Distração

O apartamento estava silencioso, mas dentro de Lana o barulho era ensurdecedor.

Ela se jogou no sofá vazio, abraçando uma almofada como se aquilo pudesse segurar o mundo que desmoronava dentro dela. O rosto apoiado nos joelhos, os olhos pesados pelas imagens que insistiam em voltar.

A mulher na cama, o caminho que percorria até a sala, as roupas espalhadas, o cheiro estranho no quarto. Bernardo nu. E o pior — a frieza dele.

Ela esfregou o rosto com força. Precisava parar de lembrar.

Levantou-se, foi até o banheiro e abriu a torneira com pressa. Jogou água no rosto, prendeu o cabelo num coque frouxo, desses de quem não se importa muito com a aparência, mas que por algum motivo sempre ficava bonito.

Colocou um short jeans surrado, uma regata branca sem sutiã. A roupa grudava levemente em sua pele ainda quente. Não se olhou no espelho — não queria ver os olhos vermelhos nem o cansaço estampado. Só queria... afogar alguma coisa.

Desceu até a loja de conveniência do térreo com passos decididos, mas o peito ainda machucado.

Pegou um salgadinho amendoim pra acompanhar a cerveja, pegou três garrafas de cerveja, alguns salgadinhos, vinho e vodka, refrigerante, uma lata de energético e limão, gelo, açúcar, conhaque, chiclete — como se cada coisa ali tivesse alguma missão: calar a mente, entorpecer o corpo, ou adocicar a vida amarga de repente.

— Você vai beber isso tudo sozinha? — perguntou uma voz grave e rouca atrás dela.

Lana virou o rosto devagar e deu de cara com ele.

Mateo.

O vizinho de olhar intenso e corpo de pecados. Ele estava sem camisa, marcando seu abdômen definido, músculos e ombro largo, calça esportiva e um sorriso enviesado no canto dos lábios.

— Depende. Vai dividir comigo? — ela rebateu, erguendo uma das garrafas.

Ele soltou uma risada curta.

— Não costumo aceitar bebida de mulheres bonitas em crises existenciais... mas posso abrir uma exceção. Deu um riso

Lana sorriu de canto, mas não respondeu. Começou a andar até o caixa, e ele acompanhou o passo como se fosse natural.

- você está bebendo por amor ferido?

,- Lana concordou com a cabeça.

— Quer conversar sobre isso? Ou prefere fingir que não aconteceu nada?

— Prefiro me embriagar fingindo que não ligo.

— Entendi... — ele disse. — Se mudar de ideia, minha porta tá aberta. Às vezes esquecer um ex na cama de um vizinho é uma forma legítima de terapia.

Ela parou. Olhou pra ele.

Não havia grosseria no tom. Nem pressão. Só um convite coberto de sarcasmo e um certo interesse inegável.

— Obrigada, doutor Phil — respondeu com ironia. — Mas hoje minha terapeuta vai ser a vodka mesmo.

Mateo riu. A risada era baixa, sexy, e ele a observou por mais um segundo antes de se afastar.

Lana voltou para o elevador, as sacolas pesando nos braços... e aquele olhar queimando nas costas.

Talvez esquecer fosse impossível.

Mas distrair, quem sabe.

ela entrou pensando em seu vizinho o quanto era engraçado, leve e educado. - ela foi retirando as coisas da sacola quando ouviu as batidas na porta.

Mais populares

Comments

Maria Machado

Maria Machado

Nem foi um convite né /Chuckle//Joyful//Joyful/

2025-08-06

1

Maria Machado

Maria Machado

Será que é o bonitão de novo kkk

2025-08-06

1

Amanda Toscano

Amanda Toscano

pega um pedaço de pau e resolve

2025-08-06

0

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!