Capítulo 5 — Onde o Veneno Toca, o Mundo Esquece

O deserto não esquecia nada.
Os ossos sob a areia contavam histórias que nenhum livro ousava registrar. E as estrelas — frias, imóveis — observavam o mundo com olhos milenares.
No centro do deserto vermelho de Siyal’zar, entre ruínas engolidas pelo tempo e estátuas de deuses que ninguém mais nomeava, havia um palácio de pedra negra. Não tinha portas. Não tinha guardas.
Mas ninguém ousava entrar. Ali vivia Soren Kazai, o alquimista da Serpente.
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Soren era um segredo vivo.
Os olhos felinos de tom âmbar cortavam as sombras como lâminas. A pele, marcada por escamas finíssimas — visíveis apenas à luz da lua —, parecia reagir à magia do mundo. Suas mãos, sempre enluvadas, escondiam anéis envenenados, selos antigos e encantamentos em veneno líquido.
Ele dominava a alquimia como quem respira. Criava venenos que matavam em sonhos. E poções que curavam feridas que nem o tempo conseguia fechar. Mas há dias… algo estava errado.
Os frascos tremiam sozinhos. As fórmulas mudavam de ordem. E seus reflexos… piscavam para ele.
Soren passou os dedos sobre a superfície de um espelho negro. Viu seu próprio olhar… e depois viu outro. Um olhar idêntico. Mas antigo. Cheio de algo que ele não reconhecia.
Medo?
Ele não sentia medo.
Mas havia algo em seu sangue… quente demais. Vibrante. Vivo.
Naquela noite, ele desceu até o Salão dos Ossos Venenosos — o santuário proibido sob o palácio, onde guardava os artefatos que nem ele ousava usar.
No centro, um altar com três taças: uma de ouro, uma de jade e uma de vidro. E sobre elas, um pequeno pergaminho que não estava lá antes.
Soren parou. O pergaminho se abriu sozinho.
E palavras antigas surgiram, escritas em uma língua que ninguém mais lembrava — mas que ele entendeu.
> “O eclipse não te pertence. Mas você o pertence. E ele quer o que é seu.”
Soren arqueou uma sobrancelha.
Soren Kazai
Soren Kazai
— Críptico demais até para mim.
As velas se apagaram. A serpente tatuada em seu braço direito se mexeu sozinha. E uma marca surgiu sobre seu coração — um eclipse envolto por veneno gotejante.
Ele caiu de joelhos.
E no escuro, ouviu sussurros em oito vozes — mas só cinco silhuetas diante de si. Todas olhando para ele. Nenhuma se movia.
E então, os olhos do eclipse se abriram.
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Soren acordou no chão do salão.
Estava nu. O chão, marcado com símbolos circulares. A serpente em seu braço agora brilhava em tons de âmbar e verde-veneno.
Ele se levantou devagar.
Soren Kazai
Soren Kazai
— O jogo começou, então — disse, em voz baixa, enquanto pegava sua adaga cerimonial.
E seus olhos brilharam como ouro envenenado.
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Cinco foram tocados. Cinco sentem o chamado. E todos… começam a ouvir o nome esquecido: Khaerum.

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