O que é meu, sangra por mim
O quarto já não era prisão.
Era cela de vidro.
E Ren… estava cansado de observar de longe.
Na manhã seguinte, ele apareceu com uma camisa preta nas mãos e jogou sobre o colo de Aoi.
Aoi ergueu os olhos devagar, cauteloso.
Ren
Só pra dentro da casa.
Ren
Quero que ande um pouco. Quero te ver fora dessas quatro paredes.
Aoi hesita, mas obedece. Veste a camisa por cima da faixa que cobre a cicatriz. O tecido ainda incomoda a pele. Mas ele não reclama.
A casa é ampla, fria. Piso de madeira escura, paredes limpas demais, corredores longos.
Dois homens conversam em um sofá ao fundo. Quando Aoi passa com Ren ao lado, os olhos se voltam imediatamente.
membro 2
Bonito demais pra estar inteiro.
Ren para. O ar muda. Ele ouve. E vira lentamente, como um cão que acabou de farejar ameaça.
membro 2
*rindo*
Relaxa, chefe. Só tô dizendo que, com um rosto assim, ele deve ser bom de-
Ren atravessa a sala em segundos. Um soco direto no rosto do homem. Outro no estômago. O terceiro faz sangue espirrar no chão de madeira.
membro 1
Ren! Ele só falou-
Ren saca a arma, encosta na boca dele. Os olhos frios. Imóveis.
Aoi assiste tudo. Parado. O coração batendo no fundo da garganta. Mas o rosto continua quase neutro.
Ren entra primeiro. Aoi entra depois. Fecha a porta devagar.
Aoi caminha até a cama e senta. Mas não encolhido, nem frágil. Apenas… quieto.
Ren
Você não é mercadoria de piada.
Aoi olha para as próprias mãos. Depois ergue o olhar até Ren.
E então, pela primeira vez, fala algo… que não soa como defesa. Nem como ataque.
Aoi
Eu fui vendido antes de aprender a confiar em qualquer homem.
Aoi
Mas você é o primeiro que bate em alguém por mim.
Aoi
Não sei se isso te faz melhor… ou pior que os outros.
Ren não responde de imediato.
A frase fica entre eles como um espinho invisível, cravado em silêncio.
Ren
Só sou o único que não vai deixar te quebrarem de novo.
Aoi abaixa os olhos. A mão toca sutilmente a lateral da cintura, onde a cicatriz pulsa em memória.
Aoi
Você não precisa me proteger
Ren se aproxima devagar. Senta na ponta da cama, próximo demais.
As mãos apoiadas nas coxa. A tensão quase física no ar.
Ren
E quando eu quero… ninguém tira.
Aoi não recua. Mas também não se entrega
O dia começou estranho. O céu estava pesado, nublado. E Aoi sentia isso na pele.
Ren não apareceu pela manhã como de costume. Nenhuma ordem. Nenhum café. Nenhum olhar.
Apenas o som de passos fora do quarto. E então… silêncio.
Até que algo foi deixado do lado de fora da porta.
Um embrulho. Discreto. Quase elegante.
A caixa preta com laço vermelho parecia presente de aniversário.
Aoi não ousou tocá-la. Mas a porta se abriu sem aviso, era Ren.
Ele pegou a caixa e a colocou sobre a cama. Aoi observava em silêncio, o peito se apertando como se seu corpo previsse o que viria.
Ren abriu. Devagar. Com calma demais.
Dentro:
Uma fotografia
Um papel grosso dobrado
Uma pulseira antiga de couro manchada de vermelho
O olhar de Ren pousou sobre a foto… e paralisou.
A imagem mostrava Aoi, com o corpo machucado, amarrado a uma cadeira antiga de metal. A luz da imagem era fria. O sangue ainda escorria da cintura. A cicatriz… recém-aberta.
Aoi reconheceu na mesma hora.
O mundo girou. As mãos tremeram. O estômago revirou.
Ele tropeçou para trás, bateu no armário e caiu de joelhos. As mãos cobrindo a boca. Tinha vontade de vomitar.
Ren ergueu a carta e leu em voz alta. Frio.
Ren
“A marca que deixei nele não cicatriza fácil. Mas talvez você goste de usar o que foi meu. Com amor,
K.A.”
Silêncio. A respiração de Aoi era entrecortada. O rosto suado, pálido, os olhos perdidos como se estivessem de volta em algum quarto escuro do passado.
Aoi não responde. Está em transe. O corpo rígido. A respiração curta.
Ren se agacha na frente dele, e segura seu rosto
Aoi enfim fala. Quase sussurra, como se o nome tivesse gosto de sangue.
Ren
O empresário de Tóquio?
Aoi
Ele nunca foi só um empresário
Os olhos de Aoi estão molhados, mas ele não chora. Ele lembra. Cada detalhe. Cada gesto. Cada vez que Arata o quebrou e depois sorria dizendo que o amava.
Aoi
Ele dizia que eu era a única coisa dele que respirava.
Aoi
Que eu só viveria enquanto ele quisesse.
Aoi
Quando quis deixar uma lembrança… ele me deu isso.
Aoi levanta a camisa. A cicatriz, ainda mal cicatrizada, está ali. Vermelha. Brilhante.
Ren respira fundo. O maxilar travado. Os punhos fechados.
Ren
Ele tá querendo guerra.
Aoi
Ele sempre quis. Mas agora… agora ele sabe onde estou.
Ren se levanta, joga a caixa contra a parede com força. Tudo cai no chão. A foto se espalha, a pulseira rola até parar perto da cama.
Ren
Ele acha que pode tomar de mim.
Ren caminha até a porta, depois se vira de novo. Seus olhos encontram os de Aoi e agora há algo mais do que fúria neles.
Há instinto. Posse. Obsessão crescente.
Ren
Se ele quiser tocar em você de novo…
Ren
…ele vai morrer com os dedos quebrados dentro da própria garganta.
Aoi não respondeu.
Porque lá no fundo… ele queria acreditar.
Que talvez, dessa vez, alguém lutaria por ele.
E venceria.
[Ponto de vista de Arata]
Uma sala ampla em Tóquio. Luz baixa. Móveis escuros.
Kirishima Arata segura outra foto nas mãos, de Ren com Aoi caminhando pelo corredor.
Arata
*sorrindo para si*
Você está bonito, meu tesouro.
Arata
E aquele brutamonte acha que pode te esconder de mim?
👤 Nome: Kirishima Arata (霧島 新)
Idade: 32 anos
Nacionalidade: Japonês
Profissão disfarce: Empresário do ramo de “consultoria internacional” na verdade, movimenta tráfico humano, leilões e chantagens de alto escalão
Personalidade: Sádico elegante. Sempre com um sorriso controlado, fala mansa, e uma aura de poder psicológico sufocante.
Histórico com Aoi:
Foi quem “comprou” Aoi originalmente no exterior
O mantinha como posse pessoal não só abusava fisicamente, mas gostava de torturar emocionalmente
Foi ele quem deixou a cicatriz, como “marca de propriedade”
Perdeu Aoi durante uma movimentação de mercado e desde então o busca obsessivamente
Objetivo atual:
Recuperar Aoi
Castigar quem o "roubou" (Ren)
Reforçar que Aoi ainda é dele
Ele tira os óculos com calma, cruza as pernas e encara a tela de um monitor. Uma câmera de segurança em tempo real. O local? A mansão de Ren.
Arata
Eu vou buscar o que é meu.
Arata
Devagar. Como da última vez
Ele sorri.
Um sorriso que Aoi conhece bem.
O tipo de sorriso que vem antes da dor.
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