...Narrado por Carolina Vasconcelos...
Depois que ele saiu da sala de jantar, eu levei alguns segundos para conseguir respirar de novo.
Sebastián Herrera.
O Don.
O homem mais temido daquela casa... e, ainda assim, tão silencioso quanto perigoso.
Não entendi o motivo do meu coração disparar daquele jeito quando nossos olhos se encontraram. Eu já tinha ouvido os empregados falarem dele em sussurros. Que era frio. Que ninguém ousava contrariá-lo. Que ele havia assumido o lugar do pai com pulso de ferro.
Mas ninguém me avisou que ele tinha olhos daquele tom de verde, quase azuis sob a luz, e um olhar que parecia ver além da carne. Um olhar que cravava na alma.
— Carolina? — a voz da tia Cida me puxou de volta. Ela surgia da cozinha, limpando as mãos no avental florido. — Você ainda está aí parada?
Assenti, tentando disfarçar o nervosismo.
— Ele... me cumprimentou.
Tia Cida parou no meio do corredor. Os olhos dela se estreitaram.
— O Sebastián?
— Sim. Perguntou meu nome. Disse "bem-vinda".
Ela franziu o cenho, surpresa. Depois, suspirou e se aproximou de mim, segurando meus ombros com firmeza.
— Olha pra mim, Carolina. Você é uma moça direita, criada com valores. Eu trouxe você pra cá pra te proteger. Não se esqueça disso. Ele... é um homem poderoso, e homens assim só enxergam as coisas que podem ter.
— Eu sei, tia... — sussurrei, mas meu coração teimava em acelerar. — Só que ele me olhou... diferente.
Ela fechou os olhos, como se aquilo a preocupasse ainda mais.
— Você é do interior do Rio de Janeiro, criada com simplicidade. Esse mundo aqui, essa casa, esses homens... não são como a gente. Nunca se esqueça de quem você é.
Assenti em silêncio. Mas havia algo diferente dentro de mim.
Algo que não conseguia controlar.
Mais tarde, depois do almoço, ajudei a lavar a louça com a tia e duas outras funcionárias. A cozinha era grande e cheia de panelas brilhando. A movimentação era constante, mas mesmo assim, meu pensamento insistia em voltar àquele olhar.
O olhar dele.
Quando subi para levar toalhas limpas para o banheiro dos fundos, cruzei pelo corredor lateral e quase tropecei em Rafael Herrera, o primo de Sebastián.
— Desculpe! — exclamei, abaixando a cabeça rapidamente.
— Não tem problema — ele respondeu, gentil, e sorriu. — Você é a nova ajudante da dona Cida, certo?
— Sim, senhor.
— Pode me chamar de Rafael. Sem formalidade. — Ele me analisou com atenção, mas sem a intensidade assustadora do primo. — Meu primo falou de você no café da manhã.
Arregalei os olhos, surpresa.
— Falou... de mim?
Rafael sorriu mais ainda, como quem percebe um segredo.
— Apenas comentou que você era... discreta.
Meu coração deu um pulo estranho.
Ele notou meu desconcerto, mas não insistiu. Apenas seguiu pelo corredor com um aceno educado.
No fundo, algo em mim já sabia.
Sebastián me havia notado.
E talvez... o silêncio dele não fosse indiferença.
Talvez fosse o tipo mais perigoso de atenção.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Jaque1escri
Perfeita 🥹😍
2025-06-21
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