Quando Eu Disse Sim ao Irmão Errado

Quando Eu Disse Sim ao Irmão Errado

Capítulo 1 – O Coração que Ama em Silêncio

"Às vezes, o amor cega tanto que não conseguimos enxergar quando estamos sendo ridículos."

O céu sobre Lunebelle era uma pintura viva naquela tarde. Tons de pêssego, púrpura e dourado se misturavam conforme o sol se escondia por trás das montanhas de Virelle, lançando uma luz suave sobre os telhados antigos da cidade. Do alto da colina, onde ficava a pensão em que Luna Villeneuve vivia com a tia-avó, era possível ver o rio serpenteando como um espelho prateado e, ao longe, as torres da mansão Virmond, tão imponentes quanto inalcançáveis.

Ela estava sentada à beira da janela, com os pés descalços e as pernas encolhidas, o velho diário apoiado nas coxas. A caneta dançava entre os dedos, hesitante, como se as palavras exigissem coragem para serem escritas.

"Querido diário,

Hoje ele passou por mim no campus. Usava uma jaqueta preta e óculos escuros, com aquele andar despreocupado de quem sabe que é desejado. Eu gelei. Meu coração bateu tão alto que achei que as outras pessoas fossem ouvir.

Cael Virmond.

Até seu nome soa como música. Ele é o tipo de cara que parece saído de um filme: sorriso torto, voz baixa, olhos cinzentos como o inverno. Mas não é só beleza, sabe? Ele tem uma presença... Uma confiança que faz a gente querer se aproximar, mesmo sabendo que pode se machucar.

Já faz quase um ano que gosto dele. E mesmo que ele nunca tenha me notado de verdade, eu continuo aqui, nesse sentimento silencioso.

Talvez seja só um sonho tolo, mas sonhar com ele me faz sentir viva."

Ela suspirou, deixando a caneta escorregar para o parapeito da janela. Lá fora, o vento fazia dançar as folhas da cerejeira. Era um fim de tarde bonito. O tipo de cenário que dava vontade de acreditar no amor.

Até que a voz da sua melhor amiga invadiu a paz do quarto.

— Lunaaaaa! — Iris apareceu esbaforida na porta, sem bater. — Me diz que você não vai passar a sexta-feira escrevendo nesse caderninho de novo!

Luna sorriu, fechando o diário.

— É só por um instante...

— Um instante que já dura meses. — Iris revirou os olhos. — Esquece o Cael por uma noite. Vai ter uma festa absurda na mansão Virmond. Todas as famílias da elite vão estar lá. E adivinha quem vai estar no centro das atenções?

— Cael...

— Exatamente. E hoje você não vai ficar olhando de longe. Vai aparecer. Vai viver. Vai fazer esse babaca perceber o que está perdendo.

Horas depois, Luna se olhava no espelho com o coração acelerado. O vestido azul-claro que Iris emprestara tinha mangas finas e tecido fluido. Ela nunca se achou bonita — não como as garotas da alta sociedade — mas naquela noite, havia algo diferente em seu reflexo. Talvez fosse a esperança, talvez a coragem que Iris tanto insistia que ela tinha.

A mansão Virmond ficava a vinte minutos do centro de Lunebelle, cercada por portões altos, jardins impecáveis e seguranças vestidos de preto. O tipo de lugar que parecia não pertencer ao mundo real. Quando Luna desceu do carro, sentiu-se pequena, deslocada. Mas respirou fundo e caminhou até a entrada com o que restava de confiança.

Lá dentro, a festa estava em pleno andamento. Lustres de cristal brilhavam sob o teto altíssimo. Um quarteto tocava jazz no salão principal, enquanto garçons passavam com taças de champanhe. Jovens riam, dançavam, exibiam vestidos caros e relógios de ouro.

— Está nervosa? — Iris perguntou, percebendo o olhar inquieto da amiga.

— Muito. Parece que estou num lugar onde não pertenço.

— Você pertence onde quiser, Luna. Lembre-se disso.

A noite avançou lentamente. Luna viu Cael de longe várias vezes. Primeiro no bar interno, depois ao lado da piscina, sempre cercado por pessoas bonitas, bebidas e olhares desejosos. Mas ele não a viu. Nunca via.

Por volta das onze, Iris foi ao banheiro e Luna decidiu respirar um pouco do lado de fora. Passou por uma das portas de vidro do salão e saiu no terraço dos fundos. Ali, algumas vozes ecoavam, e ela reconheceu a risada que seu coração conhecia tão bem.

Cael.

Ela se aproximou devagar, escondendo-se atrás de uma pilastra de pedra. Queria apenas ouvir a conversa. Só por um segundo. Só para sentir que ainda fazia parte do mundo dele — mesmo que só como espectadora.

