apresentação

Pesadelo —

Me chamam de Pesadelo.

Mas meu nome é Bruno. Só quem me colocou tem coragem de me chamar assim.

Sou dono da rocinha

Não porque comprei, não porque pedi — herdei. Meu pai reinou nesse morro por mais de vinte anos. Quando a idade pesou e minha mãe resolveu arrastar ele pro exterior, ele olhou nos meus olhos e disse:

“Agora é contigo, moleque. Segura ou cai.”

Eu segurei.

Desde então, ninguém sobe ou desce sem meu aval.

Ninguém vende, ninguém compra, ninguém respira sem eu saber.

Eu sou o começo e o fim de tudo que acontece aqui.

Sou filho único. Cresci ouvindo o som de tiro e o riso dos homens que mandavam em tudo. Aprendi cedo que sentimento é fraqueza. Que confiar em alguém é pedir pra ser traído. Que amar… é a forma mais bonita de se destruir.

Por isso eu não amo ninguém.

Mulher, pra mim, é distração de uma noite, se muito.

Gosto de corpo bonito, olhar atrevido, mas depois que acaba… cada uma pro seu canto.

Relacionamento? Isso é pra quem pode ser fraco. Eu não posso.

Já vi muito homem bom cair por causa de saia.

Já vi o melhor soldado do morro morrer porque quis proteger mulher e filho.

Aqui, quem sente, sangra. E quem sangra... morre.

Por isso eu mantenho distância.

Frio, calculista, como dizem.

E se alguém me perguntar se me arrependo de alguma coisa...

Não.

A vida me fez assim.

E quem não aguenta, que saia do caminho.

foto do bruno ( pesadelo )

Felipe

Meu nome é Felipe, mas aqui no morro ninguém me chama assim.

Pra geral, sou Fe.

Braço direito do Pesadelo. Melhor amigo. Sub do morro.

Se ele manda, eu executo. Se ele cai, eu levanto.

E ele faria o mesmo por mim.

Essa irmandade não começou agora. Vem de berço.

Meu pai foi sub do pai do Bruno por anos. Levaram o morro nas costas juntos, com sangue, suor e sabedoria. Quando os velhos resolveram largar o trono, ficou decidido sem nem precisar falar muito: os filhos assumem.

A gente cresceu nessa quebrada. Jogando bola nos becos, ouvindo tiro como quem ouve fogos de artifício.

Aprendemos a lei da rua antes da de dentro da escola.

E acima de tudo: aprendemos que lealdade é tudo.

Aqui, o que é dele é meu. O que é meu é dele. E quem mexe com um, enfrenta os dois.

Mas tem uma parada que me diferencia do Bruno.

Ele não acredita em amor. Eu acredito.

E eu encontrei o meu.

Clarisse.

Parceira pra tudo. Linda que só ela, mas é muito mais do que isso.

Ela é ligeira, fiel, me conhece no olhar.

Fecha comigo no corre, fecha em casa, fecha na paz e na guerra.

Ela não precisa de aliança pra ser minha mulher — ela já é.

A galera até zoa, diz que eu amoleci, que tô querendo formar família.

Talvez esteja mesmo.

Porque, com ela do lado, eu vejo um futuro diferente.

Um onde eu posso viver e não só sobreviver.

Mas não se engana:

Amor nenhum me faz esquecer onde eu tô, o que eu sou e o que eu tenho que proteger.

Levo o morro com a mesma garra de quem herdou uma coroa feita de concreto, pólvora e respeito.

E quem quiser testar…

Vai descobrir que o nome é Felipe, mas o sangue é do morro.

Foto do fe ( Felipe)

Clarisse —

Meu nome é Clarisse.

Sou nascida e criada na rocinha

Cria mesmo. Daquelas que aprenderam a correr antes de andar, e a se impor antes de ser engolida.

Nunca precisei de homem pra me proteger, mas hoje tenho um que protege porque quer, não porque eu preciso.

Tô com o Felipe, o sub.

E antes que alguém pense que tô com ele por status... errou feio.

Tô com ele porque ele é homem de verdade.

Parceiro. Presente. Leal.

E porque juntos, a gente é mais forte.

Ele vem com as armas dele, eu com as minhas. E nenhuma é de brinquedo.

Aqui no morro eu sou respeitada. Não é porque sou a mulher do sub, não.

É porque sou Clarisse. Porque nunca abaixei a cabeça pra ninguém.

Já fechei com as meninas no baile, já fechei com os cria no dia do aperto.

Se tiver que ir pra cima, eu vou.

Mas também sou a que ouve, a que acolhe, a que segura a onda quando tá tudo desabando.

Tô sempre atenta. Quem entra, quem sai, quem fala, quem cala.

O morro é vivo, e eu conheço cada batida.

Com o Felipe eu quero mais, sim. Quero casa cheia, barulho de criança, domingo com feijoada e chinelo no pé.

Mas até lá, a gente segura a responsa.

Porque mulher de homem forte não pode ser fraca.

E eu sou cria.

Sou força.

Sou Clarisse.

foto da clarisse

Mais populares

Comments

Leia Senna

Leia Senna

gostando muito das histórias e anciosas pelos próximos capítulos

2025-07-01

1

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!