Jogo de Aparências

A notícia se espalhou como fogo em mato seco. A imagem de Dante com Helena e as meninas estampava sites, colunas sociais e até o noticiário da manhã. A manchete dizia:

“Herdeiro da Salvatore Corp flagrado com mulher misteriosa e duas crianças: nova família à vista?”

Dante não se incomodava com fofocas. Já estava acostumado. Mas naquela manhã, ao chegar à mansão Salvatore para uma reunião com o pai, percebeu que a situação era diferente.

Assim que entrou no escritório luxuoso, seu pai, Lorenzo Salvatore, já o esperava atrás da enorme mesa de carvalho. Os olhos duros como pedra e as mãos fechadas sobre um jornal aberto com a tal foto.

— Dante... — começou Lorenzo, a voz baixa e carregada de desapontamento. — Tem algo que você gostaria de me contar?

Dante suspirou e jogou a pasta sobre a mesa de canto.

— Não tenho nada a esconder. É só uma funcionária. Ela tem duas filhas pequenas, foi só uma coincidência. Eu a ajudei quando ela se machucou no escritório, fim da história.

Lorenzo levantou-se com brutalidade, empurrando a cadeira para trás com força.

— Coincidência? Está em todos os jornais como se fosse uma família perfeita! Você tem ideia do quanto isso poderia ter nos adiantado?

— Como assim? — Dante franziu o cenho.

— Você sabe muito bem — rosnou Lorenzo. — Para assumir o lugar à frente da empresa, precisava mostrar estabilidade, seriedade. Uma família aos olhos do conselho... era a peça que faltava! E você tinha isso e me escondeu?

— Eu não escondi nada porque não é o que parece — rebateu Dante, firme. — Ela trabalha comigo. É competente, esforçada. As filhas dela se afeiçoaram, e só. Isso não faz de mim o pai delas, nem o marido dela.

— Não importa! — cortou o pai, irritado. — Para o mundo, vocês são uma família! E com a imagem certa... você já estaria com a presidência nas mãos. A empresa precisa de estabilidade, e isso vende confiança. Você sabe disso melhor do que ninguém.

Dante passou a mão pelos cabelos, visivelmente incomodado.

— Então é isso? Não importa se é verdade ou mentira? Desde que pareça uma família feliz, serve?

— Exatamente! — Lorenzo estalou os dedos. — É um jogo, Dante. E você já está no tabuleiro.

Antes que pudesse responder, a porta do escritório se abriu e leo, o irmão mais novo, entrou com seu típico ar de superioridade velada.

— Interrompo alguma coisa? — perguntou com um sorriso irônico. — Estava ouvindo da porta. Família feliz? Isso é novo pra mim.

— Fique fora disso, leo — disse Dante, ríspido.

Mas o irmão já caminhava até a mesa, fingindo inocência.

— Eu só acho curioso... Você sempre foi tão focado nos lucros e de repente aparece como pai de duas meninas adoráveis e companheiro exemplar. Que mudança repentina, hein?

Dante apertou os punhos, tentando manter a calma.

— Eu não pedi para ser fotografado. Isso não foi planejado.

— Mas pode ser aproveitado — disse Lorenzo, apontando novamente para a foto. — Essa imagem pode ser a chave. Se você oficializar esse relacionamento — mesmo que só de fachada — vai conquistar o que sempre quis. O conselho vai ver um herdeiro maduro, com raízes, com... humanidade.

Dante sentou-se lentamente na poltrona de frente à mesa.

— E se ela não quiser participar disso?

— Faça ela aceitar. Ofereça segurança, estabilidade... dinheiro, se for preciso. Toda mulher tem um preço, Dante.

Dante encarou o pai, os olhos cheios de uma raiva contida.

— Ela não é qualquer mulher. Não funciona assim.

Lorenzo sorriu, frio.

— Então me prove o contrário. Faça funcionar. E rápido. O conselho se reúne em duas semanas. Se você chegar lá com uma família ao seu lado, herda o trono. Caso contrário...

Ele deixou a frase no ar, sem completar.

Leo deu um leve riso.

— Boa sorte, irmão. Vai precisar.

Dante se levantou, já com mil pensamentos fervendo.

— Eu vou resolver. Do meu jeito.

E saiu, deixando o pai satisfeito e o irmão com um brilho perigoso nos olhos.

Do lado de fora, Dante parou por um momento, olhando para o horizonte da cidade.

Ele sabia que estava entrando em um jogo perigoso — e, dessa vez, as peças eram de carne e osso. E levavam nomes: Helena. Estela. Violeta.

E no fundo... talvez, pela primeira vez, ele não quisesse apenas jogar.

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Comments

pedro Emmanuel

pedro Emmanuel

essa família do Dante a família maluca esse Leonardo é diabólico e esse pai é um consequente só pensa em dinheiro ganância no preço do baby do filho coitado de Helena da Violetta da Estela

2025-07-13

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