Peguei minhas coisas e saí de lá. O Uber já me esperava do lado de fora. Antes de entrar no carro, olhei uma última vez para o portão
— ela o fechou com força. Aquilo doeu e como doeu em mim. Entrei no carro sem olhar pra trás.
— Boa noite. Pode me levar pra esse local aqui — mostrei o endereço.
Ele assentiu com a cabeça e seguimos. Não demorou muito pra chegar.
— Senhora, daqui eu não posso passar — avisou o motorista, parando no pé do morro.
— Tudo bem.
Paguei a corrida e mandei uma mensagem para a Ana:
"Cheguei, tô na barreira."
Assim que desci, vi vários meninos armados uns sem camisetas. Fiquei um pouco assustada, com medo e receio. Era outro mundo. Mas logo Ana apareceu, me abraçando com força.
— Você chegou, graças a Deus! — disse, aliviada.
Quando começamos a subir em direção à barreira, um dos rapazes nos parou.
— E aí, Ana... tudo suave? — perguntou, me olhando de cima a baixo.
— Tranquilo, gatinho — ela respondeu, toda segura.
— E essa aí? Não parece ser daqui, não.
— Minha amiga. Tá procurando casa pra alugar aqui no morro.
— Hum… O patrão tá sabendo?
Ana arqueou a sobrancelha.
— Vai me barrar de subir com ela agora? O meu irmão não vai gostar de saber que tu tá me impedindo de entrar na minha própria comunidade, XT…
— Eu não tô sabendo dessas fitas aí, não…
— Não posso nem subir e mandar ela ficar lá em casa primeiro?
— Espera aí pow, vou chamar ele no rádio...
O rapaz se afastou, falando no rádio com alguém. Ana me deu um sinal rápido, e nós subimos correndo antes que ele voltasse. Ainda bem que a casa dela era logo ali.
Entramos. A casa não era tão grande, mas era confortável, organizada e acolhedora. Senti um alívio. Me joguei no sofá, ainda ofegante.
Depois de alguns minutos, contei tudo o que tinha acontecido. Tudo absolutamente tudo. de certa forma me senti aliviada por contar a ela.
Ana ficou horrorizada com tudo que contei.
— Amiga... isso não pode ficar assim! A gente vai dar um jeito nisso. Eu juro.
— Não, Ana. Eu só quero tentar recomeçar. Só quero um lugar pra ficar e seguir a minha vida por enquanto. Só isso.
Assim que terminei de falar, levei um susto com a porta se abrindo.
Entrou um cara alto, moreno, de olhos verdes. Lindo. pensa num homem gostoso
Me perdi por um instante no olhar dele... até que ele começou a falar com Ana, e eu apenas observei.
— Quem é essa aí? — perguntou, já de cara fechada.
— Minha amiga, Rajda — Ana respondeu.
— E tu traz gente pra dentro de casa sem me avisar, porra, Ana?
— Tá nervosinho por quê? A Rajda tá procurando uma casa pra morar. Ainda tem algumas disponíveis. Eu só não te avisei porque a gente tava conversando, e você chegou atrapalhando a nossa conversa, Noah.
— Tô pouco me fodendo com o que cês conversam. Depois a gente troca umas ideia. Eu e você. Sem plateia. E eu já falei pra parar de falar o meu nome, porra!
Ele me olhou de cima a baixo. Sério. Intimidante.
— E tu aí… por que quer morar aqui na favela?
— Porque não tenho outro lugar pra ir, e o pouco dinheiro que eu tenho não dá pra pagar algo melhor, moço — respondi, meio atravessada.
— Noah, por favor, né? Não começa — Ana cortou. — Só vê uma casa pra ela. Você sabe que ela precisa.
Ele bufou, virou de costas.
— Vou ver isso. Mais tarde pego vocês. E para de falar o meu nome, caralho!
Saiu batendo a porta com tudo.
Ficamos em silêncio por uns segundos. O clima tinha pesado.
— Ana, você nem me falou que tinha um irmão, menina!
— Pois é, nega… Tenho. E ele é o dono da favela. É uma longa história. Desculpa o jeito dele, tá?
— Tá tudo bem, nega… — sorri, relaxando um pouco. — Mas que irmão gato, hein?
Nós duas rimos, quebrando o gelo. E por um instante, eu me senti um pouco mais segura. com ela e em paz sabe aquela sensação de alivia e paz foi o que eu senti naquele momento .
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 34
Comments