Capítulo 2

Nos veríamos de novo mais tarde durante a minha festa.

Não queria voltar ainda, então decidi andar mais um pouco. Até que tive tempo para fazer muitas coisas, comi na padaria do senhor Roberto de graça, ajudei uma senhora de idade a voltar para casa, brinquei com algumas crianças, conversei com o ferreiro e o ajudei em troca de cinquenta moedas de prata.

Queria ter voltado para casa mais cedo, mas minha curiosidade falou mais alto, a bússola que Mary comprou para mim girava muito rápido, até parar em uma direção.

Precisava seguir aquela seta. Desculpe mamãe, não posso dar as costas para uma aventura.

.

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Nunca tinha visto uma bússola antes, nunca cheguei sequer a tocar em uma, estava feliz em ter a minha própria mão neste momento.

Segui o caminho que o pequeno objeto me direcionava, estava cada vez mais distante do vilarejo, mas não importa. Só quero saber para onde estou indo. Será que estou prestes a encontrar um tesouro perdido? Ou talvez eu só esteja empolgado demais.

Ainda assim, seria muito legal encontrar um baú cheio de ouro e jóias valiosas. Eu com certeza as usaria para ajudar todos os meus amigos, minha família e o vilarejo.

Talvez eu tenha andado mais do que deveria. Enquanto seguia a seta, notei uma casa parada no meio do nada em uma pequena montanha. Eu sei que não deveria, mas vou arriscar.

Bati na porta, a fim de saber se havia alguém em casa.

- Olá? Estás em casa? – Esperei pela resposta, mas não obtive nada em troca de minha pergunta. – Parece que não....desculpe, desconhecido, minha bússola quer que eu entre.

Para a minha surpresa a porta já estava aberta. Pelo visto não será tão difícil quanto achei que seria.

- Eh? Por que está apontando para um baú sujo?

Provavelmente esse homem é tão pobre que nem conseguiu uma casa no vilarejo. – Não que eu seja rico, mas essa pessoas parece estar mais miserável que eu. –

Abri o baú, estava cheio de papéis enrolados, outros soltos e BEM amassados. Haviam pequenos objetos. Meus olhos exploravam cada canto da caixa, até parar em um cordão, o símbolo era idêntico ao de minha bússola.

E novamente, a curiosidade falou mais alto, o peguei em minhas mão, queria olhar mais de perto. Bem, não estou roubando então não é errado.

Claro, talvez seja de muito mau caráter entrar na casa de uma pessoa sem a permissão dela.

Porém, a culpa não é minha que a porta estava aberta, e não é minha culpa que a seta apontou para esta casa.

Não está pensando em roubar isso, está? – Congelei ao ouvir uma voz masculina. Era uma voz áspera e grossa, falava comigo após entrar na casa. –

- ...N-não. – Falei ao me virar devagar para encará-lo.

- É mesmo? O que faz aqui, garoto?

- D-desculpe senhor. – Está bem, acho que me dei mau em inúmeras formas diferentes. Minha mão vai me matar. – É-é que...minha bússola apontou para sua casa, e eu segui.

- Sua bússola? Deixe-me ver.

- C-claro. – Eu estaria mentindo se dissesse que não estava morrendo de medo. Aquele homem parecia um monstro e era extremamente alto.

- Humm. Pegou o cordão por isso?

- ....S-sim. Perdão senhor, eu estava curioso.

- Onde conseguiu essa bússola, garoto?

- E-eu ganhei. Minha amiga me deu de presente, é...é meu aniversário.

- Oh? Então não veio roubar?

- Não. – Nem tem nada de valor nessa casa para alguém querer roubar. Você é mais pobre que eu, é mais fácil você me roubar do que eu fazer isso contigo. – Não sou ladrão, senhor. Só vim até aqui por curiosidade, Nada a mais.

- Entendo. Então você não é um ratinho imundo que rouba dos outros.

- Com todo respeito, senhor. Você parece muito mais pobre que eu, e eu sou muito, MUITO pobre. Não tem nada na sua casa que valha a pena roubar.

- Ah sim. Você está certo. Então é seu aniversário? Parabéns garoto. Como se chama?

- Thomas. Thomas Ékils. – Como é possível perder o medo em uma velocidade como essa? Sou mais estranho do que pensei que fosse.

- É....

- Aceita um chá?

- Eh?

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Acho que o julguei mal. Apesar de ter uma aparência de dar medo e uma voz de demônio, ele é um cara legal e faz um ótimo chá. Estou gostando de conversar com ele, é um homem gentil.

- Então você gosta de ler? – Perguntou. –

- Sim! Amo buscar conhecimento. Quero ser um homem rico no futuro, sabe? Para alcançar esse objetivo preciso ser inteligente, ter honra para conquistar a glória.

