O Sabor que ficar na pele

📘 Capítulo 4 –

A chuva havia parado, mas dentro da cafeteria o calor permanecia. Não só pelo café ainda quente na xícara esquecida no balcão, mas pelo que havia acontecido entre eles — tão intenso que parecia ter deixado marcas na madeira, no chão, na pele.

Isabelle estava sentada no sofá ao lado da janela, enrolada em uma manta fina, os cabelos soltos ainda úmidos do suor e do calor do momento. Gael estava em pé, de costas, observando o céu finalmente limpo lá fora.

— Eu devia me sentir culpada — ela murmurou, com a voz baixa.

Ele se virou devagar. O olhar de Gael era tranquilo, mas também atento. Havia desejo, sim, mas havia mais que isso. Havia cuidado.

— Você não tem motivo pra se culpar, Isabelle.

Ela o olhou, e seus olhos diziam muito mais do que qualquer palavra. Era como se quisesse acreditar nele, mas estivesse presa aos fantasmas que ainda a visitavam nas noites frias.

— Eu tenho medo de tudo isso. Do que estou sentindo. Do que pode acontecer se eu... confiar de novo.

Gael se aproximou, sentando-se ao lado dela no sofá. Seus dedos tocaram levemente a mão dela, com delicadeza.

— Eu também tenho meus medos. Meus próprios segredos. Mas uma coisa eu sei: o que aconteceu entre a gente não foi só pele. Foi verdade.

Ela baixou os olhos, sentindo um nó apertar o peito.

— Faz tanto tempo que eu não me sentia assim... viva.

Ele sorriu, e aquele sorriso era como um raio de sol depois de uma tempestade.

— Então talvez seja hora de viver de novo. Sem pressa. Sem promessas. Só o agora.

Isabelle encostou a cabeça no ombro dele, buscando um abrigo silencioso naquele corpo que agora conhecia com tanta intimidade. O cheiro dele — uma mistura de café, couro e algo que era só dele — a acalmava.

— Vai querer café? — ela perguntou, depois de alguns minutos.

— Só se for feito por você — ele respondeu com aquele tom rouco que fazia o coração dela acelerar.

Isabelle riu, se levantou e caminhou até a cafeteira. Seus passos ainda estavam leves, como se flutuassem entre a dúvida e o prazer do que havia acontecido.

Enquanto ela preparava o café, Gael se aproximou por trás e encostou os lábios na nuca dela, fazendo-a suspirar.

— Isso é perigoso — disse ela, sem se virar.

— Então me deixa correr o risco — ele respondeu, puxando-a suavemente pela cintura.

Ela se virou, ficando frente a frente com ele mais uma vez. Os olhos de Gael mergulhavam nos dela como quem procurava respostas em um livro sagrado.

— Vai ficar em silêncio agora? — ele provocou.

— Só estou tentando entender como alguém como você apareceu justo na minha vida... agora.

— Às vezes, as melhores coisas chegam no momento mais improvável — disse ele, encostando a testa na dela.

Os lábios se tocaram de novo, desta vez com mais ternura, menos urgência. Era como se estivessem dizendo: a gente não sabe o que vem depois, mas isso aqui... é real.

O café ficou pronto, mas esfriou sem ser tocado.

Naquela noite, Isabelle dormiu ali mesmo, no sofá da cafeteria, com Gael ao lado, cobrindo-a com a manta e protegendo seus sonhos.

E quando o sol nasceu, pintando o céu de dourado, Isabelle soube que o amor... talvez estivesse apenas começando.

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