um encontro um aviso

📘 Capítulo 5 –

O dia seguinte amanheceu calmo, mas Isabelle sentia no peito uma inquietação que não sabia explicar. A cafeteria estava vazia ainda, apenas os primeiros raios de sol entravam pelas janelas, aquecendo as almofadas e revelando as marcas da noite anterior.

Gael havia saído cedo. Deixou um bilhete rabiscado com uma caligrafia firme e elegante sobre o balcão:

“Volto logo. Confie em mim.”

Ela passou os dedos sobre as palavras, tentando decifrar o que havia por trás daquele aviso sutil. Algo em Gael a atraía profundamente — mas também despertava uma sensação de alerta. Como se existisse mais dele do que ele permitia mostrar.

Por volta das nove, um homem estranho entrou na cafeteria. Usava um terno surrado e um boné escuro, e seus olhos pequenos varriam o ambiente com atenção incomum.

— Posso ajudar? — Isabelle perguntou, com gentileza profissional.

— Só um café preto, sem açúcar — ele respondeu, seco. — E um pão de queijo, se tiver.

Ela preparou o pedido, mas não conseguiu tirar os olhos dele. O homem parecia saber mais do que dizia. Observava cada detalhe da cafeteria, especialmente as fotografias antigas penduradas nas paredes.

— Você é a nova dona daqui? — ele perguntou de repente.

— Sou. Isabelle. — Ela forçou um sorriso. — Cheguei há pouco tempo. A cafeteria era o meu sonho.

Ele deu um meio sorriso, mas seus olhos não acompanhavam a expressão.

— Sonhos podem ser perigosos, sabia?

Isabelle congelou por um segundo.

— Como assim?

— Tem gente que aparece na vida da gente quando o chão parece firme... mas na verdade, tá só esperando o momento certo pra ruir tudo. Cuidado com quem te oferece proteção demais — ele disse, pegando a xícara. — Às vezes, o lobo veste a pele de cordeiro.

Ela engoliu em seco.

— Você conhece o Gael?

O homem levantou os olhos, frios.

— Só tô dando um conselho.

E saiu, como uma sombra que se apaga com o vento.

Isabelle ficou parada por longos segundos, o coração acelerado. O aviso daquele estranho plantava dúvidas que ela não queria cultivar. Mas sua intuição gritava: aquilo não era só uma visita casual.

Horas depois, Gael voltou. Chegou com a mesma calma de sempre, trazendo um doce turco embrulhado num pano de linho.

— Trouxe isso pra você. Pra adoçar a tarde — disse ele, com um sorriso sincero.

Isabelle o observou, tentando ler além do gesto gentil.

— Veio alguém aqui... perguntou por você. Ou melhor, me deu um recado sobre lobos e sonhos.

Gael parou. A expressão dele se fechou por um instante.

— Quem era?

— Não sei. Mas deixou claro que eu devia ter cuidado. Que talvez você não fosse quem parece ser.

Gael suspirou, passando a mão pelo cabelo.

— Isabelle... existem partes da minha vida que não posso contar ainda. Mas eu nunca te faria mal.

— E por que eu deveria acreditar? — ela perguntou, com firmeza.

— Porque se você olhar dentro dos meus olhos agora, vai ver que cada gesto meu com você foi real. Desde o primeiro café, desde o primeiro toque.

Ela hesitou. Seu coração queria acreditar. Mas a razão, pela primeira vez, levantava a voz.

E ali, entre doces, lembranças e segredos não revelados, o romance de Isabelle e Gael entrava numa nova fase: a do desconhecido.

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