O salão das Essências estava vazio. Era um lugar onde ninguém ousava pisar fora dos rituais, pois ali, os ecos do que já foi ainda sussurravam nas paredes.
Mas Kael estava lá.
E Lyanna também.
— Você está me evitando — ela disse, parando diante dele.
Kael virou-se lentamente, os olhos prateados mais sombrios do que nunca.
— Estou te protegendo.
— De mim? — Ela deu um passo à frente. — Ou de você mesmo?
O silêncio caiu como uma nevasca repentina. Ele não respondeu. Apenas a observou com algo entre fúria e medo.
— Eu vi o jeito como me olha, Kael — continuou. — Como se quisesse correr... e ao mesmo tempo, ficar. Como se tivesse medo de me tocar, mas vontade de me destruir com um beijo.
Ele cerrou os punhos.
— Não brinque com isso, Lyanna. Você não sabe o que está dizendo.
— Então me diga. Me diga por que se cala quando eu me aproximo. Por que seus olhos pedem socorro, mas sua boca só solta aço. Me conte o que tanto esconde.
— Porque se eu sentir de novo, eu quebro.
— Porque se eu amar de novo, eu viro monstro.
A voz dele quebrou no fim. Foi um sussurro, mas doeu como um grito.
Lyanna deu mais um passo. Estava perto agora. Tão perto que podia sentir o calor dele — e o frio por dentro.
— Você não é um monstro, Kael.
— Você não sabe o que eu sou.
— Sei. — Ela ergueu a mão e tocou o rosto dele, devagar, como se domasse uma tempestade. — Você é um homem que foi rasgado pela perda… e que ainda assim está aqui, de pé. Isso não é fraqueza. Isso é força.
Ele fechou os olhos. A pele dele tremia sob o toque. A besta dentro dele rugia. Mas ele não recuou.
— E se eu não conseguir controlar?
— Então eu vou estar aqui. Pra te lembrar de quem você é.
Kael abriu os olhos. Pela primeira vez, não havia armadura. Só dor... e desejo.
E naquele instante, as Essências ao redor do salão começaram a brilhar.
Vermelho. Prata. Um tom violeta onde os dois se tocavam.
Era a primeira vez que dois Portadores diferentes uniam forças sem conflito.
A primeira vez que duas almas feridas, ao se encostarem, não explodiram — mas curaram-se e irão provar até mesmo que os opostos podem se atrair, enquanto quebra pode consertar e erguer uma fortaleza. Provando ao mundo e a si mesmo que existe salvação até mesmo naquilo que não pode ser salvo. Como se os seus corpos não obedecessem o seus comandos uma fusão de Essências foi iniciada e automaticamente o feitiço da união foi conjurado e o destino de Lyanna é Kael foi traçado.
— Com o coração clamo pela alma, com o Vermelho uno-me ao Prata.
- Com o coração clamo pela a alma, com o Prata uno-me ao Vermelho.
— desperte o selo e ressuscite A Marca da tempestade que antes selada agora será libertada.
os olhos de Kael e Lyanna mudaram para um tom púrpura revelando o poder de sua união.
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O vínculo havia começado.
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Atualizado até capítulo 64
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