Lealdade é luxo.
E eu só pago em sangue.
— Você tem cinco segundos pra me dizer a verdade.
— Eu… eu juro, senhor Leon, não fui eu. Foi o Daniel. Ele…
O som do tapa ecoou pela sala antes que ele terminasse a frase.
A cadeira de metal rangeu quando o homem cambaleou pra trás, com o rosto vermelho e os olhos arregalados.
— Nunca minta pra mim olhando nos olhos — falei baixo, frio, pegando meu relógio do bolso.
Estávamos no meu galpão de reuniões — que de "reunião" não tinha nada além de uma cadeira, duas luzes e o chão manchado.
Marcus, meu segurança pessoal, estava ao lado. Imóvel. Ele sabia que, naquela sala, ninguém levantava a voz além de mim.
— O Daniel está morto. E se você tá aqui… é porque foi o próximo nome que apareceu. Entendeu?
Ele engoliu em seco e assentiu.
Vi o suor escorrendo da testa dele.
— Me dá um motivo pra deixar você sair inteiro daqui.
Silêncio.
— Eu… posso consertar. Consigo rastrear o valor. Dou um jeito.
— Você já devia ter dado — retruquei, acendendo um cigarro.
Observei o movimento da fumaça subindo lenta.
Aquele tipo de homem só entendia quando sentia o medo bater por dentro.
— Trinta e seis horas.
Ou nem tua sombra vai te reconhecer.
Fiz sinal com a cabeça e Marcus o retirou da sala.
Enquanto a porta se fechava, meu celular vibrou.
Nova mensagem de Salvatore.
“Precisamos conversar. Temos um problema na zona leste.
Parece pequeno, mas tem nome novo surgindo.”
Revirei os olhos.
Outro nome. Outra zona. Outro problema.
Mas era isso.
O trono vem com o peso.
E eu nunca pedi pra descansar.
Fui até o bar no canto da sala, servi uísque e encarei meu próprio reflexo no espelho.
Frio. Intocável. Imparável.
Amor?
Isso é pros fracos.
Eu só negocio com poder.
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Saí do galpão e fui direto pro clube particular, onde parte do meu império sujo descansava entre taças de cristal e corpos suados dançando.
A música estava baixa, mas o cheiro de cigarro, bebida cara e perfume doce pairava no ar.
O lugar era meu. Literalmente.
E todos ali sabiam quem mandava.
— Senhor Leon — cumprimentou um dos seguranças ao me ver entrar. — A senhorita Alina está te esperando na sala reservada.
Claro que estava.
Alina era linda, perigosa, e sabia que eu nunca prometi nada além de uma noite.
Ela também não era do tipo que chorava por mensagens não respondidas. Era o tipo que usava salto alto como arma e sabia o jogo.
Entrei na sala.
Luzes baixas. Sofás de couro. Garrafa de uísque aberta.
Ela estava ali, cruzando as pernas lentamente, com um vestido curto demais e um sorriso que não enganava ninguém.
— Você some e depois aparece como se nada tivesse acontecido — ela disse, com a voz rouca.
— Nada aconteceu.
— Eu poderia estar com outro.
— Mas não está — respondi, me aproximando.
Ela sorriu, mordendo o lábio.
Em segundos, ela já estava no meu colo, as mãos no meu peito, a boca buscando a minha.
O beijo foi intenso. Sem carinho. Só posse.
Era sobre domínio. Sobre esquecer o mundo por alguns minutos.
E por um instante… eu esqueci mesmo.
Mas não durou muito.
A porta se abriu devagar e Marcus entrou, sem pedir licença — ele sabia que eu odiava interrupções, mas se ele entrou… era porque valia a pena.
— Desculpe, chefe… mas você vai querer ver isso.
Alina rolou os olhos, ainda no meu colo.
— É sempre assim.
— É sempre trabalho — respondi, levantando e ajeitando o paletó.
Peguei o tablet que Marcus trazia e olhei a tela.
Era uma lista. Nomes. Movimentações suspeitas.
Mas ali, no fim da página… um nome me chamou atenção.
Isabela.
Simples.
Sem sobrenome.
Sem foto.
— E isso? — perguntei.
— Alguém novo que apareceu na rota da zona leste. Entrega anônima, loja de flores. Parece irrelevante, mas tá sendo observada.
Franzi a testa.
— Florista?
— Sim, senhor. Mas… o jeito como o nome chegou até nós… é estranho. Veio da lista do Garcia. E ele só mexe com coisa pesada.
Por um momento, fiquei em silêncio.
Não sei por quê, mas aquele nome… não saiu da minha cabeça.
Isabela.
Delicado. Calmo.
Fora de lugar no meu mundo.
Fechei o tablet e devolvi.
— Continuem de olho.
— Vai querer ir até lá?
— Ainda não.
Olhei por cima do ombro e vi Alina deitada no sofá, jogando o cabelo pro lado, entediada.
— Mas em breve…
— Em breve talvez eu queira saber quem é essa tal florista.
Ela puxou minha gravata com força e me arrastou de volta pra ela.
Eu não resisti.
Alina sabia me provocar.
E eu estava com sangue fervendo depois da reunião.
Do tapa
Da ameaça
Das mentiras
Então, naquela noite, eu a usei como válvula de escape
Corpo contra corpo.
Pele contra pele.
Sem carinho
Só desejo.
Ela gemeu, se arqueou, me chamou de tudo — menos fraco.
E eu fui até o fim como sempre: intenso, frio, dominante.
Depois, ela deitou no meu peito, exausta e satisfeita.
Eu acendi um cigarro.
Em silêncio.
Ela dormiu minutos depois.
Mas eu não.
Peguei o tablet de novo.
Rolei a lista.
Lá estava o nome.
Isabela.
Simples.
Só isso.
Sem sobrenome, sem histórico.
Uma florista comum na zona leste.
Ou não tão comum.
— Quem é você…? — murmurei, sozinho.
Apaguei o cigarro, olhei pra Alina dormindo e levantei sem fazer barulho.
Algo naquela mulher — que eu nem conhecia — me deixava inquieto.
Não era desejo.
Não era emoção.
Era instinto.
E quando o instinto fala…
eu escuto.
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> Porque no meu mundo, ninguém entra à toa.
E quem entra…
ou serve, ou sangra.
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Atualizado até capítulo 53
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