...Narrado por Carolina Vasconcelos...
Naquela noite, o silêncio da mansão era tão profundo quanto os pensamentos que me cercavam.
Eu me deitei tentando afastar o rosto dele da minha mente, mas foi impossível. Sebastián já estava ali, gravado nos cantos do meu peito.
Ele era diferente de tudo. O tipo de homem que parecia carregar o mundo nas costas e o inferno nos olhos. E, mesmo assim, eu não conseguia parar de pensar nele.
Adormeci tarde. E foi aí que ele veio… no sonho.
Eu estava no jardim, com flores ao meu redor e um vestido branco que flutuava com o vento. Ele surgia das sombras, andando em minha direção, e seus olhos verdes me atravessavam como fogo. Quando sua mão tocava meu rosto, um arrepio me dominava inteira.
E então, ele me beijava.
Suave. Intenso. Perigoso.
Acordei sobressaltada, com o coração batendo feito tambor. Ainda era madrugada, mas eu juraria que sentia o calor da pele dele contra a minha.
Narrado por Sebastián Herrera
O silêncio da noite era o único som que me acalmava.
A mansão dormia. Todos os corredores estavam vazios, e o perfume das flores do jardim chegava fraco pela janela entreaberta. A luz da varanda iluminava a lateral do jardim. E foi ali que a vi.
Carolina.
Ajeitando as flores com delicadeza, ajoelhada perto dos canteiros. O cabelo solto caía pelas costas, e suas mãos mexiam na terra como se fossem parte daquele jardim. Não havia nada vulgar nela — e, talvez por isso, eu não conseguisse tirar os olhos de sua figura.
Ela era... calma. Pura.
Tudo o que não existe no meu mundo.
Um impulso me fez permanecer ali por mais tempo do que deveria, observando seus movimentos. Era errado, mas não consegui me conter.
Mas, ao entrar no meu quarto, fui arrancado desse devaneio.
Verônica estava deitada em minha cama, envolta em um conjunto de lingerie vermelha, o corpo exposto com intenção clara. O perfume forte e adocicado que usava invadiu o ambiente antes mesmo de eu dizer uma palavra.
— Estava te esperando — ela murmurou, com um sorriso provocante. — Pensei que hoje à noite... você quisesse algo mais do que silêncio.
Fechei a porta com calma, engoli a raiva que me subia e mantive a voz firme:
— Levante-se e vista-se.
Ela riu, achando que era algum tipo de provocação.
— Não banque o indiferente, Sebastián. Não comigo. Eu sou sua noiva.
— Não mais — falei, cruzando os braços. — A partir de agora, você voltará a dormir na casa dos seus pais. A máfia pode ter arranjado esse noivado, mas eu não autorizei intimidade alguma entre nós.
Ela sentou-se na cama, olhos arregalados.
— Você está me expulsando? Por quê?! Que motivo você tem?!
— O simples fato de que você não é minha mulher. Nem nunca será.
O veneno no olhar dela escureceu o ambiente.
— Isso tem a ver com aquela menina... — ela cuspiu. — Aquela pobretona com cara de órfã perdida?
Eu não respondi. Apenas abri a porta para que ela saísse.
Verônica levantou-se com fúria, vestiu o robe de seda num gesto agressivo e saiu pisando firme pelo corredor, bufando como uma fera ferida.
Mas o que ela ainda não sabia era que seus olhos estavam prestes a enxergar o que sua raiva precisava.
Narrado por Carolina Vasconcelos
Eu estava no jardim, ajeitando as rosas, tentando me acalmar.
Não conseguia dormir. Então decidi descer e cuidar das flores, como tia Cida fazia nas noites quentes. A noite estava clara, silenciosa.
Foi quando ouvi passos fortes atrás de mim. Olhei por instinto.
Verônica vinha em minha direção, o rosto marcado por fúria, o robe vermelho esvoaçando, os cabelos soltos como uma tempestade.
Ela me viu. E parou.
Seu olhar me analisou de cima a baixo, como se calculasse tudo em milésimos de segundos. Mas foi só quando ela ergueu os olhos para o andar superior da mansão que tudo fez sentido para ela.
Sebastián estava ali.
Na sacada.
Me olhando.
Não disfarçava.
Não piscava.
E o coração de Verônica congelou.
Porque naquele olhar, ela viu o que mais temia:
Desejo. Curiosidade. Interesse.
Mas não por ela.
Por mim.
Seus olhos voltaram para os meus com um brilho novo.
Ódio.
E ali, naquele instante, uma guerra silenciosa começou.
Ela ergueu o queixo, como quem promete vingança, e desapareceu pela lateral do jardim, deixando no ar o cheiro doce de um veneno que eu ainda não sabia que estava prestes a provar.
Naquela madrugada, a flor mais inocente da casa foi tocada por um olhar proibido.
E o fogo silencioso que nascia… já tinha nome, cheiro e destino.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 60
Comments
Gislaine Duarte
essa cobra vai aprontar 🙄
2025-06-27
1
Ana Carla F. S.Melquiades
/Chuckle//Drool/
2025-06-24
1