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Capítulo 1 – Entre Sonhos e Bastidores
(continuação)
Parte I – A Preparação de Um Sonho
As semanas que se seguiram foram um turbilhão.
Cada minuto livre entre as aulas e os ensaios da faculdade era preenchido com playlists, teorias de setlists, busca por passagens, hospedagem e — claro — a batalha épica pelos ingressos. Aquele dia foi um marco: a gente sentado no chão da sala da Bianca, os celulares tremendo na mão, os sites travando, os corações disparados.
— ENTROU, ENTROU! — gritou João.
— TÔ NA FILA! EU TÔ NA FILA! — berrava Bianca como se tivesse ganhado na loteria.
O Victo, mais calmo, digitava com precisão. Sempre eficiente, ele tinha anotado CPF, código de segurança, senha e plano B, caso o site caísse.
E eu… tremia como uma folha.
Mas conseguimos.
Ingressos garantidos: setor pista premium, bem na frente do palco.
E ali, naquela confirmação, não era só o show que se tornava realidade. Era um pedaço inteiro do meu sonho se materializando diante dos meus olhos.
Nas semanas seguintes, montei uma playlist exclusiva só com músicas que eles podiam cantar. Fiz croquis de roupas — nada demais, só uma saia preta rodada, blusa com recorte e uma jaqueta jeans customizada com a frase “You can’t stop me lovin’ myself” nas costas. Um grito de amor-próprio e identificação.
À noite, deitada na cama, olhava pro teto iluminado pelas luzinhas do meu quarto e pensava: Será que, se ele me visse na plateia, ele saberia? Será que o Namjoon conseguiria me enxergar no meio de tantas vozes, tantos olhos, tantos braços levantando celulares?
Victo não dizia muito, mas sempre que eu falava dele, ele soltava um sorrisinho irônico, disfarçava e mudava de assunto.
No fundo, eu sabia. Ele estava ali. Sempre esteve. Mas, por enquanto, meu coração ainda pertencia a um palco que nunca pisei.
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Parte II – Por Trás das Câmeras
Seul – Três Meses Antes da Turnê
No 6º andar do prédio da HYBE, a sala de ensaio vibrava com os graves da música nova. Os passos ressoavam no chão como tambores de guerra: precisos, potentes, impecáveis.
Yoongi ajustava o fone no ouvido enquanto revisava a batida. Hoseok, sempre com a energia lá em cima, corrigia a marcação de tempo de Jungkook com um leve toque no ombro. Namjoon, suando, mas concentrado, ajeitava a camiseta no corpo antes de virar para os outros:
— Essa ponte ainda tá com energia demais. Vamos quebrar no meio, criar um respiro, depois retomamos com força total.
Taehyung assentiu, tirando o boné.
Jimin abaixou, respirando fundo.
Jin, com a toalha no pescoço, apenas murmurou:
— Parece fácil até você tentar fazer tudo isso sorrindo.
Todos riram.
Mas havia algo diferente naquela turnê.
Não era apenas mais uma.
— A gente vai voltar ao Brasil depois de anos... vocês têm noção do que isso significa? — comentou Jungkook, olhando para os outros com um brilho nos olhos.
— O ARMY brasileiro não esquece. Eles são fogo puro — respondeu Jimin, com um sorriso nostálgico. — Lembra do Allianz? A gente mal ouvia a música de tanto que gritavam.
Namjoon permaneceu em silêncio por alguns segundos, depois olhou para o espelho da sala.
— É hora de mostrar a eles que também não esquecemos.
Mas longe dali, no fundo da mente dele, algo o inquietava. Nos últimos meses, ele vinha lendo mensagens antigas de fãs, revendo vídeos, se perguntando onde estariam aquelas pessoas que o ajudaram a atravessar os anos difíceis.
Havia uma brasileira que sempre mandava cartas. Uma que falava da dança, da arte, dos medos. Ele lembrava do nome, mesmo que não admitisse: Erina.
Ela nunca pediu nada. Apenas escrevia com amor, respeito e uma paixão silenciosa.
Namjoon não lia mais cartas como antes. Mas aquela… aquela ele guardou.
E agora, enquanto se preparava para encarar de novo o ARMY brasileiro, algo lhe dizia que aquela turnê não seria apenas um reencontro com o público. Seria também com pedaços de si que ele havia deixado pelo caminho.
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Parte III – Rumo ao Inesperado
De volta ao Brasil, Erina preparava a mala com todo o cuidado do mundo.
Não ia viajar no dia seguinte, mas só de pensar que em menos de duas semanas estaria frente a frente com os meninos… o coração acelerava.
Victo entrou no quarto dela sem bater, como sempre fazia.
— Já tá separando a jaqueta? — perguntou.
— Claro. Vai que o Namjoon gosta de moda urbana com frases empoderadas nas costas.
Ele sorriu e sentou na cama.
— Vai ser diferente, né?
— Vai.
— Tu tá pronta?
Erina hesitou. Olhou para o próprio reflexo no espelho.
— Acho que sim… mas tenho medo.
— Medo de quê?
— Medo de ver tudo de perto e descobrir que... não é como a gente sonha.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos. Depois levantou, pegou a jaqueta customizada e colocou na mala com cuidado.
— Não importa como seja. Se esse for teu sonho, tu tem que viver ele. Doa o que doer.
Erina sorriu.
E naquele instante, pela primeira vez, ela sentiu que o mundo dela estava prestes a colidir com o mundo dele.
Do palco à plateia.
Do sonho à realidade.
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Atualizado até capítulo 64
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