O que é meu, sangra por mim

.
O quarto já não era prisão. Era cela de vidro. E Ren… estava cansado de observar de longe.
Na manhã seguinte, ele apareceu com uma camisa preta nas mãos e jogou sobre o colo de Aoi.
Ren
Ren
Veste isso.
Ren
Ren
Vai sair do quarto
Aoi ergueu os olhos devagar, cauteloso.
Aoi
Aoi
Pra onde?
Ren
Ren
Só pra dentro da casa.
Ren
Ren
Quero que ande um pouco. Quero te ver fora dessas quatro paredes.
Aoi hesita, mas obedece. Veste a camisa por cima da faixa que cobre a cicatriz. O tecido ainda incomoda a pele. Mas ele não reclama.
[Corredores da casa]
A casa é ampla, fria. Piso de madeira escura, paredes limpas demais, corredores longos. Dois homens conversam em um sofá ao fundo. Quando Aoi passa com Ren ao lado, os olhos se voltam imediatamente.
membro 1
membro 1
Esse é o garoto?
membro 2
membro 2
Bonito demais pra estar inteiro.
Ren para. O ar muda. Ele ouve. E vira lentamente, como um cão que acabou de farejar ameaça.
Ren
Ren
Repete.
membro 2
membro 2
*rindo* Relaxa, chefe. Só tô dizendo que, com um rosto assim, ele deve ser bom de-
Ele não termina a frase.
Ren atravessa a sala em segundos. Um soco direto no rosto do homem. Outro no estômago. O terceiro faz sangue espirrar no chão de madeira.
membro 1
membro 1
Ren! Ele só falou-
Ren saca a arma, encosta na boca dele. Os olhos frios. Imóveis.
Ren
Ren
Ninguém olha.
Ren
Ren
Ninguém comenta.
Ren
Ren
E ninguém toca.
Ren
Ren
Ele é meu.
Aoi assiste tudo. Parado. O coração batendo no fundo da garganta. Mas o rosto continua quase neutro.
de volta ao quarto
Ren entra primeiro. Aoi entra depois. Fecha a porta devagar.
Aoi caminha até a cama e senta. Mas não encolhido, nem frágil. Apenas… quieto.
Ren
Ren
Eles aprenderam.
Ren
Ren
Você não é mercadoria de piada.
Aoi olha para as próprias mãos. Depois ergue o olhar até Ren. E então, pela primeira vez, fala algo… que não soa como defesa. Nem como ataque.
Aoi
Aoi
Eu fui vendido antes de aprender a confiar em qualquer homem.
Aoi
Aoi
Mas você é o primeiro que bate em alguém por mim.
Aoi
Aoi
Não sei se isso te faz melhor… ou pior que os outros.
Ren não responde de imediato. A frase fica entre eles como um espinho invisível, cravado em silêncio.
Ren
Ren
Eu não sou melhor
Ren
Ren
Só sou o único que não vai deixar te quebrarem de novo.
Aoi abaixa os olhos. A mão toca sutilmente a lateral da cintura, onde a cicatriz pulsa em memória.
Aoi
Aoi
Você não precisa me proteger
Ren
Ren
Eu quero.
Silêncio.
Ren se aproxima devagar. Senta na ponta da cama, próximo demais. As mãos apoiadas nas coxa. A tensão quase física no ar.
Ren
Ren
E quando eu quero… ninguém tira.
Aoi não recua. Mas também não se entrega
No dia seguinte
O dia começou estranho. O céu estava pesado, nublado. E Aoi sentia isso na pele.
Ren não apareceu pela manhã como de costume. Nenhuma ordem. Nenhum café. Nenhum olhar.
Apenas o som de passos fora do quarto. E então… silêncio.
Até que algo foi deixado do lado de fora da porta.
Um embrulho. Discreto. Quase elegante. A caixa preta com laço vermelho parecia presente de aniversário. Aoi não ousou tocá-la. Mas a porta se abriu sem aviso, era Ren.
Ren
Ren
Sai da frente.
Ele pegou a caixa e a colocou sobre a cama. Aoi observava em silêncio, o peito se apertando como se seu corpo previsse o que viria.
Ren abriu. Devagar. Com calma demais.
Dentro: Uma fotografia Um papel grosso dobrado Uma pulseira antiga de couro manchada de vermelho
O olhar de Ren pousou sobre a foto… e paralisou.
