NARRADO POR FERA
Vi ela antes da bala cantar.
Sozinha, dentro do carro, cercada por cinco otários que não sabiam atirar direito, mas sabiam o que queriam: matar.
A mulher se movimentava com fome, não com medo.
Mas tava encurralada.
Fiquei ali, na moto, com a Glock firme no colo.
Pensei em virar as costas. Não era problema meu. Não conhecia. Não devia nada. Mas…
tava prestes a acontecer uma covardia.
Um dos moleques se esgueirou pela lateral, dedo no gatilho, mirando a nuca dela.
Errei não.
Estourei a testa dele.
A cabeça explodiu como melancia podre.
Ela virou.
Olhou pra mim.
E eu vi.
A porra do olhar.
Raiva, força, sobrevivência e… gratidão?
Talvez. Mas se fosse gratidão, era daquelas que morde depois de agradecer.
Mais três vieram.
Matei os três. Um no queixo. Outro no peito. Um correndo.
Quando ela se virou de novo, eu já tinha sumido.
Voltei pro meu barraco.
Joguei a moto na garagem.
Subi direto pro quarto.
Soltei a Glock na mesinha de cabeceira como quem solta o pau depois de trepar.
Peguei um baseado, encostei na parede e fumei com gosto.
Aquela mulher... quem é ela?
Policial? Miliciana? Pistoleira?
Sei lá. Mas ela atira como eu. Move como eu. Respira morte como eu.
Não devia ter me metido.
Mas odeio covarde. E ninguém morre pelas costas na minha frente sem que eu decida.
Dei a última tragada.
E pensei:
— Cuidado, Fera... mulher assim não é aventura. É sentença.
Apaguei o baseado e dormi. Pesado.
Mas sonhei com ela. Com os olhos. Com o sangue nos dedos dela. E com a bala que eu atirei por impulso.
---
DIA SEGUINTE
Acordei com a cabeça explodindo. Ressaca, raiva e fumaça.
Banho gelado, café amargo, cigarro antes do sol nascer.
Vesti minha roupa preta, camisa justa no tórax, bermuda camuflada, corrente no pescoço com o pingente que era do meu irmão — morto aos 17 pela mesma polícia que agora quer invadir meu morro.
Desci pra boca.
Entrei na sala e me joguei na cadeira, soltando fumaça no teto.
Juninho entrou SEM bater.
— Caralho, não aprendeu ainda não?
— Perdão, chefe...
— Vai tomar no cu com esse “perdão”!
Onde enfiou a mão, desgraça? No rabo?
Sai, volta e BATE NESSA PORRA DE PORTA!
Ele obedeceu.
Voltou. Bateu.
— Agora fala, caralho.
— Tem morador devendo o aluguel da casa 5. Dois meses, chefe. Já cobramos, já avisamos, e nada. O cara disse que era amigo do seu pai.
— Do meu pai?
Eu caguei pro meu pai, porra! A amizade dele morreu com ele — e foi enterrada com a dívida!
Levantei. Peguei a Glock.
— Vamo lá ver essa porra de amizade.
---
CASA 5
Cheguei chutando a porta.
O coroa caiu do sofá com a mão no peito.
— Fera… me perdoa, filho. Eu ia te procurar. Só preciso de mais um tempo. Eu prometo! Juro pela memória do seu pai, ele me chamava de irmão...
— Olha aqui, velho…
Eu não sou irmão de ninguém.
E meu pai era um bosta.
Ele perdoava dívida porque era frouxo.
Eu? Eu mato.
— Por favor, Fera! Só mais uns dias! Eu posso conseguir, eu juro!
— Promete pra tua alma, então.
PÁ.
Tiro no crânio.
PÁ.
Tiro no coração.
Caiu como saco de osso molhado.
— Juninho!
— Leva esse verme e joga no matagal. Que os urubus terminem o serviço.
Da próxima vez que um miserável atrasar, você faz isso sem me chamar, porra. Entendeu?
— Entendi, chefe.
---
Voltei pra sala. Acendi outro cigarro.
O telefone tocou.
Ligação ON
— A polícia tá preparando operação no seu morro. Amanhã. A CORE tá no meio. E tão vindo pra matar.
— Então que subam.
Eu tô pronto pra derrubar um por um.
Policial, miliciano, delegado ou capitão.
Quem subir armado... desce em pedaço.
Desliguei.
Soltei a fumaça.
E no fundo da mente, aquela mulher voltou.
Quem é você?
E por que caralhos ainda tá no meu pensamento?
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Atualizado até capítulo 73
Comments
Madeline
uma hora eles vão querer se comer no tapa outra hr eles vão fude muito e muito kkkk kkkkkkkkk
2025-06-25
1
Andrea Santana
A val deixa de ser pirangueira e libere mais capítulos por favorzinho ❤️ ❤️ ❤️ ❤️ ❤️ ❤️
2025-06-21
1
jeovana❤
𝙖𝙣𝙨𝙞𝙤𝙨𝙖 𝙥𝙧𝙖 𝙤 𝙚𝙣𝙘𝙤𝙣𝙩𝙧𝙤 𝙙𝙚𝙨𝙨𝙚𝙨 2
2025-06-21
1