Capítulo 3 — O Sopro que Vem das Profundezas

O mar sempre falou com Rhazien Thorne.
Não com palavras. Mas com pulsações, vibrações, sensações que só ele parecia escutar. Desde muito jovem, as águas o reconheciam. E ele as obedecia — não por temor, mas por instinto.
Nas cavernas submersas de Lunemaris, reino oculto sob o oceano, as marés eram antigas demais para qualquer idioma. Corriam entre pilares de sal e pedra encantada, circulando como serpentes líquidas que sussurravam nomes esquecidos. E Rhazien era o único a caminhar entre elas sem ser arrastado.
Seus passos descalços sobre o chão molhado não faziam som.
Seu corpo — marcado por traços de magia azul que cintilavam com a luz das profundezas — era um templo. E seus olhos, de um azul sobrenatural, refletiam os movimentos invisíveis do mundo como espelhos invertidos.
Ele vivia sozinho.
Não por escolha, mas porque ninguém conseguia estar muito tempo perto dele sem sentir que algo maior os observava através da pele de Rhazien.
Naquela noite, ele emergiu do lago sagrado. A água escorria lenta pelo corpo nu, serpenteando por suas tatuagens como se também sentisse algo errado.
Ele se vestiu em silêncio. Tecidos leves, escuros. Braceletes de conchas mortas. Um pingente com uma pedra que nunca resfriava. E seguiu pelas passagens úmidas até o Trono do Abismo — um altar esculpido diretamente no osso de uma criatura marinha que não existia mais.
Ali, ele costumava meditar.
Mas naquela noite, a água não o escutava.
Ela se contorcia, batia nas paredes, girava em redemoinhos. Parecia… confusa. A magia, instável.
Rhazien se ajoelhou, pousando as mãos sobre a superfície líquida. Fechou os olhos e sentiu.
E o que sentiu, não era mar.
Era um vazio muito antigo, vindo de um lugar onde nem a luz nem as marés alcançavam. Uma pressão invisível, como se algo estivesse se mexendo no fundo do mundo.
Ele abriu os olhos.
Um ponto luminoso piscava sob a água — uma pedra circular com uma rachadura que soltava um brilho dourado fraco. Ele mergulhou para pegá-la.
Assim que tocou, o mundo girou.
Visões.
Espirais negras no céu. Cinzas caindo como neve. Quatro figuras em pé sobre colunas, olhando para ele. E uma voz sem dono, sem gênero, sussurrando dentro da água:
....
....
— Você não está sozinho.
Rhazien emergiu num rompante.
Respirou fundo, ofegante. A água ao redor tremia. O altar, rachado. A pedra? Sumida.
Mas no reflexo do lago, viu seu próprio peito… marcado por uma linha azulada em forma de eclipse.
Ele passou a mão. Nada ali. Mas ele sentia. Dentro da carne. No sangue.
Rhazien Thorne
Rhazien Thorne
— Há algo… se movendo — sussurrou, encarando a escuridão além da caverna.
E o mar, que sempre sussurrava, naquele momento ficou mudo.
---
Três alfas já sentiram. Três reinos já foram tocados. Mas nenhum deles conhece o outro. E todos carregam a mesma sensação: Algo está faltando.
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Comments

S.S staine

S.S staine

incrível 🤩🤩🤩🤩🤩

2025-07-04

1

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