Mais profundo que a pele
O silêncio agora não era mais o mesmo.
Antes, era incômodo. Agora… era inquietante.
Porque ele já tinha tocado.
E o que encontrou debaixo da camisa branca ainda ardia na cabeça dele.
Ren estava de volta à sala das câmeras. Sentado, mas não relaxado.
Cigarro queimando na mão, mas ele não tragava.
Olhos fixos na tela.
Aoi estava ali. Sentado na cama, com o rosto virado para a janela fechada.
Ren
Quem fez aquilo com você, Aoi?
Ligação com contato do submundo
Ren está no escritório. A luz está baixa. O telefone encostado no ouvido.
Shouma
Tá procurando alguém, Daigo?
👤 Nome: Shouma Kiryuu (桐生 翔真)
Idade: 30 anos
altura: 1,81m
Nacionalidade: Japonês
Cargo: Informante e estrategista-chefe da máfia de Ren Daigo
Personalidade:
Silencioso, leal e extremamente racional
O único homem que Ren escuta de verdade
Tem um passado obscuro no mundo da espionagem japonesa, agora vive nas sombras por escolha
Relação com Ren:
Antigo companheiro de operações
Foi quem ajudou Ren a construir sua rede de informantes.
Extremamente protetor, mas nunca interfere na vida emocional de Ren, até agora
Ren
Um garoto foi leiloado há pouco tempo. Quero os nomes de quem teve acesso a ele antes. Qualquer registro.
Ren
E se souberem quem “preparou” ele... eu quero o nome. Agora.
Shouma
Tá apaixonado, Ren?
Ren
E quando eu tô com raiva, as pessoas desaparecem.
Ren desliga sem esperar resposta.
Quarto de Aoi | final da tarde
Aoi mal se mexeu o dia todo.
Não pediu comida.
Não tentou fugir.
Não dormiu.
Ren entra no quarto com uma sacola. Nada de pratos bonitos: pão, água, uma muda de roupas limpas.
Ren
Toma. Você tá começando a cheirar como um rato de porão.
Aoi permanece em silêncio.
Ren se aproxima. Joga a sacola sobre a cama. Seus olhos vão direto para a cintura do garoto, mas a camisa está baixa hoje. A cicatriz ainda está lá invisível, mas viva na memória dele.
Ren
Você devia ter morrido com um corte daqueles.
Ren
Gente como você não devia sobreviver… e ainda assim, você sobreviveu.
Aoi então levanta os olhos. Pela primeira vez em dois dias.
Aoi
Eu não pedi pra viver.
Ren congela por um segundo. Aquilo bateu de um jeito estranho como um soco no estômago, vindo de um corpo magro e calado.
Ren
...Então por que tá lutando tanto pra continuar inteiro?
Ren dá um passo à frente. Senta-se ao lado dele, sem pedir permissão.
Ren
Se eu quisesse quebrar você… já teria feito.
Ren
Mas agora eu quero saber quem tentou antes.
Aoi fecha os olhos por um instante. Depois vira o rosto.
Aoi
Vai odiar quem me quebrou.
Ren encara ele de lado. A raiva começa a crescer de novo não de Aoi, mas do passado dele. Do que ousaram fazer. Do que deixaram de pedaço.
Ren
Não é a primeira vez que eu sinto vontade de matar alguém que nem conheço.
Ele se levanta. Vai até a porta, mas para antes de sair.
Ren
Amanhã você vai sair desse quarto.
Ren
E se alguém olhar pra você de um jeito que eu não gosto… vai sangrar.
Ren
Igual você sangrou. Só que pior.
mais a porta mal tinha batido, e segundos depois ela se abriu de novo.
Aoi nem teve tempo de reagir.
Ren estava de volta. Nas mãos, uma pequena caixa branca. Sem palavras.
Aoi observou com desconfiança.
Aoi hesita. Mas, talvez por cansaço, ou talvez por entender que resistir ali não mudaria nada… ele obedece.
A pele pálida se revela devagar, os ossos levemente aparentes… e ali, cortando parte da cintura, a cicatriz. Feia. Vermelha. Inflamada.
Ren se ajoelha à frente dele. Abre a caixa. Álcool, gaze, creme cicatrizante. Com uma gentileza no movimento.
Ele passa o algodão com álcool devagar sobre a ferida. Aoi morde o lábio inferior, sem emitir som. Os olhos fixos no chão. O corpo inteiro tensionado.
Ren
Isso ainda tá infeccionado.
Ren
Quem te abriu... não queria te matar de uma vez.
Aoi fecha os olhos. A dor é aguda. Não só física.
Ren continua o processo. Limpa, pressiona, depois cobre com um curativo limpo. Tudo em silêncio.
Quando termina, guarda tudo de volta na caixa. E antes de sair, diz sem encará-lo:
Ren
Essa dor aí... é minha agora.
E então, pela segunda vez naquela noite, a porta se fecha.
Aoi segurou o próprio corpo por alguns segundos.
Como se quisesse segurar o que restava da alma.
Mas pela primeira vez… algo nele pareceu afrouxar.
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