Agora é hora de lidar com as consequências.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos.
— Ok. Esqueça o que eu falei.
Caminhou até ela e tirou todo o dinheiro que tinha na carteira — cerca de cinco mil reais.
— Pegue isso e suma daqui. Entre no banheiro, suba no alçapão no teto. Vai ver uma claridade — é uma janela. Vai ter que pular. É alto, mas não demais. Você consegue.
— Pensei que não fizesse caridade...
— Eu não faço. Mas nem o diabo merece o que tem lá fora te esperando. Considere isso uma segunda chance. E prometa que da próxima vez vai fazer escolhas melhores.
Ela assentiu, com os olhos cheios d’água. Se vestiu às pressas e, ao passar pela porta do banheiro, olhou para trás. Queria agradecê-lo.
Mas ele já tinha partido.
Partido para sempre.
E ela nem ao menos sabia o nome do homem que a salvara naquela noite.
Seu salvador.
Seu lindo e maravilhoso salvador.
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Atualizado até capítulo 62
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