Jay Park entrou na sala da diretora carregando a SN no colo, o coração batendo acelerado. A diretora arregalou os olhos ao ver os dois assim.
— O que aconteceu? — ela perguntou, preocupada.
Jay respirou fundo, tentando manter a voz firme.
— Ela estava no telhado... querendo se jogar.
A diretora ficou chocada, mas rapidamente passou a mão no rosto, tentando se recompor.
— Meu Deus... Por que ela faria isso?
Jay olhou para a SN, que ainda estava quieta, com os olhos marejados e o rosto escondido.
— A mãe dela morreu quando ela era pequena, e o pai casou de novo... — Jay começou, explicando o que sabia. — Ela vive com o pai, a madrasta e as meias-irmãs, mas elas são malvadas com ela. Ela estava se sentindo sozinha, sem ninguém pra ajudar.
A diretora assentiu, com um olhar triste.
— Isso é muito sério. Vamos garantir que ela tenha apoio, Jay. Obrigada por agir rápido e salvar a SN.
Jay sentiu um alívio pequeno, mas sabia que isso era só o começo.
— Eu só quero que ela fique bem... — disse ele, olhando para a SN.
A diretora pegou o telefone e começou a ligar para o serviço de apoio psicológico da escola.
Jay ficou ali, segurando a mão da SN com cuidado, prometendo pra si mesmo que ela não ia mais passar por isso sozinha.
A sala estava silenciosa. O clima era pesado, mas a presença de Jay ali ainda dava à SN uma sensação de segurança que ela não conseguia explicar.
Minutos depois, a porta se abriu com um leve rangido.
— Com licença… — disse uma voz suave.
Era a psicóloga da escola, uma mulher de olhar calmo, cabelo preso num coque simples e um crachá pendurado no pescoço. Ela entrou com cuidado, como se não quisesse assustar ninguém.
— Eu sou a professora Jiyeon, psicóloga aqui da escola. Posso conversar com você, SN?
A garota assentiu devagar, ainda encolhida na poltrona da sala da diretora.
A diretora, com uma prancheta na mão, se aproximou devagar.
— SN… você sabe onde está seu pai agora? A gente precisa avisar ele sobre o que aconteceu, tá bom?
SN hesitou. Os dedos dela tremiam em cima do moletom. Depois de alguns segundos, ela respondeu com a voz baixa, quase sussurrando:
— Eu não sei... meu pai é caminhoneiro. Ele viaja por vários meses… às vezes só volta no feriado ou no início do mês. Quase nunca atende.
A diretora olhou com um misto de preocupação e pena.
— Você tem o número dele?
A SN balançou a cabeça e tirou da mochila um caderninho velho, com capa rasgada e folhas soltas. Entregou para a diretora, que abriu com cuidado até encontrar o número rabiscado numa página amassada.
Ela discou. Chamou. Chamou de novo. Nada.
— Ele não atendeu… — a diretora murmurou, desligando.
A psicóloga se aproximou mais da SN e, com carinho, segurou ela num abraço apertado.
— Vai ficar tudo bem. Agora você não tá mais sozinha, tá? Eu tô aqui. E a gente vai te ajudar.
SN não respondeu, mas deixou as lágrimas caírem em silêncio enquanto se apoiava naquele abraço.
Foi nesse momento que Jay voltou na sala. Ele tinha ido ao banheiro lavar o rosto, respirar… tentar se acalmar. Quando voltou, a primeira coisa que fez foi ir até SN e segurar a mão dela de novo.
Ela tremia ainda, e ele apertou de leve, sem dizer nada.
Mas ao segurar a manga do moletom dela, Jay percebeu que tinha algo estranho.
A barra do casaco estava levantada um pouco. E ali, embaixo da manga larga, ele viu marcas. Vários cortes. Alguns antigos. Outros mais recentes.
Jay arregalou os olhos. O coração disparou.
— SN… — ele chamou, com a voz embargada.
Ela tentou esconder o braço rápido, mas ele segurou com cuidado.
A psicóloga olhou e ficou em choque.
— Meu Deus… você fez isso com você?
SN abaixou a cabeça. Não conseguia falar. Só chorou em silêncio.
Jay olhou pra diretora, firme.
— Não deixem ela voltar pra casa. Por favor. Ela não pode ir pra lá agora.
A diretora respirou fundo, concordando.
— A gente vai acionar o conselho tutelar e os serviços sociais. Vamos garantir que ela fique segura hoje.
Jay segurou mais forte a mão dela e sussurrou:
— Eu tô aqui. Eu não vou soltar.
SN não disse nada. Mas naquele momento, pela primeira vez, ela acreditou. Talvez, só talvez… ela tivesse encontrado alguém que realmente se importava.
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Atualizado até capítulo 90
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