Prometida ao Mafioso

Prometida ao Mafioso

Prometida ao Herdeiro

Narrado por Melissa

Hoje era pra ser o dia mais feliz da minha vida.

Dezessete anos. Quase adulta. Quase livre. Quase pronta pra fazer minhas próprias escolhas.

Acordei com o sol invadindo meu quarto e uma enxurrada de mensagens no celular. Amigas da escola, familiares, gente que só lembrava de mim quando via a notificação no Facebook da minha mãe. Nada disso me importava. O que eu queria mesmo era um pouco de paz, talvez um presente decente e um bolo de chocolate trufado, com cobertura dupla.

E queria também que o meu pai parasse de me olhar daquele jeito.

Desde o café da manhã, Matteo, o homem que eu chamava de pai, mas que na verdade sempre foi um general mais do que uma figura paterna, não parava de me encarar como se eu fosse uma bomba-relógio prestes a explodir. Mamãe também parecia nervosa, apesar do sorriso forçado e da maneira mecânica como ajeitava os talheres na mesa.

— Melissa — ele começou, a voz baixa, rouca. — A gente precisa conversar com você.

Larguei o garfo no prato. Olhei pros dois e já soube: alguma merda vinha aí.

— Que foi agora? Vão me colocar num colégio interno em Roma?

Mamãe riu, mas não foi um riso real. Foi um som nervoso, curto, meio trêmulo. Meu pai não riu. Nem piscou.

— É sobre a nossa família... — ele continuou. — Sobre quem somos.

— Eu sei quem somos, pai. Sei que você trabalha com o Don Lorenzo, que vocês vivem cercados de seguranças e que ninguém mexe com a gente.

— Você sabe o superficial, Melissa. Mas agora precisa saber mais. Porque chegou a hora.

— A hora de quê?!

E foi aí que tudo desabou.

Meu pai respirou fundo, como se precisasse reunir forças pra me esmagar com o que vinha a seguir.

— Quando você nasceu, um pacto foi feito entre mim e o Don. Um pacto de sangue. Uma promessa selada.

Franzi a testa.

— Que tipo de promessa?

Mamãe segurou minha mão com força, como se pudesse evitar que eu quebrasse alguma coisa. Ou alguém.

— Você foi prometida, filha.

— Como é?

— Ao Enrico.

Senti o estômago virar. O nome caiu como um soco no meu peito.

— O... Enrico? O filho do Don Lorenzo?

— Sim.

— NÃO! — gritei, me levantando de um salto. — Isso é piada, né? Me digam que é piada.

— Não é.

Eu ri. Mas foi um riso de puro desespero.

— Vocês enlouqueceram?! Vocês venderam a minha vida como se fosse uma peça de xadrez?!

— Não vendemos. Protegemos. Garantimos que você estaria segura. E que a paz entre as famílias seria mantida.

— EU NÃO PEDI NADA DISSO!

Abaixei o olhar, o coração batendo rápido. Eu mal conseguia respirar. Minhas mãos tremiam. Enrico. Aquele idiota arrogante, com o queixo sempre erguido e os olhos de gelo. Eu o odiava desde que me entendia por gente. Ele sempre me olhava como se eu fosse uma criancinha irritante, um estorvo.

E agora... ele era o meu noivo?

— Isso não vai acontecer — falei, firme. — Eu não vou me casar com ele. Nunca.

— Vai, sim — meu pai respondeu. — Em poucos meses.

— NÃO! EU ODEIO ELE! EU ODEIO VOCÊS!

Joguei a cadeira pra trás e saí correndo do salão. Ouvi minha mãe chamar meu nome, mas não parei. Corri escada acima e bati a porta do quarto com força.

Enrico.

Prometida.

Casamento.

Tudo isso era tão medieval, tão absurdo, tão... real.

Caí de joelhos no chão e comecei a chorar. Um choro sufocado, de raiva, de revolta, de traição.

Minha vida inteira, eu achei que tinha o controle. Achei que podia decidir se queria cursar moda ou arquitetura. Se quisesse morar em Milão ou Nova York. Se quisesse me apaixonar aos vinte ou aos trinta. Mas não. Tudo já tinha sido decidido antes mesmo de eu aprender a andar.

E tudo por causa do maldito pacto.

Horas se passaram. Não desci. Não respondi ninguém. Quando bati os olhos no espelho, vi uma garota destruída. Meu vestido florido não combinava com o olhar sombrio que eu carregava agora. Era meu aniversário e eu estava sendo sacrificada em nome da máfia.

Alguém bateu na porta. Eu ignorei.

Mas ela se abriu mesmo assim. Claro que seria ele.

— Melissa.

Fechei os olhos. A voz dele era do mesmo jeito de sempre: segura, fria, irritantemente calma.

— Vai embora.

— Precisamos conversar.

— Não tem nada pra conversar, Enrico. Você sabia disso, não sabia?

— Sabia.

— E mesmo assim aceitou? Mesmo assim ficou quieto, como se eu fosse só mais uma peça?

— Porque é assim que funciona.

— Eu não sou uma coisa! Eu sou uma pessoa!

Ele se aproximou. Não tinha medo dele. Tinha ódio. E esse ódio era maior do que qualquer outra coisa.

— Você não entende... — ele começou.

— Eu entendo mais do que você imagina. Entendo que vocês dois — você e meu pai — decidiram meu destino como se eu fosse um pedaço de terra. Entendo que você nunca se importou com o que eu queria.

— E o que você quer, Melissa?

— Liberdade. Escolher. Não ser obrigada a casar com um homem que eu desprezo.

Ele ficou em silêncio. Aquilo me irritou mais ainda.

— Por que veio aqui, Enrico? Pra me dizer que vai cumprir o pacto com orgulho? Pra esfregar na minha cara que você venceu?

— Não.

— Então o quê?

— Vim dizer que não gosto disso mais do que você.

Fiquei em silêncio. Pela primeira vez, vi um resquício de algo diferente nos olhos dele. Não era arrogância. Era... resignação?

— Não parece — eu disse, com veneno.

— Aprendi a aceitar o que não posso mudar. Você ainda não aprendeu.

— Eu NUNCA vou aceitar!

— Não tem escolha.

Fui até ele e empurrei com força.

— Eu odeio você, Enrico. ODEIO!

— Pode odiar. Mas vai ser minha esposa.

Aquela frase me cortou como uma lâmina. Ele não gritou. Não levantou a voz. Só afirmou, como se fosse uma sentença final.

— Você é doente.

— Não. Só fui criado na máfia. E aqui, promessas são cumpridas.

Ele se virou e saiu do quarto. Deixando um rastro de fúria dentro de mim.

Caí na cama, o peito doendo. Eu queria fugir. Queria sumir. Mas sabia que não era tão simples. Eles me encontrariam. Sempre encontram. Sempre controlam.

Mas se achavam que eu ia me render fácil... estavam muito enganados.

Se eu ia ser obrigada a casar com Enrico... então ele que se prepare.

Porque eu vou transformar a vida dele num inferno.

E um dia... vou fazer esse pacto pagar.

Com sangue.

Mais populares

Comments

Susana Amor

Susana Amor

esse ódio todo, não sera amor 🤔🥰

2025-06-27

1

Maria Zelia

Maria Zelia

eita que a Melissa tem o geneo da mãe misturado com o do pai, a menina é tinhosa.

2025-07-04

0

Maria Zelia

Maria Zelia

comecei hoje a tarde 03/07/2025, e já amei o primeiro capítulo muito forte.

2025-07-04

0

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!