Faltavam sete dias.
Sete dias até Luna deixar oficialmente a adolescência para trás.
Sete dias até que seu segredo fosse revelado.
Sete dias até que todos os olhares estivessem sobre ela — e sobre a escolha que ninguém ousaria imaginar.
Sete dias até olhar Dante Virmond nos olhos… e chamá-lo de noivo.
A mansão estava em alvoroço.
Não apenas por causa do evento em si, mas por quem Luna era. Ela podia não carregar o sobrenome Virmond, mas era tratada como parte da linhagem há muito tempo. A festa seria um evento privado, mas luxuoso — à altura da herdeira silenciosa que Alaric Virmond cuidara como filha desde o berço.
As equipes de organização iam e vinham. Tecidos, flores, pratos de degustação. Era como assistir a uma orquestra onde cada detalhe precisava soar perfeito.
Mas Luna…
Luna não conseguia se concentrar em absolutamente nada.
Ela era levada de um lado a outro por estilistas e decoradoras, mas sua mente estava longe.
Preso ao mesmo ponto: o momento em que ela diria, diante de todos, o nome de Dante.
— Vai ser um escândalo, sabe disso, né? — disse Iris, sentada sobre a cama de Luna enquanto experimentavam docinhos de damasco com pistache.
— Por que seria um escândalo? — Luna perguntou, forçando naturalidade.
— Porque você vai fazer dezoito. Porque metade dos solteiros de Altharia vai estar nessa festa. Porque os Virmond vão estar em peso, e alguém com certeza vai pedir sua mão em casamento no meio da pista de dança.
Luna quase engasgou.
— Ninguém vai pedir minha mão.
— Vai sim. Aposto que o embaixador de Brënth vai mandar flores antes do discurso. — Iris riu, colocando outro doce na boca. — Só quero estar lá quando seu coração disparar por alguém que preste. Já chega de Cael.
Luna ficou em silêncio.
Ninguém sabia que ela já tinha feito sua escolha.
Que seu coração estava disparando há semanas por alguém que sequer a olhava duas vezes.
Na noite seguinte, Luna desceu as escadas em silêncio. Não conseguia dormir. A ansiedade, o peso do que viria, o medo de estar errada… tudo se misturava como uma tempestade dentro dela.
Foi quando ouviu vozes no jardim de inverno.
Ela espiou por trás da cortina e viu Dante, sozinho com Alaric.
Não dava para ouvir a conversa, mas ela reconhecia a linguagem corporal do pai e do filho mais velho: reservados, diretos, quase frios por fora. E ainda assim… havia algo entre eles que sempre chamou sua atenção. Uma ligação profunda, construída sobre confiança e cobrança.
Dante não parecia à vontade. Seu corpo permanecia rígido, os ombros tensos. Alaric, ao contrário, gesticulava com calma. Como se estivesse tentando convencê-lo de algo.
Luna sentiu o coração acelerar.
Será que ele já havia dito?
Será que Dante já sabia?
Mas então, a conversa terminou.
Alaric apertou o ombro do filho com firmeza. Dante apenas assentiu e caminhou em direção à mansão.
Luna se afastou da janela antes que ele a visse.
Não estava pronta para aquele encontro. Ainda não.
Ainda faltavam seis dias.
Os dias seguintes foram preenchidos com preparativos e silêncio.
Dona Maëlle organizava os cardápios. Iris escolhia músicas e distraía Luna com teorias absurdas sobre o futuro. Alaric parecia mais calado que o normal. Observava Luna com olhos que sabiam demais, mas respeitavam o tempo dela.
E Dante…
Dante começou a aparecer mais.
Almoçava na casa.
Cruzava com Luna no corredor.
Uma vez, segurou a porta para ela entrar no escritório de Alaric e disse, em voz baixa:
— Bom dia, Luna.
Apenas isso.
Mas foi o suficiente para tirar o chão dela por dois dias inteiros.
Na manhã anterior ao aniversário, Luna acordou com um céu cinzento sobre Altharia.
Era estranho como o clima parecia refletir o que ela sentia por dentro: um nevoeiro de emoções prestes a se dissipar com um único raio de revelação.
Ela desceu para o café com passos calmos, mas por dentro, tudo estava acelerado.
Na mesa, todos os irmãos estavam reunidos — algo raro.
Até mesmo Dante.
Ela hesitou ao vê-lo ali, sentado à ponta da mesa, como sempre. Vestia um suéter grafite, a camisa branca sob ele impecável como sua postura. Segurava uma caneca de café preto entre as mãos, sem participar da conversa — apenas ouvindo, observando.
Como sempre.
