Reencontro e corações inquietos
O banho quente havia relaxado Fernando, lavando não apenas a poeira da viagem, mas também um pouco da tensão que sentira desde sua chegada. Enquanto se secava, ele olhou no espelho embaçado, passando os dedos pelos cabelos lisos úmidos que caíam sobre sua testa.—queria se sentir leve, como na infância, quando corria livre pelos campos
Vestiu uma calça cargo verde militar, justa o suficiente para marcar suas curvas, mas confortável para andar. A camiseta cavada branca deixava seus ombros delicados à mostra, e o tênis preto completava o visual—prático, mas ainda assim estiloso. Ele se admirou por um segundo, sorrindo ao pensar que, mesmo no meio do mato, não abriria mão de um toque de vaidade.
Ao descer as escadas da varanda, ouviu vozes vindo da cozinha.
Fernando
— Vô? — chamou, espiando pela porta.
Seu avô, um homem alto e de cabelos grisalhos, virou-se com um sorriso largo.
Piter
— Meu neto! — abriu os braços, e Fernando não pensou duas vezes antes de se jogar no abraço apertado, sentindo o cheiro familiar de terra e café que sempre envolvia o velho homem.
Fernando
— Que saudade, vô! — disse, apertando os olhos para segurar as lágrimas.
Piter
—Você demorou muito pra visitar esse velho, — ralhou, afastando-se para olhar Fernando de cima a baixo. — Mas tá mais bonito que nunca.
Fernando
— Vou dar uma volta pela fazenda, tá? Quero ver o Colorado.
Piter
*acenou com a cabeça*
Piter
— Ele vai ficar feliz em te ver. Mas cuidado com os sapos, hein? — disse, com um piscar de olhos malicioso.
Fernando
*revirou os olhos, mas riu*
Fernando
— Já fui humilhado o suficiente pelo caseiro, obrigado.
Piter
*levantou uma sobrancelha*
Piter
— Ah, o Zade? Ele é um bom homem. Quieto, mas tem um coração grande.
Fernando não comentou, mas sentiu um calorzinho bobo no peito ao lembrar do jeito que Zade riu quando ele se assustou com o sapo.
O sol estava alto quando Fernando começou a caminhar em direção ao estábulo. A fazenda era linda—o vento balançava os campos de capim, e o cheiro de terra molhada e flores silvestres enchia o ar. Ele respirou fundo, sentindo uma paz que há muito não experimentava.
E então ouviu um relinchar familiar.
O cavalo cor de mel, majestoso e forte, reconheceu Fernando imediatamente. Seus olhos escuros brilharam, e ele bateu as patas no chão, ansioso. Fernando correu até o cercado, rindo quando o animal encostou o focinho em seu peito, como sempre fazia.
— Você lembra de mim, né, lindo? — murmurou, acariciando o pescoço macio de Colorado.
De repente, sentiu uma presença atrás de si.
Zade
— Ele nunca esquece ninguém.
A voz grave fez Fernando estremecer. Ele se virou e lá estava Zade, de braços cruzados, encostado na cerca. O sol da tarde iluminava seu rosto moreno escuro, destacando a linha forte de seu queixo. Ele estava de camisa aberta, revelando um pouco do peitoral musculoso, e Fernando odiou como seus olhos foram direto para lá.
Fernando
— Ele sempre foi meu favorito,— disse ,tentando soar natural
Zade
*se aproximou, parando ao lado dele*
Fernando
— Claro! Desde criança.
Zade
*estudou Fernando por um momento, como se estivesse imaginando aquela figura delicada sobre um cavalo poderoso*
Zade
— Quer dar uma volta agora?
Fernando
*hesitou. Adoraria, mas...*
Fernando
— Tá me desafiando, caseiro? — provocou, erguendo o queixo.
Zade
— Só tô perguntando, patrão.
O tom dele era suave, mas havia um brilho nos olhos que deixou Fernando sem fôlego.
Fernando
— Beleza. Mas se eu cair, você me pega.
A frase saiu antes que ele pensasse, e os dois ficaram em silêncio por um segundo, o ar entre eles carregado de algo que Fernando não sabia nomear.
Zade
*finalmente assentiu, sério*
E quando ele estendeu a mão para ajudar Fernando a subir no cavalo, seus dedos se encontraram—e Fernando jurou que sentiu um choque percorrer seu corpo inteiro.
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