Fingir que nada tinha acontecido era quase impossível.
Na manhã seguinte, Lucas chegou à escola com a camiseta amarrotada, o pescoço parcialmente coberto por um curativo disfarçado de band-aid, e um cansaço bom no corpo. Bom e perigoso. Porque cada vez que lembrava da noite anterior, o instinto batia com força.
E Léo? Parecia mais leve do que nunca.
Sentado em sua carteira com as pernas cruzadas, camiseta levemente puxada pra cima deixando a barriga à mostra, mordia a ponta da caneta e olhava pra Lucas como se o estivesse despindo outra vez — dessa vez com a sala cheia.
Lucas sentou atrás dele, tentando respirar fundo. Mas o cheiro estava diferente. Mais doce. Mais carregado.
Mais… provocante.
Ele se inclinou um pouco, sentindo a pele formigar.
— Léo... você está...?
— Um quase cio. — ele sussurrou sem virar, com aquele tom travesso. — Acontece quando um alfa beija o lugar certo, por tempo demais.
Lucas apertou o lápis na mão. Estava prestes a quebrá-lo.
— Não devia ter vindo à escola assim.
— Não consegui ficar em casa. Queria ver você perder o controle no meio da sala.
Ele virou o rosto devagar, encarando Lucas com os olhos baixos, meio vidrados.
— Você tem noção do quanto tá me deixando louco? — Lucas murmurou, a voz mais grave do que pretendia.
— Tenho. E adoro isso.
O professor entrou e começou a aula. Lucas tentou focar. Tentou mesmo. Mas o cheiro se intensificava. E, pior, Léo roçava o pé na perna dele de tempos em tempos, fingindo distração. Às vezes, virava o pescoço lentamente e deixava o curativo do dia anterior à mostra, só pra provocar.
No intervalo, Lucas o puxou pela mão até o corredor dos fundos.
— Você quer que eu te marque ali mesmo no pátio?
— Quero que me marque quando não conseguir mais segurar.
— E você quer que eu perca o controle aqui?
— Quero que perca o controle em mim.
Lucas rosnou baixo. O cheiro estava ficando forte demais. Seu corpo reagia. Os olhos começavam a brilhar. Mas ele sabia: não era o momento certo. Eles ainda estavam vulneráveis.
— Se continuar com isso, vai me obrigar a fazer você se esconder comigo de novo.
— Ótimo. Tem uma sala trancada atrás da biblioteca. Eu já verifiquei.
Lucas engasgou.
— Você... você andou procurando lugar pra gente se pegar?
— Claro. — ele deu de ombros. — Um alfa tímido precisa de incentivos. Eu só tô sendo um namorado cuidadoso.
— Namorado?
Léo parou, encarando-o.
— Não somos?
O silêncio pesou.
Lucas olhou nos olhos dele. Respirou fundo. E assentiu.
— Somos.
Léo sorriu. — Então ótimo. Já posso começar a morder você em público?
— Nem pense.
— Pena... — ele encostou o corpo ao de Lucas e sussurrou no ouvido — Eu queria tanto deixar você com cheiro de ômega safado pelo resto do dia...
Lucas estremeceu.
Mas, naquele instante, a porta ao lado se abriu com força.
Era Vitor.
O mesmo ômega beta que flertava com Léo no pátio. O mesmo que Lucas odiava. O mesmo que agora parava no corredor, encarando os dois com olhos estreitos.
— Interrompi alguma coisa?
Lucas se afastou de Léo como se tivesse levado um choque.
Léo, claro, não.
— Só conversando com meu namorado. — ele respondeu, firme, com um sorrisinho venenoso.
Vitor arregalou os olhos.
— Namorado? Ele?
— Sim. Surpreso?
Vitor olhou pra Lucas, depois pra Léo. Cruzou os braços.
— Sabe que ele só quer marcar você e sumir depois, né?
Lucas avançou um passo. — Cuidado com o que fala.
— Calma, grandão. Só tô tentando abrir os olhos dele.
— E eu tô pedindo gentilmente pra você sumir.
Vitor riu, sarcástico, e saiu andando.
Lucas respirou fundo, tentando acalmar o coração acelerado.
— Esse cara vai causar problema.
— Já causava. Agora só está com inveja. — Léo respondeu, ajeitando a gola da camisa do alfa. — Vai ter que aprender a conviver com isso, porque agora você é meu.
Lucas segurou o rosto dele, colando a testa na dele.
— E você é meu. Por completo.
— Então não me faz esperar muito pela marca, alfa tímido. Porque meu cio tá perto. E quando ele vier, eu vou implorar.
— E eu vou estar pronto. — ele sussurrou, colando os lábios nos de Léo em um beijo rápido, mas cheio de promessa.
No fim da tarde, Lucas voltou pra casa em estado de alerta. Estava ficando mais difícil controlar o instinto perto do ômega. Ainda mais agora com aquele “quase cio” atiçando cada célula do corpo.
Assim que entrou no quarto, tirou a camisa e caiu na cama.
Mas o celular vibrou.
Léo: “Sabe o que é pior que quase ser pego? Quase ser marcado.”
Lucas: “Você vai me enlouquecer.”
Léo: “Essa é a ideia. Boa noite, alfa.”
Lucas encarou a tela com um sorriso bobo. Mas esse sorriso sumiu no instante seguinte.
Outra notificação apareceu.
Número desconhecido: “Sei o que vocês estão fazendo. Isso vai custar caro.”
O estômago de Lucas gelou.
E a tensão voltou.
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Atualizado até capítulo 38
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