Encontro inesperado na fazenda
O sol da tarde tingia o horizonte de dourado quando a caminhonete verde-esmeralda de Fernando entrou no longo caminho de terra que levava à fazenda do avô. Ele apertou os dedos delicados no volante, respirando fundo enquanto observava as árvores altas e o pasto infinito pela janela.
Fernando
— Que lugar… assustador — murmurou para si mesmo, arregalando os olhos ao ver um besouro gigante pousar no vidro do carro.
Fernando não era acostumado a lugares assim. Sua vida na cidade era repleta de arranha-céus, festas elegantes e lojas de grife. Mas fazia anos que não via o avô, e a saudade falou mais alto. Além disso, ele precisava de um tempo longe dos olhares curiosos que sempre o seguiam por onde passava.
Ao estacionar em frente à casa grande de madeira, Fernando deu uma última olhada no espelho. Seus olhos castanhos brilhavam sob os cílios longos, e seus lábios rosados estavam levemente mordidos de nervosismo. Ele se arrumou, ajustando a blusa justa que marcava sua cintura fina, e saiu do carro com movimentos graciosos.
Fernando
— Vôôô? — chamou, com uma voz suave e melodiosa.
Ninguém respondeu. O silêncio da fazenda era quase opressivo para ele, acostumado ao burburinho da cidade. De repente, um som de passos pesados fez Fernando se virar rapidamente.
O caseiro estava parado a alguns metros de distância, com os braços cruzados sobre o peito largo. Seus ombros pareciam esculpidos em pedra sob a camisa de botões simples, e seu rosto moreno escuro tinha uma expressão impassível, mas seus olhos escuros percorreram Fernando com uma intensidade que fez o empresário sentir um calafrio.
Zade
— Seu avô foi até a cidade buscar suprimentos — disse, a voz grave e rouca, quase como um trovão distante. — Ele disse que você chegaria hoje.
Fernando
*Engole seco, sentindo-se inexplicavelmente pequeno diante daquela presença imponente*
Fernando
— Ah… Entendi — respondeu, tentando soar confiante, mas sua voz saiu mais aguda do que o normal.
Zade
*inclina a cabeça, estudando Fernando como se ele fosse um enigma*
Zade
— Você é… diferente do que eu imaginei — comentou, com os olhos pousando brevemente na cintura estreita de Fernando antes de se fixarem novamente em seu rosto.
Fernando sentiu as bochechas esquentarem. Ele estava acostumado a ser observado, mas havia algo na maneira como Zade olhava que o deixou sem ar.
Fernando
— E o que você imaginou? — perguntou, erguendo o queixo num ato de desafio.
Zade
*quase sorriu. Quase*
Zade
— Alguém menos… delicado.
Fernando abriu a boca para retrucar, mas um movimento no chão perto de seus pés fez seu sangue gelar.
Um sapo. Grande, verde e nojento. Kkkkkk
Fernando
— AAAAAH! — gritou, pulando para trás instintivamente e, sem pensar, se agarrou ao braço de Zade, escondendo o rosto contra o ombro largo do caseiro. — Tira isso daqui! Por favor, por favor, tira!
Zade
*ficou imóvel por um segundo, surpreso com a reação. Depois, com um movimento rápido, afastou o sapo com o pé, sem muita cerimônia*
Zade
— Já foi — disse,mas Fernando ainda estava colado nele, tremendo.
Fernando
— T-tem certeza? — perguntou, afastando-se apenas o suficiente para olhar para o chão, seus olhos ainda cheios de pânico.
Zade
*olhou para ele, e desta vez, um canto de seus lábios se curvou*
Zade
— Você tem medo de sapos.
Fernando
— Trauma de infância — corrigiu, ainda ofegante.
Os olhos de Zade brilharam de divertimento, mas ele apenas assentiu.
Zade
— Vou levar suas malas para dentro. E… talvez seja melhor você evitar o lago.
Fernando ficou horrorizado.
Fernando
— Tem mais deles lá?!
Zade
*riu, um som profundo e quente que ecoou no peito de Fernando*
Fernando
— Vou te avisar se vir algum.
E com isso, ele pegou as malas e começou a caminhar em direção à casa, deixando Fernando parado, ainda com o coração acelerado — e, de alguma forma, mais intrigado do que nunca pelo misterioso caseiro.
Comments