primeiro dia no morro

Noah narrando

Acordei cedo, como sempre. Tomei um banho gelado para espantar o peso da noite anterior. Me vesti, calcei o Air Max, peguei meu rádio, minha arma passei meu perfume malback e fui pra boca.

Chegando lá, mandei os vapores já começar o corre: abastecer a boca 7 e ficar ligeiro que hoje ia ter visita de uns caras do outro lado. Fiquei marolando um cigarro do verde, observando o movimento. como amo a minha favela.

O meu rádio logo apita.

— XT aqui, chefe. A Ana tá chegando com uma mina. Deve ser mais uma daquelas piranhas das amigas dela. Tá achando que isso aqui é parque de diversão...

Suspirei fundo. A Ana tinha esse dom de me tirar do sério. Enquanto ele falava, o rádio voltou a apitar:

— Antes do senhor liberar, ela já passou. Subiu com a mina correndo.

Travei a mandíbula. O sangue subiu já fiquei cedo de odio.

— Tá de sacanagem XT.

Voltei pra casa com ódio nos olhos. Essa menina tá achando que aqui é bagunça nessa porra.

Meti o pé na porta e entrei feito um furacão.

— Quem é essa aí?!

Ana, como se nada estivesse errado, responde:

— Essa é minha amiga, Rajda.

—E tu traz gente pra dentro de casa sem me avisar, porra, Ana?

—Tá nervosinho por quê? A Rajda tá procurando uma casa pra morar. Ainda tem algumas disponíveis. Eu só não te avisei porque a gente tava conversando, e você chegou atrapalhando, Noah.

Essa menina só pode estar de brincadeira.

— Tô pouco me fodendo com o que cês conversam. Depois a gente troca uma ideia. Eu e você. Sem plateia. E eu já falei pra parar de falar meu nome, porra!

Olhei pra tal de Rajda. Ia perguntar qualquer coisa, mas travei.

Ela era linda, puta que pariu.

Daquele jeito que incomoda qualquer um e de um jeito que desmonta qualquer cara. . Boca carnuda, olhos marcantes, cabelo meio bagunçado e um olhar de quem já viu demais pra pouca idade. Tinha uma mala no canto da sala. A expressão era dura, mas eu via o medo escondido ali. um misto de medo e boniteza junto daquela mina

— E tu ai ? Por que quer morar aqui na favela? — perguntei, já meio seco.

Ela respondeu na hora, firme, com um leve tremor na voz:

— Porque eu não tenho outro lugar pra ir. E o pouco que eu tenho não paga algo melhor, moço.

Me chamou de moço. falou meio Grossa. Um pouco nervosa. Me pegou desprevenido.

Ana logo se mete:

— Noah, por favor, né? não começa Só vê uma casa pra ela. A menina tá sem chão isso dava para ver

— Vou ver. Mais tarde eu pego vocês. E para de falar o meu nome, porra.

Saí bufando e bati a porta. Voltei para boca, resolvi os corres, despachei dois malucos que estavam fazendo merda na rua de trás já mandei logo pro colinho do capeta, uns dos menor veio me avisar que já finalizou os dois medrinha. Peguei a chave de uma das minhas casas. A da Rua 9. Pequena, mas bem arrumadinha. Dá pro gasto.

Liguei para Ana. Era umas 14h.

— Traz ela aqui. Vou mostrar a casa. E vê se ela se comporta e você também em caraio

Rajda narrando

Quatorze horas em ponto, o celular da Ana tocou. Era o Noah. Disse que era pra gente ir até a boca que ele ia nos levar para ver a casa e falou para a gente se comportar vê se pode uma coisa dessa, ta de palhaçada viu.

Eu engoli seco nem poderia discutir com ele pois ele e o dono do morro qualquer coisa ara me finalizar e um dois viu kkk.

Me arrumei rápido. Calça jeans mais apertadinha que saudade de usar uma assim, uma blusinha básica, e prendi o cabelo. Não queria chamar atenção, mas não tem como esconder muito. Ana também se arrumou e saímos.

No caminho, confesso, fiquei apreensiva. Tinham muitos caras na rua. Uns com cara de poucos amigos, outros com olhar abusado. Quando chegamos na entrada da boca, o cheiro de droga era forte. O lugar era feio, escuro, fedido. Deu medo confesso mais nada se compara com o inferno que vivi

.

E os comentários começaram.

— Carne nova na área...

— Caiu na rede, é peixe em princesa...

Ana nem pensou . Bateu de frente com um deles:

— Vai se fuder, LX! E cadê meu irmão?

— Tá na sala — responderam os dois, quase juntos.

Ela me puxou pelo braço e entramos. Quando vi o Noah sentado meu coração até errou as batidas, quase não o reconheci. Era outra pessoa que estava ali.

Ele estava lindo.

Sentado na cadeira, com a camisa do Flamengo jogada no peito, corrente dourada brilhando, a tatuagem no pescoço aparecendo. Ele me olhou como quem deseja algo um olhar intenso e com os olhos em chamas.

Fiquei muda. Só ouvindo eles falarem.

— Bora, vou levar vocês lá agora. A casa é bem simples, mas é minha e acredito que você ficara bem mais confortável lá. Cuida bem dela em.

Eu só balancei a cabeça.

Seguimos por uma ruazinha apertada. A cada beco que virávamos, mais tensão eu sentia era diferente e o bom e que não era muito longe da casa dela e coisa de 5 minutos de distancia . Mas Ana ia me tranquilizando, e isso me dava um pouco de calma . Finalmente paramos diante de uma casinha com portão de elétrico ..

Ele abriu com a chave e nos deixou entrar primeiro.

Era simples, mas limpinha. Sala pequena, cozinha conjugada, um quarto, banheiro e uma área nos fundos. A parede precisava de uma pintura mais ele falou que os meninos vão arrumar depois. Mas pra quem não tinha nada... aquilo era um palácio.

— Se tu fizer merda, tá ligada que vai rodar, né? — ele falou olhando nos meus olhos mais baixo que era só ara eu ouvir enquanto ana estava lá no quarto..

— Eu só quero paz, respondi. levantei as mãos em rendição.

acertamos o valor da casa e confesso que pelo preço acredito que esta bem mais abaixo do que ela vale mais em fim .

Ele deu um meio sorriso pura que pariu que sorriso. Foi embora sem dizer mais nada.

Fiquei ali, parada, no meio da sala, tentando entender como a minha vida tinha chegado até aqui. Mas era isso. Meu recomeço. uma nova história ...

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!