— Finalmente resolveu aparecer nos eventos sociais da casa — disse Adrian, com um sorriso zombeteiro, enquanto passava uma geleia de frutas vermelhas no pão.
— Não me alimento de ar como você — Dante respondeu, sem erguer os olhos. — Preciso de energia real.
Todos riram, até mesmo Elias, que quase derrubou o copo de suco.
Luna se aproximou da mesa e sentou-se num dos lugares vagos. Fingiu naturalidade, mas sentiu o olhar de Dante pousar nela por um segundo.
Um segundo apenas.
Mas foi o bastante para seu coração estremecer.
Ela não sabia o que ele pensava. Não sabia se já havia descoberto ou se Alaric ainda mantinha o segredo intacto. Mas sabia que ele estava olhando. E isso… já era novo.
— Estão preparados para a festa do ano? — perguntou Tristan, com um brilho travesso nos olhos. — A debutante mais cobiçada de Altharia vai virar adulta. Aposto que até príncipes vão aparecer fingindo serem empresários.
— “Mais cobiçada”? — Adrian arqueou uma sobrancelha. — Acho que o nosso querido irmão Cael está um pouco abalado com isso.
Cael deu de ombros, fingindo desinteresse.
— Ela é como uma irmã pra mim — disse com desdém.
Luna permaneceu em silêncio. Sentiu uma leve náusea pela falsidade da frase. Mas não respondeu. Ele não merecia mais nenhuma palavra dela.
Dante apenas continuou comendo em silêncio, como se nada ao redor o atingisse. Mas Luna percebia. A forma como seus dedos tamborilavam discretamente sobre a xícara. A rigidez da mandíbula.
Ele estava mais tenso do que o normal.
Mais tarde, Luna caminhava pelo jardim da mansão, acompanhada de Iris, que insistia em testar as luzes da decoração final. As estruturas metálicas estavam montadas, as flores sendo posicionadas em painéis altos, e uma pista de dança iluminada tomava forma no centro do pátio.
— Está tudo tão… real — disse Luna, num sussurro.
— Amanhã à noite, você não será mais só a Luna. Vai ser a mulher que todo mundo vai querer entender. — Iris sorriu. — E também a que todos vão invejar.
— Invejar?
— Claro. Você não percebe, mas tem um tipo raro de poder. Você é a única que Alaric trata como sangue. E amanhã… algo me diz que vai acontecer mais do que um simples parabéns.
Luna gelou.
— Que tipo de coisa?
Iris deu de ombros.
— Eu não sei. Mas tem um clima estranho no ar. Como se… algo muito grande estivesse prestes a ser revelado.
Luna não respondeu. Apenas forçou um sorriso e continuou andando. Luna foi até a alfaiataria onde o vestido estava sendo finalizado.
Era um modelo elegante, marfim pálido, com mangas longas bordadas e um decote discreto. Parecia um vestido de noiva jovem. Puro. Determinado. Como ela se sentia por dentro, mesmo sem dizer em voz alta.
Quando experimentou e se viu no espelho, não se reconheceu.
Ela não era mais uma menina apaixonada por alguém que não a enxergava.
Era uma mulher que havia escolhido seu próprio caminho.
Mesmo que esse caminho fosse cercado por incertezas.
À noite, sozinha no quarto, ela ficou horas em silêncio diante do espelho.
Vestia um robe de cetim claro, os cabelos soltos, a pele já preparada para o dia seguinte. O vestido estava pendurado, iluminado por uma lâmpada quente, como se fosse uma peça de museu.
Seu olhar se perdeu na própria imagem refletida.
— Você vai dizer sim — murmurou para si mesma. — Mesmo que ele diga não depois. Mesmo que ele não entenda. Mesmo que ninguém compreenda.
Pegou o diário mais uma vez, e escreveu com mãos trêmulas:
"Amanhã, o mundo verá o que eu escolhi em silêncio.
Amanhã, Dante vai ouvir meu nome e o dele na mesma frase.
E talvez ele não sorria. Talvez ele não diga nada.
Mas mesmo assim…
Amanhã, eu estarei em paz. Porque escolhi o único homem que nunca tentou me conquistar…
E talvez, só talvez, seja por isso que ele é o único que pode me amar de verdade."
Ela fechou o diário, apagou a luz e se deitou.
Amanhã.
Tudo mudaria.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Vanuza Da Silva
Não entendi uma coisa, no primeiro capítulo ela vivia numa pensão aí depois ela já mora lá mansão do Laric?
2025-07-04
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Miriana Rodrigues
tô tão ansiosa quanto você Luna/Heart//Heart//Heart//Heart/
2025-07-05
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Vanuza Da Silva
Autora vem aqui e me explica pq tá confuso isso
2025-07-04
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