Mas o que escutou destruiu tudo.

— — Você viu a lunática apaixonada por mim? — Cael disse, rindo. — Aquela... Luna. A garota que fica me seguindo como se eu fosse o último homem da Terra.

— — A da universidade? Aquela que fica na biblioteca?

— — Essa mesmo. Vive aparecendo do nada. Uma vez até trouxe um café com meu nome escrito com coraçõezinhos na tampa. — Ele gargalhou. — Eu quase morri de vergonha. Parece uma cadelinha perdida.

Uma das mulheres — alta, loira, com vestido prateado — soltou um riso sarcástico.

— — Você devia dar uma chance. Ela parece... dedicada.

— — Dedicada é o caramba. Eu gosto de mulher de verdade. Aquela garota é uma adolescente carente, totalmente fora do meu tipo. Eu transo com mulheres, não com fãs.

O mundo parou.

Cada palavra foi uma punhalada no peito de Luna. Sentiu as pernas fraquejarem. O sangue sumir do rosto. E o coração... aquele que tinha batido tantas vezes por ele... agora só pulsava de vergonha e dor.

Ela se virou, sem conseguir conter as lágrimas, e correu para longe dali.

De volta ao seu quarto, com o vestido ainda grudado no corpo e o rosto marcado pelo choro, Luna se jogou na cama com o diário aberto ao lado. Não escreveu. Não conseguiu. Apenas encarou a página em branco como se aquilo representasse exatamente o que sentia por dentro.

O vazio de uma esperança que acabou.

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Joanice Gonçalves

Joanice Gonçalves

Safado, ordinário.

2025-07-06

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Capítulos
1 Capítulo 1 – O Coração que Ama em Silêncio
2 Capítulo 2 – A Visita que Mudaria Tudo
3 Capítulo 3 – O Irmão que Ninguém Ousa Tocar
4 Capítulo 4 – Entre Herdeiros e Segredos
5 Capítulo 5 – A Última Semana Antes do Sim
6 Capítulo 6 – Quando Eu Disse Sim
7 Capítulo 7 – A Primeira Noite Como Noiva
8 Capítulo 8 – Os Olhos Sobre Nós
9 Capítulo 9 – Além da Aparência
10 Capítulo 10 – A Primeira Queda da Armadura
11 Capítulo 11 – A Linguagem do Silêncio
12 Capítulo 12 – A Noiva Diante do Julgamento
13 Capítulo 13 – A Casa Onde o Tempo Parou
14 Capítulo 14 – E o Mundo Voltou a Girar
15 Capítulo 15 – Quando o Passado Entra Sem Bater
16 Capítulo 16 – Tudo Que Ele Não Diz
17 Capítulo 17 – Onde Tudo Pode Rachar
18 Capítulo 18 – As Máscaras Caem
19 Capítulo 19 – Onde Ela Aprende a Ficar de Pé
20 Capítulo 20 – O Jogo Começa com os Fortes
21 Capítulo 21 – Onde o Passado Bate à Porta
22 Capítulo 22 – Onde a Verdade Pesa Mais que o Sangue
23 Capítulo 23 – Onde Se Esconde o Inimigo Invisível
24 Capítulo 24 – Onde Tudo Começou
25 Capítulo 25 – Onde Se Revela o Verdadeiro Lado
26 Capítulo 26 – Onde a Traição Tem Rosto Conhecido
27 Capítulo 27 – Onde a Verdade É Preparada para o Ataque
28 Capítulo 28 – Onde os Segredos se Tornam Armas
29 Capítulo 29 – Onde Se Dança Sobre as Cinzas
30 Capítulo 30 – Onde O Inimigo Ataca Por Dentro
31 Capítulo 31 – Onde o Voto Decide o Futuro
32 Capítulo 32 – Onde o Inimigo Deixa de se Esconder
33 Capítulo 33 – Onde o Tabuleiro Vira Fogo
34 Capítulo 34 – Onde As Verdades Esquecidas Esperam
35 Capítulo 35 – Onde a Mentira Precisa Gritar Para Ser Ouvida
36 Capítulo 36 – Onde o Inimigo Troca de Máscara
37 Capítulo 37 – Onde Até os Heróis Têm Segredos
38 Capítulo 38 – Onde a Verdade Não Pode se Esconder
39 Capítulo 39 – Onde a Vitória Abre as Portas do Passado
40 Capítulo 40 – Onde os Mortos Deixam Rastros
41 Capítulo 41 – Onde as Ruas Sussurram Nomes Proibidos
42 Capítulo 42 – Onde os Cofres Também Guardam Sombras
43 Capítulo 43 – Onde o Rosto do Inimigo Tem o Mesmo Sangue
44 Capítulo 44 – Onde a Promessa da Dor se Cumpre
45 Capítulo 45 – Onde o Amor Também É uma Armadilha
46 Capítulo 46 – Onde o Nome Final Escreve a Ruína
47 Capítulo 47 – Onde a Caçada Começa e o Medo Perde o Lugar
48 Capítulo 48 – Onde a Verdade Dói Mais que a Traição
49 Capítulo 49 – Onde a Voz Cala o Monstro
50 Capítulo 50 – Onde a Armadilha É Para Dois
51 Capítulo 51 – Onde a Liberdade Encontra o Nome da Mulher Que Sobreviveu
52 Epílogo – Onde o Coração Enfim Escolhe Viver
Capítulos