- Você é sábio para alguém da sua idade, garoto.

- Obrigado. Aliás, o chá está ótimo.

- Sinto-me satisfeito em saber, que seja do seu gosto.

Que cara simpático. Ele me parece familiar, talvez eu tenha visto ele em algum lugar pelo vilarejo. Não me lembro.

- Você falou que era seu aniversário, estou correto?

- Sim. Está correto.

- Nos conhecemos hoje e já tenho a certeza que você será grande, Thomas. Você tem capacidade para mais do que imagina. Feliz aniversário, leve isto contigo quando voltar para casa. – Falou ao me entregar o cordão. –

- ....Obrigado. – Sorri para tal ato. Estava tranquilo ao conversar com ele, até eu olhar para a janela e ver que o sol já estava se pondo, eu precisava ir. - Eh?! Desculpe, senhor, eu preciso ir!

- Certo. Divirta-se na sua festa, garoto.

- Obrigado.

Retirei-me do local na correria, o mais rápido que consegui, quanto mais rápido melhor. Meus pais devem estar preocupados comigo. Mesmo que eu esteja encrencado com esta situação, não me arrependo do que fiz. E ainda ganhei um presente, aquela pessoa é muito gentil.

.

- MAMA! CHEGUEI!

- Não grite, querido. Onde você estava? Mamãe estava preocupada.

- Eu estava....com o senhor Roberto. Ele fez um bolo para mim, então fiquei lá para agradecer e conversar com ele. – Claro que é mentira. Como vou explicar para minha mãe que eu invadi uma casa, bebi o chá que um homem desconhecido fez para mim e ainda ganhei um presente dele?! –

- Oh, entendo. O velho Roberto é de fato um homem muito gentil, agradeceu ele?

- Sim, mamãe. Eu agradeci. —Ah, se ela soubesse que eu estava na casa de um desconhecido suspeito...eu estaria morto. —

- Vá se arrumar, Thomas. Sua festa será daqui a uma hora. – Disse meu pai ao se aproximar. –

- Está bem. Estarei pronto em alguns minutos.

.

Tomei um banho bem rápido. A água era gelada, então nunca ficava debaixo do cano por pouco tempo. Na realidade, eu amo a água.

Sinto uma conexão com esse elemento maravilhoso, é o tesouro mais precioso do mundo. Sem água não existe vida.

- Estou pronto. – Falei enquanto olhava-me no espelho. Até que estou bem arrumado para um simples plebeu.

- Está lindo, meu amor. – Disse minha mãe ao beijar minha bochecha. –

- Obrigado mamãe.

- Hoje é um dia especial, meu filho. Feliz aniversário.

- Obrigado pai.

Fico feliz que eles estejam felizes por mim. Estou profundamente grato, é bom saber que se importam comigo para gastarem tanto dinheiro apenas para fazer uma festa para mim.

Talvez a vida não seja tão cruel afinal.

.

.

Eu me diverti conversando e brincando com meus pais enquanto caminhávamos até a praia.

Confio neles, mas não me atreveria a falar sobre o cordão. É algo que prefiro guardar apenas para mim. Você entende, não é caro leitor? Não estou afim de explicar como consegui algo de valor tão alto e muito menos que invadi uma casa.

Esse será meu segredo. Obscuro? Talvez, mas não importa. Não é como se eles fossem saber disso. E o dono daquela casa me recebeu muito bem, então tecnicamente não foi um ato TÃO ruim quanto parece.

- Aqui estamos.

- Aproveite sua festa. Sua mãe e eu fizemos isso para você.

- Certo. Muito obrigado.

- Thomas, feliz aniversário!

- Obrigado Eida. – Eida também é um amigo muito querido para mim. Nossas mãe são amigas de infância, então o conheço desde bebê. –

- Ei, eu trouxe um presente para ti. Venha cá. — O segui até as árvores, afastado do restante. —

- E o que seria?

- Onde conseguiu isso?! – Perguntei incrédulo ao ver meu amigo retirar uma adaga de ferro, era brilhante, o cabo rodeado de joias e uma esmeralda ao meio as adaga. –

- Não faça perguntas, aceite o presente. Você vai precisar. – Falou seriamente. –

Ele não está errado, é um presente muito bonito se me permite dizer. Mas isso deve ter custado muito dinheiro. Apenas os nobres possuem acesso a algo tão lindo assim.

Peguei a adaga de suas mãos, colocando-a em meu bolso por dentro do meu casaco. É maravilhosa, devo guardá-la com cuidado. Qualquer um roubaria de mim.

- Obrigado.

- Por nada.

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