A imagem mostrava Aoi, com o corpo machucado, amarrado a uma cadeira antiga de metal. A luz da imagem era fria. O sangue ainda escorria da cintura. A cicatriz… recém-aberta.
Aoi reconheceu na mesma hora.
O mundo girou. As mãos tremeram. O estômago revirou.
Aoi
Aoi
…Não…
Ele tropeçou para trás, bateu no armário e caiu de joelhos. As mãos cobrindo a boca. Tinha vontade de vomitar.
Ren ergueu a carta e leu em voz alta. Frio.
Ren
Ren
“A marca que deixei nele não cicatriza fácil. Mas talvez você goste de usar o que foi meu. Com amor, K.A.”
Silêncio. A respiração de Aoi era entrecortada. O rosto suado, pálido, os olhos perdidos como se estivessem de volta em algum quarto escuro do passado.
Ren
Ren
Quem É K.A.?
Aoi não responde. Está em transe. O corpo rígido. A respiração curta.
Ren se agacha na frente dele, e segura seu rosto
Ren
Ren
Fala, porra.
Ren
Ren
Quem é ele?
Aoi enfim fala. Quase sussurra, como se o nome tivesse gosto de sangue.
Aoi
Aoi
Kirishima… Arata.
Ren congela.
Ren
Ren
O empresário de Tóquio?
Aoi
Aoi
Ele nunca foi só um empresário
Os olhos de Aoi estão molhados, mas ele não chora. Ele lembra. Cada detalhe. Cada gesto. Cada vez que Arata o quebrou e depois sorria dizendo que o amava.
Aoi
Aoi
Ele dizia que eu era a única coisa dele que respirava.
Aoi
Aoi
Que eu só viveria enquanto ele quisesse.
Aoi
Aoi
Quando quis deixar uma lembrança… ele me deu isso.
Aoi levanta a camisa. A cicatriz, ainda mal cicatrizada, está ali. Vermelha. Brilhante.
Ren respira fundo. O maxilar travado. Os punhos fechados.
Ren
Ren
Ele tá querendo guerra.
Aoi
Aoi
Ele sempre quis. Mas agora… agora ele sabe onde estou.
Ren se levanta, joga a caixa contra a parede com força. Tudo cai no chão. A foto se espalha, a pulseira rola até parar perto da cama.
Ren
Ren
Ele acha que pode tomar de mim.
Ren
Ren
Mas ele não entende
Ren caminha até a porta, depois se vira de novo. Seus olhos encontram os de Aoi e agora há algo mais do que fúria neles. Há instinto. Posse. Obsessão crescente.
Ren
Ren
Se ele quiser tocar em você de novo…
Ren
Ren
…ele vai morrer com os dedos quebrados dentro da própria garganta.
Aoi não respondeu. Porque lá no fundo… ele queria acreditar. Que talvez, dessa vez, alguém lutaria por ele. E venceria.
[Ponto de vista de Arata]
Uma sala ampla em Tóquio. Luz baixa. Móveis escuros. Kirishima Arata segura outra foto nas mãos, de Ren com Aoi caminhando pelo corredor.
Arata
Arata
*sorrindo para si* Você está bonito, meu tesouro.
Arata
Arata
E aquele brutamonte acha que pode te esconder de mim?
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👤 Nome: Kirishima Arata (霧島 新) Idade: 32 anos Nacionalidade: Japonês Profissão disfarce: Empresário do ramo de “consultoria internacional” na verdade, movimenta tráfico humano, leilões e chantagens de alto escalão Personalidade: Sádico elegante. Sempre com um sorriso controlado, fala mansa, e uma aura de poder psicológico sufocante. Histórico com Aoi: Foi quem “comprou” Aoi originalmente no exterior O mantinha como posse pessoal não só abusava fisicamente, mas gostava de torturar emocionalmente Foi ele quem deixou a cicatriz, como “marca de propriedade” Perdeu Aoi durante uma movimentação de mercado e desde então o busca obsessivamente Objetivo atual: Recuperar Aoi Castigar quem o "roubou" (Ren) Reforçar que Aoi ainda é dele
Ele tira os óculos com calma, cruza as pernas e encara a tela de um monitor. Uma câmera de segurança em tempo real. O local? A mansão de Ren.
Arata
Arata
Eu vou buscar o que é meu.
Arata
Arata
Devagar. Como da última vez
Ele sorri. Um sorriso que Aoi conhece bem. O tipo de sorriso que vem antes da dor.

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