Atualizado até capítulo 52

1
Capítulo 1 – O Coração que Ama em Silêncio
2
Capítulo 2 – A Visita que Mudaria Tudo
3
Capítulo 3 – O Irmão que Ninguém Ousa Tocar
4
Capítulo 4 – Entre Herdeiros e Segredos
5
Capítulo 5 – A Última Semana Antes do Sim
6
Capítulo 6 – Quando Eu Disse Sim
7
Capítulo 7 – A Primeira Noite Como Noiva
8
Capítulo 8 – Os Olhos Sobre Nós
9
Capítulo 9 – Além da Aparência
10
Capítulo 10 – A Primeira Queda da Armadura
11
Capítulo 11 – A Linguagem do Silêncio
12
Capítulo 12 – A Noiva Diante do Julgamento
13
Capítulo 13 – A Casa Onde o Tempo Parou
14
Capítulo 14 – E o Mundo Voltou a Girar
15
Capítulo 15 – Quando o Passado Entra Sem Bater
16
Capítulo 16 – Tudo Que Ele Não Diz
17
Capítulo 17 – Onde Tudo Pode Rachar
18
Capítulo 18 – As Máscaras Caem
19
Capítulo 19 – Onde Ela Aprende a Ficar de Pé
20
Capítulo 20 – O Jogo Começa com os Fortes
21
Capítulo 21 – Onde o Passado Bate à Porta
22
Capítulo 22 – Onde a Verdade Pesa Mais que o Sangue
23
Capítulo 23 – Onde Se Esconde o Inimigo Invisível
24
Capítulo 24 – Onde Tudo Começou
25
Capítulo 25 – Onde Se Revela o Verdadeiro Lado
26
Capítulo 26 – Onde a Traição Tem Rosto Conhecido
27
Capítulo 27 – Onde a Verdade É Preparada para o Ataque
28
Capítulo 28 – Onde os Segredos se Tornam Armas
29
Capítulo 29 – Onde Se Dança Sobre as Cinzas
30
Capítulo 30 – Onde O Inimigo Ataca Por Dentro
31
Capítulo 31 – Onde o Voto Decide o Futuro
32
Capítulo 32 – Onde o Inimigo Deixa de se Esconder
33
Capítulo 33 – Onde o Tabuleiro Vira Fogo
34
Capítulo 34 – Onde As Verdades Esquecidas Esperam
35
Capítulo 35 – Onde a Mentira Precisa Gritar Para Ser Ouvida
36
Capítulo 36 – Onde o Inimigo Troca de Máscara
37
Capítulo 37 – Onde Até os Heróis Têm Segredos
38
Capítulo 38 – Onde a Verdade Não Pode se Esconder
39
Capítulo 39 – Onde a Vitória Abre as Portas do Passado
40
Capítulo 40 – Onde os Mortos Deixam Rastros
41
Capítulo 41 – Onde as Ruas Sussurram Nomes Proibidos
42
Capítulo 42 – Onde os Cofres Também Guardam Sombras
43
Capítulo 43 – Onde o Rosto do Inimigo Tem o Mesmo Sangue
44
Capítulo 44 – Onde a Promessa da Dor se Cumpre
45
Capítulo 45 – Onde o Amor Também É uma Armadilha
46
Capítulo 46 – Onde o Nome Final Escreve a Ruína
47
Capítulo 47 – Onde a Caçada Começa e o Medo Perde o Lugar
48
Capítulo 48 – Onde a Verdade Dói Mais que a Traição
49
Capítulo 49 – Onde a Voz Cala o Monstro
50
Capítulo 50 – Onde a Armadilha É Para Dois
51
Capítulo 51 – Onde a Liberdade Encontra o Nome da Mulher Que Sobreviveu
52
Epílogo – Onde o Coração Enfim Escolhe Viver

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